Denunciado na última semana pelo MPE por agredir ambiente no Pantanal, Charles Alexander Munn é apontado por tráfico de aves e ceva de onças
STEFFANIE SCHMIDT
Da Reportagem
Velho conhecido do meio ambiente brasileiro, o americano Charles Alexander Munn, denunciado semana passada pelo Ministério Público Estadual (MPE) pela prática de crimes ambientais, é um dos nomes citados com freqüência no relatório final da CPI da Biopirataria, elaborado pela Câmara dos Deputados no início de 2006.
Tráfico de aves no Nordeste do país, ceva de onças no Pantanal e, mais recentemente, destruição de vegetação nativa além de propriedade irregular de terras dentro de reserva de proteção ambiental são alguns dos crimes ambientais ligados ao nome do biólogo.
Durante a CPI, Otávio Nolasco de Farias, proprietário da fazenda Serra Branca (BA), celeiro de reprodução da arara-azul-de-lear no Brasil, afirmou que conhecia “Zelito”, o maior traficante dessa espécie de arara e que teria sido ele o responsável por iniciar Charles Munn e seu sócio, Pedro Cerqueira de Lima, ambos dirigentes da Fundação Bio Brasil, no negócio de trafico de aves. A ONG de Munn se auto-define como responsável pela conservação da fauna e flora ameaçada de extinção em vários biomas no Brasil.
A BioBrasil chegou a formar parceria com a fazenda Serra Branca para administrar as terras no entorno do criatório, a fim de proteger as aves dos traficantes.
Entretanto, essa parceria foi desfeita, segundo relato de Otávio Farias, depois de um incidente com duas araras que caíram do ninho e foram encontradas presas em cativeiro, na mesma região. Segundo seu serviço de investigação particular, Farias identificou rastros de dois funcionários da BioBrasil no local onde as duas aves haviam caído.
O próprio administrador da ONG, Pedro Cerqueira de Lima, afirmou, em seu depoimento à CPI, que alguns funcionários da fundação eram ex-traficantes.
O número de aves em criatórios é autorizado e controlado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na tentativa de evitar o tráfico, o que nem sempre é possível.
Interessado nas araras, Charles Munn tentou comprar a área de “As Barreiras”, no entorno da fazenda Serra Branca, mas, segundo Otávio Farias, ele se antecipou e comprou dois terços das terras.
Uma das práticas utilizadas por Munn na época em que a fundação BioBrasil administrava o entorno do criatório era a plantação de roças de milho, a fim de atrair novos animais. A ceva é condenada por ambientalistas em todo mundo, por não ter base científica e prejudicar o hábito natural dos animais.
O biólogo americano é acusado de utilizar o mesmo método para atrair onças no Pantanal Mato-grossense, onde tem propriedade voltada para o turismo.
De acordo com reportagem produzida pelo site O Eco, em outubro do ano passado, restos de animais mortos ou mesmo vivos e amarrados, encontrados na mata, aumentaram depois da presença do empreendimento de Munn na região.
Fonte: diariodecuiaba
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