Carlos Newton
Causou faniquitos no Planalto/Alvorada a reportagem de Robson Bonin e Gustavo Maia, da Veja, republicada nesta sexta-feira aqui na Tribuna, sobre o sigilo dos gastos com a posse de Lula. No comentário que fizemos, afirmamos que o sigilo só poderá estar sendo imposto porque as despesas deveriam estar incluindo o show organizado e produzido por dona Janja da Silva, um detalhe que nem constava na matéria da Veja.
A grande surpresa foi a reação do Planalto. Ao invés de enviar explicações à Veja, preferiu fazê-lo através das Organizações Globo, que não escondem seu entusiasmo com o governo Lula e a generosidade das próximas verbas de publicidade, que Bolsonaro tinha reduzido ao mínimo.
MUDANDO O FOCO – Foi então publicada pelo Globo a resposta do Planalto, logo repercutida pela CNN e outros órgãos de comunicação carentes de patrocínio. E o enfoque do assunto foi mudado, passando-se a alegar que a posse de Bolsonaro teria sido mais cara do que a de Lula, mas sem detalhar as despesas do governo anterior, o que dificulta totalmente a comparação de gastos.
Diz o jornal dos irmãos Marinho que “os gastos com a cerimônia deste ano foram informados ao Globo pela Secretaria-Geral da Presidência, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). As despesas ocorreram dentro de um contrato que o governo federal já tem desde o ano passado para a realização de eventos”.
Quer dizer, as informações eram “sigilosas” para a Veja. Não mais que de repente, porém, foram liberadas com exclusividade a Globo, que logo fez a ressalva: “Os dados da posse de Lula correspondem apenas à cerimônia oficial, e não incluem o Festival do Futuro, como foi batizado o conjunto de apresentações de artistas apoiadores. Esses shows não foram pagos com recursos da Presidência”.
PIADA DO ANO – A reportagem do Globo — republicada por outros jornalistas amestrados, como dizia Helio Fernandes — pode concorrer ao troféu Piada do Ano.
“Na posse de Lula, o principal gasto foi com o serviço de sonorização: foram R$ 194,1 mil nessa rubrica. A segunda maior despesa foi com painéis de LED, que foram espalhados pela Esplanada dos Ministérios. Foram alugados 185 painéis, por três dias, ao custo de R$ 142,2 mil”, diz o Planalto, através da “assessoria” do Globo.
Bem, logo de cara, são R$ 336,3 mil aplicados no Festival do Futuro de dona Janja, com R$ 194,1 mil gastos da “sonorização” do espetáculo musical, e mais R$ 142,2 mil no “telão” do palco e nos seis telões menores, espalhados na Esplanada para transmitir o show.
MAIS GASTOS – Além disso, diz o Planalto que “outro gasto com a posse foi de R$ 50,4 mil em pisos e R$ 36,4 mil em “box truss” (estruturas metálicas utilizadas em eventos). Ainda foram alugados geradores, tendas, arranjos de flores e monitores de televisão, entre outros itens”.
Caramba! O Planalto certamente pensa (?) que todos brasileiros são imbecis. Foram R$ 50,4 mil em pisos(para o palco, é claro), e R$ 36,4 em estruturas metálicas (também do palco). E a Presidência nem informa o que foi gasto com geradores de energia, as tendas do show etc.
Como se vê, a quase totalidade dos R$ 628 mil que o governo diz ter gasto na posse foi consumida pelo espetáculo e não pela posse.
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P.S. 1 – Falta informar como foram pagas as passagens e estadias dos cantores, músicos, técnicos etc. Será que foi no cartão corporativo?Isso significa que a “vaquinha” do PT fracassou e boa parte dos demais gastos deve ter sido repassada ao Itamaraty, que foi responsável pela grande recepção noturna, na qual diferentes “chefs de cuisine” assinaram 26 opções do menu e quatro de sobremesas, além de bebida, muita bebida…
P.S. 2 – Quanto aos repórteres do Globo, precisam tomar cuidado para não serem usados como “inocentes úteis” pelo Planalto e pelos irmãos Marinho. (C.N.)