BELÉM - O Exército fechou ontem a rodovia BR-158, entre Redenção e Santa Maria das Barreiras, no Sul do Pará, para que as Polícias Militar e Civil pudessem cumprir decisão judicial de desocupação de 21 fazendas invadidas há vários meses por bandos armados financiados por grileiros de terra e ladrões de madeira. Vinte e dois mandados de prisão foram assinados por juízes das varas agrárias da região. Até o final da tarde de ontem, cerca de cem pessoas foram presas.
Armas de vários calibres e munições também foram apreendidas. O alvo da operação, da qual participaram cerca de 300 pessoas, quarenta veículos, dois helicópteros e um motoplanador da Polícia Militar, é o complexo da fazenda Forkilha, em Santa Maria das Barreiras, ocupado por mil pessoas desde setembro passado. Quem passava de carro, motocicleta ou ônibus pela estrada é obrigado a descer para revista.
A área de 15 mil hectares da Forkilha é formada pelas fazendas Ninho das Garças, Sede, Bela Vista, Tatá, Soledade, Bacaba, Mato Dentro e Amoreiras, estas duas últimas passaram a se chamar Fazenda Manain. As propriedades são legalizadas e não há interesse dos órgãos fundiários em desapropriá-las para o programa de reforma agrária do governo federal.
Os fazendeiros da região mandaram no começo deste mês uma carta ao ministro da Justiça, Tarso Genro, denunciando o que chamam de "clima de terrorismo, omissão e impunidade" dos criminosos.
Além de expulsar os donos e funcionários das fazendas do complexo Forkilha, cuja sede virou espécie de quartel-general dos invasores, eles cobram taxas de agricultores e assentados no entorno da área com a falsa justificativa de oferecer segurança.
"São bandidos, não são trabalhadores sem-terra, que criaram suas próprias leis e se aproveitam da ausência de segurança pública na região para intimidar, ameaçar e matar quem atravessa seu caminho", desabafou o fazendeiro Janides Fernandes. Ele disse que as decisões judiciais a favor da desocupação das fazendas não vinham sendo cumpridas pelo governo estadual. "Felizmente, as autoridades paraenses perceberam que esta situação não poderia continuar. Agora, o mais importante é manter os bandidos presos, porque, se soltarem, eles voltarão a atacar", alerta Fernandes.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a operação Paz no Campo é uma demonstração de que o governo paraense "não vai tolerar tentativas de poder paralelo que desrespeitem o Estado de direito, a tranqüilidade democrática e a paz no campo e nas cidades". Por fim, ressalta que sempre "manterá diálogo" com os movimentos sociais organizados e legítimos, desde que resguardadas a autoridade e o estado de direito.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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