Publicado em 26 de maio de 2023 por Tribuna da Internet
Nicola Pamplona
Folha
Alvo de impasse entre as áreas ambiental e energética do governo, a bacia da foz do Amazonas é considerada pelo setor de petróleo parte da solução para renovar as reservas brasileiras com o início do declínio da produção do pré-sal na próxima década.
A nova fronteira almejada pela indústria do petróleo desperta, no entanto, preocupação no Ministério do Meio Ambiente, que defende uma avaliação mais completa dos impactos dessa atividade em um local biodiverso e vulnerável.
PRIMEIROS TESTES – A região já teve 95 poços petrolíferos perfurados, com apenas uma descoberta comercial de gás natural e alto índice de abandono por dificuldades operacionais, que o setor diz serem reflexos da tecnologia ultrapassada quando a região teve seu pico de exploração, nos anos 1970.
Ocupando uma área de cerca de 350 mil km2, equivalente ao estado de Goiás, a bacia se estende entre a baía de Marajó, no Pará, e a fronteira com a Guiana Francesa. Teve seu primeiro poço petrolífero perfurado em 1970, sem a descoberta de petróleo.
Dos 95 poços perfurados na região, 31 foram abandonados por dificuldades operacionais. Na última tentativa, em 2011, por exemplo, a Petrobras suspendeu a perfuração devido a fortes correntezas.
PROBLEMAS LOGÍSTICOS – A única descoberta na bacia foi feita em 1976, mas abandonada por dificuldades logísticas, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). A bacia foi deixada de lado pela Petrobras nos anos 1980, depois da descoberta da bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro.
Apesar dos sucessivos fracassos, a bacia da foz do Amazonas voltou ao radar depois de descobertas gigantes de petróleo na Guiana e no Suriname, o que tornou mais promissora a margem equatorial brasileira —conjunto de cinco bacias sedimentares que se estende por 2.200 km, do Rio Grande do Norte ao Amapá.
Na Guiana, a americana ExxonMobil já aprovou seis plataformas de produção, que atingirão em 2027 a marca de 1,2 milhão de barris por dia, um pouco mais do que o campo de Tupi, o maior produtor de petróleo do Brasil.
POTENCIAL GIGANTESCO – Estudo de 2021 estima que uma das bacias da margem equatorial, a do Pará-Maranhão, tenha reservas de 20 bilhões a 30 bilhões de barris, metade do descoberto até hoje no pré-sal. Um dos autores do estudo, o geólogo Pedro Zalán diz que o potencial da foz do Amazonas é equivalente.
Ao anunciar que recorrerá da decisão do Ibama, a Petrobras diz que a possibilidade de vazamento é remota e que “a estrutura de resposta a emergência proposta pela companhia é a maior do país”. Há 12 embarcações e três helicópteros em apoio à sonda de perfuração.
A empresa entende que atendeu a todas as condicionantes do processo, inclusive com a disposição de embarcações mais rápidas, com uma espécie de UTI móvel, para reduzir de 48 para 24 horas o tempo de resgate de animais.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Se dependesse de dona Marina Silva, a patricinha da selva, não haveria exploração de petróleo no Brasil nem no mundo. Na visão dela, devemos voltar a usar tanga e sair caçando onça na Praça dos Três Poderes. Está pouco se incomodando com o interesse do país. (C.N.)