Publicado em 28 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Leonardo Sakamoto
Portal UOL
Uma pessoa estúpida, frágil, hipossuficiente e que vive em um universo paralelo. Essa é a imagem que fica de Jair Bolsonaro para quem lê as declarações dadas pelo líder do seu partido, o PL, Valdemar da Costa Neto, à repórter Jussara Soares, no jornal O Globo, desta sexta-feira (27).
Ao justificar o longo silêncio do ex-presidente diante dos pedidos de autogolpe que vinham de seus seguidores, Costa Neto descreveu Jair como uma criança que precisa ser tutelada. Uma criança que precisa ser preparada para não ficar em choque com uma má notícia. “Isso pode ter sido um erro meu, dos políticos, que não o preparamos para uma possível derrota”, diz.
ACHEI QUE IA MORRER – E descreve um cenário que não é compatível com quem tentou passar, por décadas, a imagem de um homem que bate e arrebenta: “Quando fui lá na segunda-feira [após o segundo turno], ele estava um pó. Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando. Passaram três ou quatro semanas, e vi que ele melhorou. Perguntei o que era, e ele disse que estava comendo, porque ele ficava quatro ou cinco dias sem comer nada”.
Sobre a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, preso por ordem do STF por omissão diante do ataque golpista às sedes dos Três Poderes, no dia 8, Valdemar Costa Neto disse que elas surgiram aos montes após a eleição.
“Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer”, diz.
ALTERADO E LOUCO – O naco da sociedade crítico a Bolsonaro sempre o tachou de “alterado” e “louco”, mas isso ganha outra conotação quando o presidente de seu próprio partido reconhece que é assim que a população o vê.
Mais do que isso, Costa Neto reconhece que Bolsonaro só não deu o golpe porque “não viu maneira de fazer”. Diante disso, Alexandre de Moraes e os demais ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estão analisando ações que podem levar à inelegibilidade do ex-presidente, já devem ter incluído a entrevista nos autos dos processos a esta hora.
Agora, a função que Costa Neto vê para Jair Bolsonaro não é de líder da oposição a Lula, mas de bedel da extrema direita que domina quase metade da bancada do PL.
BANCADA DE DIREITA – “Quero que ele volte, porque ele é muito importante para nós. Por exemplo, para conduzir essa bancada de direita que nós temos aqui. O pessoal é muito extrema direita. Com Bolsonaro aqui, eu estou no céu. Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim”, explica.
E para que não ficassem dúvidas sobre isso, a repórter ainda questionou os planos do PL para o ex-presidente. “Cuidar desse pessoal e viajar, ser convidado para todos os eventos, e começar a pôr a vida em dia”, foi a resposta.
A perspectiva é diferente, contudo, para Michelle Bolsonaro. “Ela tem condições. Ela pode ser candidata até a presidente da República. Ninguém sabe o dia de amanhã”, profetizou Valdemar Costa Neto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Muito interessante a abordagem de Leonardo Sakamoto, enviado à Tribuna por Duarte Bertolini, sempre de olho no lance. Quanto às possibilidades de Michelle chegar à Presidência, na verdade “non eczistem”, diria Padre Quevedo. Pode se eleger deputada ou senadora, no máximo. Numa campanha presidencial, seria triturada por Simone Tebet. (C.N.)