O Globo
Filho de ex-braço direito de Dilma trabalhou no governo
Antes de atuar como lobista da empresa de carga aérea Master Top Airlines, Israel Guerra, o filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, exerceu cargo público na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ele ocupou função comissionada como gerente técnico no órgão regulador da aviação civil, entre junho de 2006 e agosto de 2007, conforme portarias publicadas no Diário Oficial da União (DOU).
Israel Guerra ingressou na Anac 13 dias depois que seu amigo Vinícius Castro também foi nomeado para cargo de gerente na agência. Castro trabalhou lá entre maio de 2006 e novembro de 2008. Hoje, Vinícius é assessor direto da ministra na Casa Civil, onde tem cargo de confiança DAS-4, lotado na Secretaria-executiva da pasta. Segundo reportagem da "Veja" publicada domingo, Vinícius e Israel são os verdadeiros donos da empresa Capital Assessoria e Consultoria, que intermediou negócios da MTA no governo, que estariam em nome de laranjas.
Israel Guerra e Vinícius Castro foram nomeados para cargos comissionados na Anac na gestão do então presidente do órgão Milton Zuanazzi - indicado pela Casa Civil. O filho não é o único parente da ministra com relações na Anac. Além do filho, um irmão de Erenice Guerra, o advogado Antonio Eudacy Alves Carvalho, também tinha contrato especial com a Infraero em Brasília e Salvador, entre 2003 e 2007.
Ministro: denúncia ultrapassa os Correios
O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, afirmou que as denúncias sobre a existência de lobby no governo ultrapassam a competência dos Correios e da própria pasta, à qual a estatal está vinculada. Por isso, do ponto de vista administrativo, não vê necessidade de substituir o diretor de Operações da empresa, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva — que confirmou a ligação de Israel Guerra com a intermediação de interesses de empresas privadas no governo:
— O que está sendo levantado é outra coisa: a existência de lobby dentro do governo, de relações pessoais. Não atinge os Correios e nem o Ministério.
Ele afirmou que não procedem as denúncias de que o coronel Artur é dono da Master Top Airlines, empresa de carga aérea que tem contrato emergencial com os Correios. Mas disse que aconselhou o diretor a rescindir contrato da Martel Consultoria e Assessoria Aeronáutica — que estava recentemente sob a responsabilidade da sua filha — com a MTA. O que teria ocorrido na semana passada, segundo o ministro:
— O coronel pode pedir afastamento até que se apure os fatos e depois voltar. Mas, esta será uma decisão dele.
Via Net nega contrato com lobbista
A Via Net Express Transportes, citada pela reportagem da revista "Veja" como uma das empresas que contrataram os serviços da Capital Assessoria — escritório de lobby de Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra —, divulgou nota ontem negando todo e qualquer relacionamento com o caso e a veracidade dos documentos apresentados na reportagem. Segundo a nota, a Via Net sequer possuiu contratos com os Correios. "A Via Net Express não conhece o contrato apresentado na reportagem, não assinou esse suposto contrato, não conhece a Capital Assessoria, não conhece seus sócios, nunca manteve qualquer contato e qualquer tipo de relação comercial com a mesma", afirma a nota.
A empresa acrescentou que Fabio Baracat, que aparece na revista como representante da companhia junto à Capital, nunca atuou em nome da Via Net. No sábado, o próprio Baracat havia divulgado uma nota negando relação com a empresa, embora admita que conhece seus proprietários. De acordo com a nota, a empresa não se relaciona com a MTA — que teria sido a beneficiária do negócio entre Baracat e Israel Guerra, que teria gerado uma "comissão" de 6% sobre o contrato de R$ 84 milhões, o que, para a revista, seria propina — nem com nenhuma outra companhia aérea que presta serviços aos Correios.
Governo blinda Dilma; oposição vai ao MP
A oposição decidiu acionar o Ministério Público para investigar o caso de suposto tráfico de influência envolvendo Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra — braço direito da ex-ministra e candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Já o Palácio do Planalto e o PT montaram uma "operação blindagem" em torno de Dilma, tentando separar a campanha da candidata do governo. A estratégia é desvincular Dilma de Erenice. E tentar colar o discurso de que não houve ilícito na conduta da atual ministra da Casa Civil.
O tom foi acertado em troca de telefonemas entre a candidata, a cúpula do PT e integrantes do Planalto desde sábado. Segundo interlocutores do governo, o ministro de Comunicação de Governo, Franklin Martins, foi acionado para a elaboração da nota divulgada no sábado por Erenice, que estava em São Paulo. A ministra, segundo esses interlocutores, estava muito aborrecida com as acusações. O presidente passou o fim de semana em Brasília, sem compromissos, mas foi informado o tempo todo. A própria Erenice apresentou explicações a colegas de governo e disse que seu sigilo e dos familiares estavam à disposição.
Mas a oposição vai insistir que há tráfico de influência envolvendo Erenice e seu filho, e até com responsabilidade de Dilma, que esteve à frente da Casa Civil quando Israel Guerra fez assessoria para empresas interessadas em contratos com o governo. Para Paulo Bornhausen, líder do DEM, o presidente Lula está devendo explicações e deveria, pelo menos, afastar a ministra Erenice Guerra até o final das investigações.
Apesar de seu filho Israel atuar como lobista de uma empresa e ter como sócia a mãe de um assessor da Casa Civil, os petistas dizem que Erenice não cometeu qualquer irregularidade ética ou administrativa. Para o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), a denúncia é vazia, com desmentidos dos envolvidos.
Caso Erenice - Aos cuidados da Comissão de Ética
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República faz reunião ordinária nesta segunda-feira e deve analisar a acusação de tráfico de influência contra Israel Guerra , filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. O presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, disse domingo que está confirmada a reunião desta segunda-feira, prevista no cronograma anual da comissão, mas evitou fazer comentários sobre as denúncias. Segundo ele, a comissão abordará o tema se for provocada.
Normalmente, nas reuniões da comissão, além da pauta previamente agendada, os conselheiros fazem uma análise do noticiário envolvendo autoridades e servidores abrangidos pelo Código de Ética Pública no período entre as reuniões. A denúncia envolvendo o filho da ministra foi publicada pela "Veja" desta semana. A revista acusa Israel Guerra de comandar um esquema de lobby para atrair empresários interessados em contratos com o governo Federal, com o apoio de Erenice. Segundo a revisa, ele cobraria uma taxa de propina de 6%.
Irmã de ministra da Casa Civil contratou sem licitação
Também irmã da ministra Erenice Guerra, a advogada Maria Euriza de Carvalho, que era advogada e consultora da Empresa de Pesquisa Energética, uma empresa pública, contratou no ano passado, sem licitação, o escritório de advocacia Trajano e Silva, que tinha como um dos sócios seu irmão Antonio Eudacy Carvalho.
O trabalho do escritório, que ainda tem como sócio Marcio Silva, o advogado eleitoral do PT e da campanha da Dilma Rousseff, custaria R$ 80 mil à EPE para tentar impedir a participação de uma determinada empresa num leilão do setor de energia.
Marcio Silva explicou ontem que o escritório foi contratado sem licitação porque "a situação era emergencial" e a EPE não tinha estrutura jurídica adequada em Brasília. Além disso, afirmou, o leilão em questão ocorreria no dia seguinte à contratação, 27 de agosto de 2009.
Escândalos marcam debate
A quebra de sigilos de tucanos na Receita e a denúncia de tráfico de influência na Casa Civil marcaram o debate entre os principais candidatos à Presidência, ontem, especialmente nos ataques entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). A petista minimizou o caso que envolve a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra: "Não vou aceitar que se julgue a minha pessoa baseado no que aconteceu com um filho de uma ex-assessora.
No rastro das fraudes em licitações do IME
As investigações sobre um esquema fraudulento em licitações do Instituto Militar de Engenharia (IME) estão se aproximando cada vez mais do andar de cima. Um coronel lotado no centro de ensino de excelência do Exército na época em que ocorreram irregularidades — denunciadas pelo GLOBO em 9 de maio — comprou um imóvel na Urca com o cheque de um suspeito de dirigir algumas das 12 empresas que sempre venciam concorrências de cartas marcadas. Todas pertencem a parentes de militares e ex-militares. A denúncia faz parte de um dossiê anônimo que deu origem a um inquérito.
O coronel em questão é Paulo Roberto Dias Morales, já indiciado. Também foi anunciado o indiciamento do major Washington Luiz de Paula, de seu concunhado, Edson Lousa Filho, e do empresário Marcelo Cavalheiro, que teria assinado o cheque. A venda do apartamento, confirmada pelo Ministério Público Militar, foi registrada em 20 de julho de 2006 no 15 Ofício de Notas. No documento, um decorador transfere o imóvel para a mulher do coronel, Cátia Grossi Morales. O negócio foi fechado por R$ 490 mil. Mas, ao contrário do que normalmente consta nas escrituras de compra e venda, não é informada a forma de pagamento: o ex-proprietário alega ter recebido o dinheiro antecipadamente.
O Estado de S. Paulo
Irmã de ministra deu aval a contrato sem licitação com governo
Consultora jurídica da Empresa de Pesquisa Energética, Maria Euriza Alves Carvalho, irmã da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, autorizou a contratação sem licitação, em setembro de 2009, do escritório Trajano e Silva Advogados. Entre os advogados do escritório está Antônio Alves Carvalho, irmão da ministra. No centro do contrato está a pasta de Minas e Energia, setor que tem influência de Erenice e Dilma Rousseff. Reportagem da revista Veja informa que o escritório é usado por Israel Guerra, filho de Erenice, para fazer lobby com empresários que buscam negócios com o governo.
Debate marcado por troca de acusações
O debate Rede TV!/Folha apresentou o mais forte embate entre os dois principais candidatos à Presidência da República. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trocaram acusações sobre denúncias de corrupção e aparelhamento do Estado durante as duas horas do encontro.
“O meu adversário quer ganhar no tapetão, virar a mesa da democracia. Vou manter o alto nível da eleição e não vou passar para a história como uma caluniadora”, disse a petista.
O tucano respondeu que “as pessoas do Brasil sabem que eu não sou nem caluniador nem evasivo. No seu caso, realmente, não dá para dizer. Dilma bateu no mesmo tom: “Acho que as pessoas não podem ser pretensiosas. Lamento profundamente as tentativas do meu adversário de me desqualificar. Não subestime ninguém, candidato. O senhor não é melhor que ninguém”.
Caderno Especial: Desafios do novo presidente: Democracia à brasileira
No quarto caderno da série, especialistas discutem os rumos da democracia no Brasil: o ciclo de atendimento a necessidades básicas sobrepondo-se à legitimidade ética e à legalidade. O risco de um eleitorado politicamente dependente e de uma imprensa sob controle. O sumiço do "centro" no espectro político brasileiro.
Sobrepreço no Amapá chega a 2.763%
Em um único contrato da Secretaria de Educação do Amapá, a Operação Mãos Limpas detectou superfaturamento de 2.763%. Segundo a Polícia Federal, o presidente da comissão de licitação era também gerente da empresa vencedora. Na sexta, 18 autoridades foram presas.
BCs fecham acordo para blindar bancos
Em reunião na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Suíça, autoridades monetárias de 26 países, mais a União Europeia, fecharam acordo ontem para a criação de normas que visam a fortalecer o sistema financeiro mundial. Batizado de Basileia 3, o acordo prevê medidas que possam enfrentar turbulências de mercado e crises de liquidez das instituições, começando pela elevação de 2% para 7% do capital mínimo exigido dos bancos. A adaptação às novas regras começa em janeiro de 2013.
Israel libera obras em assentamentos
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, ignorou apelo dos EUA e disse que a expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia não será congelada. Palestinos consideram congelamento fundamental para negociações de paz.
Folha de S. Paulo
Acusações de corrupção provocam maior duelo da campanha entre Dilma e Serra
Tendo acusações de corrupção como pano de fundo, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) protagonizaram ontem o maior confronto da campanha eleitoral no debate Folha/RedeTV!, que reuniu os quatro principais candidatos a presidente. Mais segura do que nos debates anteriores, Dilma acusou Serra de ser "caluniador" ao responder à acusação do tucano de que a campanha petista é responsável pela quebra do sigilo fiscal de sua filha -ataque que rendeu um direito de resposta ao candidato do PSDB. Mas a petista tentou se desvincular de sua sucessora na Casa Civil, Erenice Guerra, cujo filho é acusado de cobrar comissão para intermediar negociações de empresas com o governo.
Dilma não respondeu se colocaria sua mão no fogo por Erenice, sua principal assessora na Casa Civil e no Ministério das Minas e Energia. "O que eu quero deixar claro é que eu não concordo, não vou aceitar que se julgue a minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora", disse. Também disse não poder garantir que novos vazamentos não voltarão ocorrer. "É fato que no Brasil já houve grandes vazamentos. Esse não foi o primeiro e queria que fosse o último. Não tenho certeza."
Candidatos "esquecem" suas propostas
Concentrados nas trocas de acusações e insultos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) protagonizaram um debate pobre em termos de propostas de governo. A segurança pública, por exemplo, que sempre figura nas pesquisas de opinião entre os temas que mais preocupam os eleitores, foi ignorada pelos candidatos no debate Folha/RedeTV!.No último bloco, Serra só pronunciou a palavra "segurança", sem expor projetos.
Dilma citou pelo menos 20 números, entre investimentos financeiros e populações beneficiadas. Quase todos, entretanto, referiam-se a programas executados pelo presidente Lula, não a projetos que ela pretende implementar caso seja eleita.
Educação e saúde, outros temas que inquietam os eleitores, foram abordados superficialmente.
Serra evita questionar Dilma sobre sigilo e lobby
O candidato José Serra (PSDB) buscou evitar a imagem de "debatedor de picuinha" ao deixar de abordar, em duas perguntas dirigidas diretamente à adversária Dilma Rousseff (PT), os casos das quebras de sigilos fiscais e do suposto lobby com envolvimento da ex-assessora de Dilma, Erenice Guerra. Serra teve duas oportunidades de questionar Dilma. Na primeira, abordou a relação do governo com o Irã e, na segunda, já no último bloco, perguntou sobre política de saneamento básico.
Segundo a equipe de comunicação do candidato, como os jornalistas abordaram o tema, não valia a pena voltar a eles posteriormente. Segundo os estrategistas tucanos, era necessário mesclar ataques e propostas. As pesquisas em tempo real contratadas pela campanha de Dilma foram no mesmo caminho e mostraram que o tucano passava uma imagem agressiva quando fazia ataques à petista. O melhor momento dela teria sido quando afirmou a Serra que "não é dono da verdade nem melhor que ninguém", no terceiro bloco.
Parentes de Erenice tiveram cargos federais
Desde 2005 na cúpula da Casa Civil, a ministra Erenice Guerra teve quatro parentes em cargos comissionados no governo. A lista inclui o filho, Israel Guerra, apontado como intermediador de contratos entre uma empresa privada e o governo. Antes disso, três irmãos de Erenice, sucessora da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) na Casa Civil, passaram pelo Executivo. Com a proibição no nepotismo pelo Supremo Tribunal Federal em 2008, os quatro parentes da ministra deixaram os cargos de confiança.
Procurada pela Folha por meio da assessoria, Erenice disse que não assinou nenhuma das nomeações. Antes de atuar como "consultor", Israel trabalhou na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de agosto de 2006 ao mesmo mês de 2007. No ano passado, já fora do governo, a consultoria Capital, à qual Israel foi ligado, atuou na Anac para apressar a renovação da concessão de uma empresa -a MTA Linhas Aéreas. Após a renovação, a MTA fechou neste ano contrato de R$ 19,6 milhões com os Correios, sem licitação.
Servidora do Serpro diz que só acessava dados por "amizade"
"Somos gente humilde, não somos bandidos. Não acessamos os arquivos [da Receita] de má-fé, por pagamento nem por qualquer outra atitude que nos desabone. Tudo foi por amizade, favores", disse ontem à Folha Ana Maria Caroto Cano, servidora do Serpro cedida à Receita até a semana passada. Sob efeito de remédios e alegando inapetência, ela se negou a conceder entrevista, mas esclareceu alguns fatos. Disse que na sexta não esteve presa com seu marido, José Carlos Larios. Ambos, afirma, foram conduzidos pela Polícia Civil para "prestar esclarecimentos" sobre 23 declarações que prepararam para justificar os acessos considerados imotivados pela Receita em sua máquina.
Partidos bancam "puxadores" de votos
Na hora de distribuir dinheiro para as campanhas de seus candidatos a deputado, os partidos dão prioridade aos "puxadores" de votos das legendas e aos próprios dirigentes partidários. Ricardo Berzoini (ex-presidente nacional do PT), Valdemar Costa Neto (ex-presidente nacional do PR), Paulo Pereira da Silva (presidente estadual do PDT) e José Luiz Penna (presidente nacional do PV) são exemplos de dirigentes políticos que recebem dinheiro de seus partidos para fazer campanha.
Tiririca (PR), Mara Gabrilli (PSDB) e Protógenes Queiroz (PC do B) fazem parte da lista de potenciais puxadores de votos que são bancados por suas legendas. O "puxador" de votos, no jargão político, é o candidato com potencial para obter uma grande votação e ajudar a eleger outros candidatos do mesmo partido ou coligação.
Horário eleitoral de Dilma na TV esconde referências ao PT
Ancorada na imagem de um presidente cuja popularidade ronda os 80% de aprovação, Dilma Rousseff abriu mão da imagem do PT e do reforço de figurões petistas. Nos 22 programas de TV exibidos até a última quinta-feira, petistas só conseguiram aparições-relâmpago, sendo que a estrela vermelha do partido se limita ao minúsculo pingo no "i" do nome da candidata. As quase quatro horas de propaganda televisiva -haverá mais 16 programas até o dia 30- se concentram na apresentação da candidata, com repetição de dados de sua biografia, em promessas genéricas e na exploração das realizações e da imagem do presidente Lula.
Corrupção é o crime mais combatido por PF, diz estudo
O escândalo da Receita Federal revela o descontrole do Estado sobre os balcões de serviços e mostra como a corrupção está espalhada na franja do sistema, afirma Rogério Arantes, professor de ciência política da USP. Autor do estudo "Corrupção e Instituições Políticas", apresentado no 7º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política, em agosto, Arantes diz que as notícias sobre venda de dados fiscais sigilosos de contribuintes não o surpreendem.
"Estamos habituados a pensar a corrupção no interior da classe política e olhamos pouco para o crime que se apropria do "balcão de serviço", justamente na ponta mais próxima do cidadão. O meu estudo chama a atenção para essa corrupção mais periférica, descentralizada." Arantes analisou 600 operações da Polícia Federal realizadas de 2003 a 2008. Seu trabalho mostra que a prática criminosa mais combatida é a corrupção pública (22,7%). A recente operação Mãos Limpas, que levou à prisão o governador do Amapá e outras 17 pessoas, é um dos frequentes exemplos.
Acusado enriquece com contratos no AP
Um dos pivôs dos suposto esquema de desvios de recursos públicos no Amapá, o empresário Alexandre Gomes de Albuquerque usou ganhos de sua empresa de vigilância -que mantém contratos com diversos órgãos do Estado- para prosperar como empresário, construir um parque aquático, comprar imóveis e carros de luxo. Assim como o governador Pedro Paulo Dias (PP) e o ex-governador Waldez Góes (PDT), ele foi preso pela Polícia Federal na última sexta na Operação Mãos Limpas.
A empresa dele, a Amapá Vip, foi contratada irregularmente pela Secretaria da Educação por R$ 2,6 milhões mensais, segundo o Ministério Público Estadual, que viu superfaturamento. Em troca, disse a Promotoria com base em depoimentos de um servidor, parte desse dinheiro voltava na forma de um "mensalinho" de até R$ 100 mil para o ex-titular da pasta Adauto Bitencourt, ex-coordenador de campanha de Góes e também preso. De acordo com a PF, esses desvios de recursos para Educação foram o "modelo" que os investigados usaram para implantar o suposto esquema em outros órgãos.
Correio Braziliense
Salário até 50% maior
A falta de profissionais qualificados e a recuperação da economia proporcionaram valorização generalizada de salários entre os cargos mais demandados de média e alta gerência no país. Os destaques ficam por conta dos profissionais da área financeira e de contabilidade — que tiveram ganhos de até 50% nos últimos dois anos —, além dos desenvolvedores de novos produtos, segmento incluído no rol de especialidades da engenharia. A maior demanda é por trabalhadores em níveis médios, com mais de cinco anos de experiência que, além de serem difíceis de encontrar, são igualmente difíceis de serem mantidos dentro das empresas, devido às propostas da concorrência.
A pesquisa Guia Salarial, da Robert Half — empresa especializada em recrutamento —, aponta que os profissionais de finanças e contabilidade com inglês fluente foram os que apresentaram maior valorização salarial em relação ao ano passado, especialmente entre os executivos com experiência entre três e nove anos. O salário de um gerente nessa faixa de experiência, no ano passado, variava entre R$ 7 mil e R$ 12 mil nas empresas de portes pequeno e médio. Hoje, chega a até R$ 16 mil. Nas empresas de grande porte, o aumento foi menor, mas também significativo — de um teto de R$ 21 mil, os salários máximos subiram para R$ 23 mil.
A “sinceridade” dos políticos camaleões
Joaquim Roriz já foi fundador do PT de Goiás, na década de 1980. Renan Calheiros, em 1989, braço direito de Fernando Collor de Mello, arquitetava uma forma de derrotar Luiz Inácio Lula da Silva na primeira eleição direta pós-ditadura militar. José Sarney, então presidente da República, chegou a comparecer ao horário eleitoral gratuito para se defender dos ataques que recebeu de Collor, a quem chamava nos bastidores de “desequilibrado”, e do próprio Lula. E, quem tiver curiosidade de buscar mais longe no tempo, descobrirá que, quando Collor foi prefeito de Maceió, Renan, então um deputado estadual do MDB de esquerda, aguerrido e ligado aos comunistas, chamava-o de “príncipe herdeiro da corrupção”.
Quem vê esses personagens nesta campanha eleitoral de 2010 terá a certeza de que o velho ditado “o tempo supera tudo” é regra de ouro na política. Os eleitores, às vezes, ficam confusos ao ver o mesmo Lula que chamou Fernando Collor de Mello de “caçador de maracujás” agradecer o ex-adversário que chegou a expor sua vida íntima no horário eleitoral gratuito de 1989. Hoje, “é Lula apoiando Collor, e Collor apoiando Dilma”, repetem os carros de som pelas ruas do interior e da capital de Alagoas, onde o ex-presidente desfila feliz desde que José Serra o exibiu ao lado de Lula no horário eleitoral gratuito. Os próprios colloridos dizem em conversas reservadas que estavam com dificuldades em convencer o eleitor alagoano de que Lula e Collor estão juntos. Serra deu um empurrãozinho.
As duas Marinas Silva
A mais espiritualizada entre os candidatos à Presidência da República, a três semanas das eleições, já não tem a mesma liberdade para se expressar. Precisou “engolir o amor próprio”, como admitiu a interlocutores, aprendeu bem o que é o poder e sabe mensurar a distância entre a utopia e o exercício da função pública.
É mais conservadora, tem um comportamento recatado e tímido, encontra dificuldades para relacionar fé e política. Quem enxerga Marina Silva (PV) assim, mais de dois meses depois do início oficial da campanha presidencial, é o “pai espiritual” da ex-seringueira nas décadas de 1970 e de 1980, o atual arcebispo de Porto Velho (RO), dom Moacyr Grecchi, 74 anos.
Dilma joga caso para o governo
A acusação contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, de que teria viabilizado negócios do filho na estatal Correios e Telégrafos, contaminou a corrida pelo Palácio do Planalto. José Serra (PSDB) buscou capitalizar a denúncia, Dilma Rousseff (PT) tentou tirar do seu colo o escândalo e Marina Silva (PT) disse que a sucessão de casos de corrupção apequenou o debate político.
Os três mantiveram compromissos em São Paulo. Em visita a uma associação de moradores e de comerciantes de um bairro paulistano, Dilma jogou para o governo a responsabilidade de responder sobre Erenice. “Eu não tenho de provar nada da minha pessoa. Eu não estou sendo acusada de nada. Eu não vou me manifestar sobre esse assunto. É um assunto do governo. Essa é uma questão que não está no âmbito da minha campanha. O governo responderá por ela”, sustentou Dilma.
Confronto ao vivo
Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) partiram para o confronto direto no debate entre os presidenciáveis na Rede TV!, na noite de ontem. Os dois candidatos se confrontaram pela primeira vez depois do escândalo do vazamento dos sigilos fiscais de tucanos e de parentes de Serra. Desde a primeira fala do presidenciável do PSDB, ele deixou clara a disposição para acusar a campanha de Dilma de estar por trás do vazamento dos dados da Receita Federal. O embate, entretanto, só ocorreu no terceiro bloco do debate, após um pedido de resposta solicitado pela petista. Plínio de Arruda Sampaio (Psol) e Marina Silva (PV) foram coadjuvantesFonte: Congressoemfoco