Alvaro Costa e Silva
Folha
Na semana passada os jornais deram, sem destaque, como coisa corriqueira: a notícia sobre o fim de uma investigação da Polícia Federal na qual se concluiu que o deputado federal André Fernandes (PL-CE) incitou os atos antidemocráticos que resultaram na invasão e destruição das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Uma investigação, diga-se, trivial: bastou conferir as redes sociais do indigitado.
Havia, na continuação da notícia, uma espécie de contextualização, explicando que Fernandes é o autor do requerimento de criação da CPMI do 8/1, que está em funcionamento no Congresso. Donde o deputado só faltou implorar para ser investigado por seus pares. Tiro no pé? Não. Tática. De quem tem a certeza de que não será punido, apelando ao corporativismo e à vitimização.
JÁ FOI SUSPENSO – Ao convocar os extremistas, Fernandes — que ganhou fama com piadas sem graça no YouTube e se elegeu no Ceará com quase 300 mil votos — estava sendo coerente com a trajetória de quem defende “a família, os bons costumes e o cidadão de bem”, sem que isso o impedisse de ter sido suspenso por quebra de decoro e denunciado por nepotismo.
Com a confiança de que tudo vai acabar em pizza, seu negócio é tumultuar e fabricar a narrativa (desculpem o uso da palavra) de que o governo teria facilitado os ataques e existiria petistas infiltrados neles.
O que interessa ao deputado —e à tropa bolsonarista no colegiado— é desviar o foco da investigação de verdade, conduzida pela PF.
EDUARDO, TAMBÉM – O Supremo Tribunal Federal, até agora, botou mais de mil pessoas no banco dos réus. Todos eles “patriotas” de carteirinha.
Escalado para defender o pai, o deputado Eduardo Bolsonaro é outro que pode entrar na lista de investigados da CPMI.
A Agência Pública revelou que o filho 03 abriu no Texas uma empresa em sociedade com o influencer Paulo Generoso, conhecido por compartilhar notícias falsas e incentivar os acampamentos golpistas. Eles nem disfarçam.
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