O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez movimentos públicos e de bastidores para atrair o União Brasil e o Avante para a coligação de apoio à sua candidatura ao Planalto. Pré-candidato do União Brasil, Luciano Bivar (esq.) tem sinalizado à campanha petista que cogita abrir mão de sua postulação para apoiar Lula no primeiro turno. Aliados do presidente do União Brasil dizem que a campanha dele perdeu tração nas últimas semanas, o que poderia indicar a desistência, embora no PT ainda haja ceticismo sobre o sucesso da costura política.
Com o Avante, Lula fez uma investida pública. O deputado federal e pré-candidato do partido, André Janones (dir.), republicou em sua rede social que concorre à Presidência para "defender a democracia". Lula, então, escreveu como resposta, também no Twitter: "Fico feliz. Essa também é a causa que me motiva na política, estamos juntos nisso. Vamos conversar." A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, conversou com Janones nesta semana para intermediar um diálogo entre os dois.
O PT tem flertado com os dois partidos desde o início do ano, mas ainda não conseguiu atraí-los. Além de ampliar o tempo de TV, Lula quer mostrar que consegue apoio de legendas de centro para a coligação, no esforço de montar uma frente ampla ao redor da candidatura do ex-presidente.
Câmara e ACM
O arranjo no União Brasil com o PT passaria pelo apoio de Lula a uma candidatura de Bivar à reeleição à Câmara dos Deputados por Pernambuco - e possível apoio para que ele concorra à presidência da Casa uma vez eleito.
Também estaria em jogo o apoio do PT à candidatura do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, ao governo da Bahia. Para isso, o partido teria que abrir mão da pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT). Em campanha na Bahia, em julho, Lula havia dito que Rodrigues seria o seu candidato no Estado. É um dos empecilhos para que o PT avance na negociação.
A manutenção da candidatura de Bivar, no entanto, é vista dentro do União Brasil como uma forma de o partido não precisar tomar lado na polarização entre Lula e Bolsonaro em Estados onde isso seria prejudicial. Por isso, há também resistência dentro da legenda.
A movimentação causou apreensão em São Paulo no entorno do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). Tucanos temem que o eventual acordo possa tirar o União Brasil da coligação se o partido tiver na chapa de Fernando Haddad (PT).
Estadão / Dinheiro Rural
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Janones critica Bolsonaro, Ciro e Simone e ‘aceita’ conversar com Lula
O deputado federal André Janones (Avante-MG), candidato a presidente da República, criticou nesta sexta-feira, nas redes sociais, três dos principais concorrentes ao Planalto - Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) - e abriu caminho para ampliar diálogo com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também seu adversário na disputa.
Segundo Janones, Bolsonaro o bloqueou nas redes sociais, Ciro não aceitou um encontro e Simone Tebet "ignorou por completo minha existência". Enquanto isso, de acordo com o candidato do Avante, "aquele que lidera as pesquisas pediu publicamente pra conversar comigo. Humildade e democracia andam lado a lado. Convite aceito. Vamos conversar @lulaoficial".
Em seguida, Lula se manifestou: "Combinado. Política se faz com diálogo e juntando pessoas pelo bem comum. Vou te ligar", respondeu o ex-presidente.
Apesar de garantir que seguirá até o final da disputa presidencial, Janones tem se movimentado para se reaproximar de Lula e do PT, partido ao qual já foi filiado. Do outro lado, a campanha petista tenta trazer o deputado popular nas redes sociais para ter o apoio já no primeiro turno.
Estadão / Dinheiro Rural