As autoridades chinesas anunciaram a organização de um "exercício militar" este sábado, ao largo da ilha de Pingtan, na província chinesa de Fujian
A China agendou para este sábado um exercício militar com "munição real" no estreito de Taiwan, iniciativa que decorre enquanto aumenta a tensão devido à possível visita a Taipé da líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.
As manobras militares serão, no entanto, limitadas em área e ocorrerão nas imediações da costa chinesa.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.
A China reivindica Taiwan como uma província separatista a ser reunificada pela força, caso seja necessário, e opõe-se a qualquer atividade da ilha enquanto entidade política independente.
As relações entre Taipé e Pequim estão mais tensas desde a eleição da atual chefe de Estado do território, Tsai Ing-wen, em 2016, que considera a ilha um Estado soberano e que não faz parte da China.
Apesar deste diferendo, Taipé e Pequim estão ligados por fortes relações comerciais e de investimento.
No entanto, Pequim é contra qualquer contacto oficial entre Taiwan e outros países.
Autoridades norte-americanas visitam esta ilha com frequência, mas a China considera que uma visita de Pelosi, uma das figuras mais altas do Estado norte-americano, seria uma grande provocação.
O presidente dos EUA e o homólogo chinês mantiveram esta quinta-feira uma longa conversa telefónica, centrada nas tensões sobre Taiwan, que levaram Xi Jinping a avisar Joe Biden para não "brincar com o fogo".
Já hoje, as autoridades chinesas responsáveis pela segurança marítima anunciaram a organização de um "exercício militar" este sábado, ao largo da ilha de Pingtan, na província chinesa de Fujian (leste), localizada em frente a Taiwan.
"Munição real será disparada (...) entre as 8 e as 21 horas (1 e as 14 horas em Portugal) e qualquer entrada [nessas águas] será proibida", referem as autoridades chinesas no comunicado datado de quinta-feira, mas que apenas foi divulgado hoje pelos media chineses.
Pingtan é o território controlado pela República Popular da China mais próximo de Taiwan e a área de manobras de sábado está localizada a cerca de 120 quilómetros da costa de Taiwan.
Nancy Pelosi não é mencionada no comunicado, mas Pequim tem ameaçado com "consequências" há vários dias, caso se concretize a viagem.
A visita da líder do Congresso norte-americano pode ocorrer dentro de poucos dias e o chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA, o general Mark Milley, já referiu que caso seja pedido "apoio militar" fará "o que for necessário para garantir" uma viagem segura a Pelosi.
As relações entre os dois países, China e EUA, começaram a deteriorar-se em 2018, quando o então presidente norte-americano, Donald Trump, iniciou uma guerra comercial com a China que se estendeu depois ao setor da tecnologia e diplomacia.
No último ano, as tensões têm-se intensificado em relação a Taiwan, com a qual os EUA não mantêm relações oficiais, sobretudo porque Washington é o principal fornecedor de armas para a ilha e seria seu maior aliado militar em caso de guerra com o gigante asiático.
Jornal de Notícias (PT)