Dezenas de prisioneiros ucranianos foram mortos em bombardeio à penitenciária de Olenivka, na região do Donbass. Entre as vítimas estariam membros do Batalhão Azov que lutaram em Mariupol.
Rússia e Ucrânia acusaram-se mutuamente nesta sexta-feira (29/07) pelo bombardeio a uma prisão na região separatista de Donetsk, no Donbass, que deixou dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos mortos, entre eles membros do Batalhão Azov, capturados após meses de batalha em Mariupol.
A Ucrânia diz que a prisão foi alvo da Rússia na tentativa de destruir evidências de tortura e assassinato. Por outro lado, Moscou afirma que a prisão de Olenivka foi atingida por mísseis de precisão ucranianos, em um ataque planejado para culpar a Rússia.
Autoridades da Rússia e separatistas em Donetsk disseram que o ataque matou 53 prisioneiros de guerra ucranianos e feriu outros 75. Segundo eles, a Ucrânia teria usado vários lança-foguetes fornecidos pelos Estados Unidos.
"De acordo com as informações disponíveis, o lado ucraniano disparou sobre a prisão onde estão detidos os membros do Batalhão Azov, usando projéteis americanos do sistema Himars", divulgou o Comitê de Investigação Russo.
O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, descreveu o ataque como uma "provocação sangrenta" destinada a desencorajar os soldados ucranianos a se renderem. Segundo ele, oito guardas prisionais também ficaram feridos no bombardeio.
Kiev fala em crime guerra
Kiev nega as acusações russas e afirma que Moscou é responsável pelo ataque.
"A Rússia cometeu outro crime de guerra aterrorizante ao bombardear uma instalação prisional em Olenivka, na região ocupada, onde deteve prisioneiros de guerra ucranianos", escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter.
Os militares ucranianos negaram quaisquer ataques contra Olenivka, insistindo que não bombardearam áreas civis, apenas alvos militares russos. As autoridades ucranianas acusam as forças russas de bombardear deliberadamente a prisão para acusar a Ucrânia de crimes de guerra e encobrir torturas e execuções.
Sem o acesso de jornalistas ao local, as acusações de ambos os lados não puderam ser verificadas de forma independente.
Denis Pushilin, líder separatista apoiado por Moscou, afirmou que a prisão mantinha 193 reclusos, mas não especificou quantos eram prisioneiros de guerra ucranianos.
Mais de 2,4 mil soldados ucranianos em Mariupol foram feitos prisioneiros após quase três meses de luta pelo porto de Azov. Os combatentes ucranianos se refugiaram no complexo siderúrgico Azovstal, e sua resistência tornou-se símbolo da luta ucraniana contra a invasão russa que começou em 24 de fevereiro.
Ucrânia afirma ter provas
Imagens de vídeo russos não verificadas mostram um emaranhado de beliches destruídos e corpos carbonizados.
Um conselheiro do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que a cena parecia a de um incêndio criminoso, e que um ataque com mísseis teria espalhado os corpos.
O novo procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, afirmou ter aberto uma investigação de crimes de guerra sobre a explosão. Seu gabinete estimou que cerca de 40 pessoas foram mortas no ataque e 130 ficaram feridas.
Um dos fundadores do Batalhão Azov, Andriy Biletskyi pediu "uma reação da ONU e de organizações internacionais", afirmando que alguns soldados da unidade estavam entre os mortos.
A Ucrânia também afirma ter evidências que comprovam a culpa da Rússia, incluindo uma conversa de rádio interceptada entre separatistas apoiados por Moscou, na qual eles falam sobre uma série de explosões deliberadamente projetadas pelos próprios rebeldes.
Outras fontes ucranianas culpam mercenários do grupo Wagner, organização paramilitar de origem russa.
Deutsche Welle