Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado/Arquivo
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)29 de julho de 2022 | 18:30Pesquisa do Datafolha mostra que a avaliação do trabalho de deputados e senadores segue baixa mesmo após a recente aprovação do pacote de bondades eleitorais. A rejeição é de 39%, com apenas 12% de aprovação, um dos piores resultados da atual legislatura, iniciada em 2019.
Em relação à pesquisa anterior, de dezembro, houve uma oscilação positiva, no limite da margem de erro. Naquela época, o índice dos que classificavam o desempenho do Congresso como ruim ou péssimo era 41%; os que diziam ser ótimo ou bom somavam 10%.
A Câmara é comandada atualmente por Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e um dos principais condutores da aprovação das recentes medidas que resultaram em redução do preço dos combustíveis e ampliação do Auxílio Brasil, entre outros pontos.
Com o intuito de turbinar os benefícios em meio à corrida presidencial, os projetos atropelaram leis eleitorais e que tratam das contas públicas, além de prejudicar a arrecadação de estados.
O antecessor de Lira foi Rodrigo Maia (PSDB-RJ), que em 2019 e 2020 adotou uma linha de independência em relação a Bolsonaro.
O Senado é presidido por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também tem uma linha de independência em relação ao governo. Seu antecessor foi Davi Alcolumbre (União-AP), cuja gestão foi próxima a Bolsonaro.
Se olhada mais a longo prazo, a rejeição ao trabalho do Congresso Nacional observou um leve recuo, de 44% em setembro do ano passado para 39% agora. A aprovação ficou praticamente similar. Era 13%, agora é 12%.
Os números do Datafolha mostram que os eleitores que declaram voto em Bolsonaro têm uma visão levemente mais positiva do trabalho do Congresso do que os que dizem optar por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Levando-se em conta só os eleitores de Bolsonaro, a avaliação positiva dos congressistas é de 15%. Entre os que aprovam a gestão do presidente da República, esse número vai a 21%.
No caso dos eleitores de Lula, apenas 11% disseram ser bom ou ótimo o desempenho de deputados e senadores.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foram realizadas 2.556 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 183 municípios.
O Datafolha também perguntou se o entrevistado se lembra em quem ele votou para deputado federal e senador em 2018 e se acompanha o trabalho do parlamentar.
A grande maioria —64% no caso de deputado e 65% no caso de senador— diz não se lembrar em quem votou. Dos que se recordam, pouco mais de um terço dizem não acompanhar o trabalho desse parlamentar.
A atual legislatura começou com uma alta expectativa de parte da população (56% dos entrevistados diziam acreditar em um desempenho ótimo ou bom), em meio à onda antipolítica e de direita que elegeu Bolsonaro.
Na ocasião, os eleitores patrocinaram a maior renovação na Câmara desde pelo menos 1998, reduzindo o rol de reeleitos a menos da metade das 513 cadeiras.
O perfil da Câmara mudou, com elevação da representação de militares e líderes evangélicos. A maioria dos novatos, porém, foi engolida ou aderiu ao que muitos deles chamavam de a ‘velha política’, e submergiram no baixo clero do Congresso, o grupo majoritário de pouca expressão nacional.
Apesar dos números negativos, o atual resultado é melhor do que os picos históricos de rejeição do trabalho do Congresso, em 1993 (56% de rejeição em meio ao ambiente de hiperinflação e escândalo de corrupção) e 2017 (60%, no período em que deputados barraram a destituição do então presidente Michel Temer).
Em toda a série histórica do Datafolha, somente uma vez a avaliação positiva do Congresso esteve numericamente acima da negativa. Foi em dezembro de 2003, primeiro ano da primeira gestão de Lula —24% a 22%, ou seja, em empate técnico dentro da margem de erro.
Ranier Bragon/FolhapressPolítica Livre