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quinta-feira, junho 10, 2021

Polícia Federal revela plano de criação no Planalto de um órgão de ‘contrainformação’

Publicado em 10 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Humberto (CBN / PE)

Deu no G1 e Jornal da Globo

Novos documentos do inquérito da Polícia Federal que investiga os responsáveis por atos antidemocráticos realizados no ano passado apontam que membros de um grupo bolsonarista discutiam com o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten a criação de um departamento de “comunicação estratégica e contrainformação” para assessorar o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.

Nesta quarta-feira (10), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo de mais uma parcela de documentos do inquérito.

DISSE JORGE – Em um dos trechos dos documentos, policiais destacam que em 14 de abril de 2019 um homem identificado somente como Jorge escreveu para o então secretário de Comunicação:

“Fabio, aquela ideia de comunicação estratégica e contrainformação. Na minha opinião, você deve criar um departamento para isso. Você já até concordou com a ideia. Vamos implementá-la?”

O ex-secretário responde: “Assim que minimamente estruturada a Secom [Secretaria de Comunicação], vamos implementar”.

DISSSOLVER O STF E O STJ – A PF também encontrou uma troca de mensagens entre o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, e o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury.

Nas mensagens, eles discutem uma proposta para dissolver o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). O empresário sugere “uma saída plebiscitária”. De acordo com os documentos, a ideia foi discutida por advogados e empresários aliados do presidente Jair Bolsonaro.

Uma das alternativas debatidas era a edição de uma medida provisória para garantir ao Executivo exclusividade para submeter temas a um referendo popular.

INCONSTITUCIONAL – Propor a dissolução do STF, mesmo que por plebiscito, é inconstitucional. Fakhoury reconhece dificuldades para a cassação dos ministros e fala na necessidade de apoio popular e das Forças Armadas.

A investigação também indica que verbas do governo federal podem ter abastecido sites bolsonaristas responsáveis por desinformação, propagação de discurso de ódio e mensagens contra a estabilidade democrática.

Por isso, a Polícia Federal afirma que é preciso aprofundar as investigações sobre o direcionamento de recursos da Secretaria de Comunicação Social do governo federal para financiar essas páginas. O avanço das investigações, segundo a PF, permitiria avaliar se há conexão de autoridades com a atuação desses sites para atuar contra a democracia.

FAVORECIMENTOS – Os investigadores apuraram se o governo criou filtros ou bloqueios que evitassem que a propaganda do governo fosse veiculada e monetizasse canais que difundem ideias contrárias ao estado democrático de direito, permitindo com tal prática que ocorresse o repasse de recursos públicos.

 

A Polícia Federal queria saber se o repasse se deu por culpa ou por dolo, com a ação ou omissão deliberada de permitir a divulgação da publicidade do governo e a consequente monetização ao conteúdo propagado.

A PF chegou a apontar a suspeita de vínculo entre o blogueiro Allan dos Santos, um dos alvos do inquérito, e o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Weingarten, com os fatos investigados sobre direcionamento de recursos públicos e patrocínio das páginas bolsonaristas para a divulgação de ideias antidemocráticas.

ARQUIVAMENTO – Cinco meses depois de ter recebido o material, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu o arquivamento do inquérito para os investigados com foro privilegiado, sem que tivessem sido realizadas diligências pela procuradoria para aprofundar as investigações.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo, já determinou que a PGR preste esclarecimentos sobre esse pedido par arquivar parte do inquérito.

O relator não estipulou prazo, mas disse à TV Globo que espera a resposta no máximo até o início da semana que vem.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Nada de novo no front ocidental, diria o escritor alemão Erich Maria Remarque. Tudo isso é sabido. O Jorge que aparece na reportagem chama-se Jorge Oliveira, é aquele major da PM que se formou em Direito, diz ser “jurista” e acabou nomeado ministro do TCU. E o tal do “órgão de contra-informação” realmente existe e hoje é chamado de “gabinete do ódio”. Apenas isso. (C.N.)

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