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sábado, dezembro 01, 2007

Dom Cappio está irredutível

Bispo recebe parlamentares mas afirma que mantém greve de fome


Opresidente da Comissão Especial do São Francisco da Assembléia Legislativa, deputado Misael Neto (DEM), visitou ontem o bispo de Barra, dom Luiz Flávio Cappio, que está em greve de fome desde terça-feira em protesto contra o projeto de transposição das águas do Velho Chico, em Sobradinho, a 554km de Salvador. Acompanhado do deputado Roberto Carlos (PDT), Misael ficou impressionado com a determinação do religioso de levar o protesto até as últimas conseqüências.
“Ele está mesmo decidido, e isso nos preocupa. Colocamos a comissão como um instrumento de intermediação entre o bispo e o governo do estado, afinal foi o atual governador, Jaques Wagner (PT), que, quando ministro das Relações Institucionais, negociou com dom Cappio o fim da primeira greve de fome”, disse Misael Neto, representante de Juazeiro no Legislativo baiano, município banhado pelo São Francisco.
O deputado contou que a comissão já solicitou uma audiência com o governador por meio do líderes do governo, o petista Waldenor Pereira, e do PT, Zé das Virgens. Também foi enviado um ofício à Governadoria. “Nosso objetivo não é o de constranger o governador, pois a comissão tem uma posição neutra sobre a questão da transposição. O que queremos é contribuir para solucionar o problema. Não vamos tomar partido de ninguém”, assegurou Misael Neto.
Na conversa com os deputados, o bispo disse que vai manter o jejum até que o projeto de transposição seja definitivamente arquivado pelo governo federal. O projeto é tocado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que também está irredutível. Dom Cappio disse aos deputados que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mentiu quando o religioso encerrou a primeira greve de fome, por intermédio do então ministro Jaques Wagner, em 2005.
“O bispo disse que lhe foi prometido que a transposição não seria levada adiante, não sem uma ampla discussão com a sociedade”, salientou Misael Neto. O presidente da Comissão Especial do São Francisco quer a realização de uma audiência pública na Assembléia para debater o assunto, com a presença do religioso. “Mas isso vai depender do que vai acontecer daqui para lá”, declarou.
Médico - Ontem, quarto dia de greve de fome, o bispo afirmou que “muito mais importante do que a minha pessoa é o problema do rio, o problema do povo”. Durante todo o dia, a movimentação foi intensa, tanto da população local como de pessoas de outras cidades. Ele chegou a ser atendido por um médico que garantiu o bom estado de saúde do religioso.
O clínico geral Edil Santos chegou acompanhado por uma nutricionista e pelo secretário de Saúde de Juazeiro, Armando Soares. Ele examinou o bispo a portas fechadas, mas afirmou que tanto o batimento cardíaco como a pressão estavam normais.
O bispo continuou a comentar a carta encaminhada ontem ao povo do Nordeste. Ele disse que “existe uma propaganda enganosa” porque “esse projeto não tem nenhuma preocupação com os pobres”. Durante a visita do bispo da diocese de Petrolina (PE), dom Paulo, houve uma leitura da carta no gramado ao lado da igreja. Amanhã, o religioso celebra uma missa campal em frente à igreja de São Francisco, ao lado de padres da região.
Fonte: Correio da Bahia

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