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quinta-feira, maio 04, 2023

É certo que o Brasil está numa fase sombria, em que qualquer um pode virar ministro…

Publicado em 4 de maio de 2023 por Tribuna da Internet

Charge do Zé Dassilva: os diplomas do ministro da Educação - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Duarte Bertolini

Dois dos mais lendários gaúchos foram Honório Lemes e Flores da Cunha. Um deles, Honório Lemes, era pobre, quase analfabeto, tornou-se general maragato nas lutas entre gaúchos de 1923, 1924 e 1925. Respeitadíssimo como gênio militar, virou objeto de estudo e modelo para muitos mundo afora. Seu grande oponente era Flores da Cunha, rico de berço, culto, grande guerreiro, ótimo administrador, depois político de renome nacional. Muitos o consideram o símbolo real do gaúcho mítico.

Em 1925 Honório Lemes foi finalmente cercado por Flores da Cunha e obrigado a se render. Ficou famoso o diálogo entre eles.

DIÁLOGO DE GENERAIS – Uma bandeira branca foi erguida na posição maragata e, logo depois, surgia saindo do mato a figura de Honório Lemes com uma tranquilidade ímpar, mesmo com o semblante amargo da derrota. E assim, sozinho, se dirigiu a Flores da Cunha e perguntou:

–  General, finalmente a vitória é sua. Como quer que eu o trate, de doutor ou general?

– Me chame apenas de doutor, já que sou formado em Ciências Jurídicas, respondeu Flores.

– Melhor assim, porque nestes tempos qualquer índio rude como eu pode ser general…

Me lembrei desta história quando vi a comitiva governamental que se deslocou a Roraima para tratar do ataque de desconhecidos (garimpeiros?) a índios ianomâmi, que resultaram em quatro mortes.

MUITO SIMBOLISMO – Obviamente que a visita revestia-se do simbolismo do apoio governamental aos indígenas, como obrigação constitucional e também como veículo de propaganda petista.

Por que a lembrança? Ora, antigamente ministro era um posto de relevância ímpar, um reconhecimento à capacidade e projeção histórica de um indivíduo, motivo de orgulho e função revestida de responsabilidade ímpar no trato das coisas públicas e da busca de bem governar.

Então, neste caso, a ministra de assuntos indígenas não deveria, em tese, ser suficiente para cuidar… dos assuntos indígenas? Mas não nestes tempos modernos de teatros, verborragias e encenações patéticas. Foram necessários três ministros, mais uma numerosa comitiva, para esta visita de apoio.

QUALQUER UM… –  Como dizia Honório Lemes, ministro atualmente, com raras exceções, qualquer um pode ser, sem demonstrar um passado que justifique o presente e projete o futuro. São meros figurantes, de limitada capacidade pessoal e institucional.

O que fez na visita e o que faz até agora Marina Silva, além das vexatórias e constrangedoras declarações internacionais? Quais ações seu ministério do Meio Ambiente implantou e qual o planejamento e cronograma para as próximas ações? Ou vamos levando, com uma bobagem declaratória aqui, uma visita suntuosa ali, uma cortina de fumaça acolá e assim vão se passando os tempos e as oportunidades.

E o que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, efetivamente acrescentou no auxílio aos ianomâmis, além do já disponibilizado? Não existem ações de envergadura e alcance mais amplo, a requerer a pronta atenção da ministra e ministério, ao invés de fazer figuração em atos pirotécnicos??

SEM EXPECTATIVAS – Mas o que esperar de um ministério de 37 figurantes? Está mais próximo da comicidade da ópera bufa do que da suntuosidade da ópera tradicional.

A necessidade de se fazer notar em meio a esta multidão ministerial chega a ser cômica, com anúncios disparatados, logo adiante desmentidos por outros ministros sedentos da mesma visibilidade.

Depois achamos estranho quando agricultores desconvidam para a maior feira do setor o… ministro da Agricultura. Logo chegaremos a uma fase em que, ao chamarmos alguém de ministro, seremos ameaçados com processos ou, pelo menos, advertidos: “Me respeite, sou pecuarista, o que você está pensando?”

Afinal, como diria Honório Lemes, “nestes tempos qualquer um pode ser ministro”.

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