Gustavo MaiaO Globo
Antes de tomar posse como presidente da República, Jair Bolsonaro ouviu um conselho do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli: o escolhido para comandar a Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil deveria ser alguém de sua estrita confiança. O ministro explicou que a função, exercida por ele próprio no governo Luiz Inácio Lula da Silva, exigiria encontros praticamente diários, além da responsabilidade de verificar a legalidade de todos os seus atos.
Advogado e major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), Jorge Antonio de Oliveira Francisco, 44 anos, era o chefe de gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que dividia salas com o pai na Câmara dos Deputados.
PAI E FILHO – Meses antes, em abril, Jorge perdera o pai, o capitão do Exército Jorge Francisco, vítima de um infarto aos 69 anos. Bolsonaro, por sua vez, lamentou a morte do próprio chefe de gabinete e “amigo leal”, com quem trabalhou por 20 anos. Pré-candidato à Presidência na ocasião, ele chegou a cancelar a agenda.
A escolha pareceu óbvia e Jorge Oliveira recebeu a incumbência de gerir a Subchefia para Assuntos Jurídicos, sob o comando do ministro Onyx Lorenzoni. O cargo, por si só, é um dos mais importantes do Palácio do Planalto. Além de Toffoli, já foi ocupado por outro atual integrante do STF, Gilmar Mendes, no governo Fernando Henrique Cardoso.
Mas quando o major ganhou, no mês passado, uma sala no terceiro andar do prédio, o mesmo do gabinete presidencial, a mudança foi vista internamente como um sinal inédito de prestígio para a função. E da proximidade dele com Bolsonaro, que costuma lhe fazer elogios públicos. Antes, ele despachava em um anexo do palácio.
OUTRO DEGRAU – Menos de seis meses após o início do governo Bolsonaro, Oliveira subiu outro degrau e se tornou ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência nesta sexta-feira. Substituiu Floriano Peixoto, o general que perdeu o cargo ganhando de Bolsonaro a “missão” de presidir os Correios.
Acumulando o trabalho na Subchefia para Assuntos Jurídicos “no primeiro momento”, Jorge confirmou ao Globo que vai continuar despachando de sua sala no terceiro andar, que tem vista para a Praça dos Três Poderes e para o Supremo. Os outros três ministros que trabalham no Planalto – Onyx Lorenzoni, Augusto Heleno e Eduardo Ramos, que toma posse em julho na Secretaria do Governo – ficam no quarto andar.
O nome de Oliveira foi oficializado no cargo dois dias depois que o governo editou uma Medida Provisória (MP) que transferiu a SAJ da Casa Civil justamente para a Secretaria-Geral, fortalecendo a pasta.
DISPUTA DA PGR – A relevância crescente de Jorge se evidenciou também na disputa pelo comando da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Dois dos candidatos ao posto, os subprocuradores Mário Bonsaglia, mais votado na eleição da lista tríplice feita com integrantes do Ministério Público, e Augusto Aras, que tenta ser indicado por fora da lista, já foram ao Planalto para conversar com ele, cuja opinião é considerada determinante para a indicação de Bolsonaro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o Barão de Itararé, há algo no ar, além dos aviões de carreira. Estaria Bolsonaro esvaziando Onyx Lorenzoni? O que pretende Bolsonaro com essa inusitada estratégia. Está tudo muito estranho no Planalto, vamos voltar ao assunto, que é importantíssimo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o Barão de Itararé, há algo no ar, além dos aviões de carreira. Estaria Bolsonaro esvaziando Onyx Lorenzoni? O que pretende Bolsonaro com essa inusitada estratégia. Está tudo muito estranho no Planalto, vamos voltar ao assunto, que é importantíssimo. (C.N.)