Laryssa Borges
Veja
“Responsabilidade não se transmite”. É com uma resposta assim que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se sai quando questionado sobre as acusações de que o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, teve papel direto como mentor do grupo de vândalos que invadiu e depredou o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 8.
Incluído, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, no inquérito sobre a autoria dos atos golpistas, Bolsonaro terá que se explicar à Justiça, em especial ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre o grau de envolvimento e complacência com os manifestantes que atacaram a região central de Brasília.
MINUTA DO DECRETO – A ação mais adiantada e que pode representar dor de cabeça para o ex-presidente foi proposta pelo PDT e dela consta a minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres sobre a decretação de um estado de defesa para não reconhecer o resultado das eleições de outubro.
Advogados e interlocutores do TSE acreditam que o caso possa ser levado a Plenário já a partir de março, funcionando como um termômetro do ânimo da Corte Eleitoral em tornar Bolsonaro inelegível.
VESTINDO A CAMISA – Neste sábado, Flávio Bolsonaro comentou, após participar de um evento do PL, sobre o tortuoso périplo judicial do pai.
“O que tem que existir é uma investigação para ver se esse cara que está vestindo a camisa do Bolsonaro, será que ele é bolsonarista ou é de esquerda? Ainda que fosse apoiador do Bolsonaro, responsabilidade não se transmite. A pessoa vai responder pelos seus atos. Se a pessoa veste uma camisa do Bolsonaro e vai para as ruas fazer besteira, ela tem que ser responsabilizada, e não o Bolsonaro”, disse o senador do PL.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Flávio Bolsonaro, que diz ser advogado, tenta simplificar uma questão que é muito complicada. O Código Penal, em seu artigo 286, descreve o delito de incitação ao crime. Além disso, seu pai cometeu diversos crimes eleitorais por simples ignorância. Por exemplo: fez vários eventos políticos de campanha no Palácio Alvorada, o que a lei não permite. Mas Bolsonaro não estava nem aí, e alegava: “Eu moro aqui…”. Embora se diga popularmente que burrice não tem preço, a ignorância da lei pode ser cobrada na Justiça. (C.N.)