Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

quarta-feira, janeiro 04, 2023

Governar com más companhias em coalizões sem ligação programática gera cinismo cívico

Publicado em 3 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet

Charges: Convergência de interesses!

Charge do Genildo (Arquivo Google)

Marcus André Melo
Folha

Votar no candidato perdedor diminui a felicidade das pessoas. Essa é a conclusão do estudo “Presidential Elections, Divided Politics and Happiness in the US”(eleições presidenciais, política dividida e felicidade nos EUA), de 2019, de Sergio Pinto e colegas. O efeito é brutal. Nas eleições presidenciais de 2016, nos EUA, na qual Hillary Clinton foi derrotada, equivalia a ficar desempregado(a).

A felicidade é medida por métricas que capturam o nível subjetivo de satisfação com a vida e por atitudes que lhes são correlatas. A fonte é a pesquisa diária do Gallup com 11 mil eleitores, de 2012 a 2016.

IMPACTO SEMELHANTE – A disputa presidencial americana de 2000 teve impacto semelhante. Devido às denúncias de irregularidades, a vitória de G. W. Bush acabou decidida na Suprema Corte. Para 97% dos eleitores de Al Gore, ele foi o vencedor. Neste grupo, a avaliação da democracia e das instituições piorou, segundo um conhecido estudo.

Seus autores debruçaram-se sobre por que o episódio não levou o grupo a questionar a própria democracia. A expectativa na teoria política é que a insatisfação com o funcionamento de instituições específicas, em determinadas conjunturas, e a aprovação do sistema político como um todo, convergirão em torno desta última.

Concluíram que a alternância no poder e as eleições legislativas foram fundamentais no processo porque geraram situações de governo dividido, nas quais forças rivais ocupam o Executivo e o Legislativo. As eleições de meio de mandato foram válvulas de escape.

E NO BRASIL? – No Brasil, o controle do Legislativo, de governos estaduais e a participação em coalizões de governo são fatores que mitigam a infelicidade política.

Mas a formação de coalizões governativas sem densidade programática gera cinismo cívico, o sentimento que os políticos fazem qualquer coisa para se manter no poder.

Em “Strange Bedfellows: Coalition Make-up and Perceptions off Democratic Performance Among Electoral Winners” (Estranhos amantes: composição da coalizão e percepção de desempenho da democracia entre eleitores vitoriosos), os autores utilizam dados de pesquisas realizadas entre 1996-2011 com 18 mil eleitores de 46 países.

IMPACTO DO VOTO – O estudo mostra que a avaliação da democracia é melhor entre os eleitores cujos candidatos venceram as eleições. Afinal, ganhar eleições produz um senso de eficácia política, de que o voto teve impacto.

Mas os parceiros da coalizão também importam porque, se há o que os autores chamam de “ambivalência de coalizão” —ou seja, se os parceiros de coalizão são rejeitados—, a avaliação do governo e do funcionamento da democracia piora.

Governar com más companhias e acordos programáticos cobra um preço.

Em destaque

Justiça Militar envia ao STF o inquérito dos coronéis golpistas

Publicado em 6 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Coronéis pressionaram Freire Gomes a apoiar o golp...

Mais visitadas