Publicado em 28 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Luiz Felipe Barbiéri
G1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (28) que não tem “como saber o que acontece nos ministérios”, ao comentar com apoiadores o caso da compra da vacina Covaxin. As irregularidades na aquisição de doses da vacina indiana Covaxinra pelo governo federal se tornou o principal tema da CPI da Covid nos últimos dias.
Em depoimento à comissão, o servidor Luis Ricardo Miranda, ex-chefe do setor de importação do Ministério da Saúde disse que identificou suspeitas de irregularidades na compra. Ele e o irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), disseram que alertaram o presidente Jair Bolsonaro, em reunião no dia 20 de março, sobre as suspeitas.
CONFIANÇA NOS MINISTROS – Nesta segunda, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a apoiadores que tem “confiança s ministros” e não sabe de tudo o que acontece nas pastas.
“Eu recebo todo mundo. Ele que apresentou, eu nem sabia da questão, de como tava a Covaxin, porque são 22 ministérios. Só o ministério do Rogério Marinho [Desenvolvimento Regional], tem mais de 20 mil obras”, declarou.
“Então, eu não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado”, completou Bolsonaro.
CRIME DE PREVARICAÇÃO – À CPI, o deputado Luis Miranda contou ainda que, quando fez a denúncia de suspeitas sobre o contrato ao presidente, Bolsonaro reagiu dizendo: “Isso é coisa de fulano”, em referência a um parlamentar. Ele diz: ‘isso é coisa do fulano. [Palavrão], mais uma vez’. E dá um tapa na mesa”, relatou o parlamentar.
Miranda resistiu a apresentar o nome do parlamentar citado por Bolsonaro, mas, ao final de seu depoimento, afirmou que o era o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Senadores da CPI decidiram recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para apresentar uma notícia-crime contra o Bolsonaro.
PREVARICAÇÃO – Os parlamentares alegam que Bolsonaro cometeu prevaricação. Nesse caso, a prevaricação se configuraria, segundo os senadores, pela omissão de Bolsonaro ao não comunicar uma suspeita de irregularidade.
Luis Ricardo Miranda, ex-chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, disse que se recusou a assinar um documento (espécie de nota fiscal internacional) da compra da Covaxin, porque, segundo ele, havia suspeitas de irregularidades.
Entre os pontos suspeitos apresentados pro Luis Ricardo estão: 1) preço acima do contratado; 2) números de doses menor que o contratado; 3) documento em nome da empresa Madison, com sede em Cingapura. A fabricante da Covaxin, que consta no contrato, é a Barath Biotech.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Se o presidente não tem como saber o que fazem seus ministros, deveria renunciar, porque é pago justamente para fazê-lo. (C.N.)