Publicado em 25 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Ingrid Soares
Correio Braziliense
O presidente Jair Bolsonaro preferiu não estender comentários sobre a exoneração do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles na tarde desta quarta-feira (23/06). O chefe de governo foi questionado por um apoiador na entrada do Palácio da Alvorada, mas rebateu: “Não tem declaração. Ele pediu para sair. Ele pediu para sair, então ele que tem que falar por quê”.
Perguntado sobre como foi o dia, Bolsonaro respondeu: “Nem sei. Às vezes é apagando incêndio”. A saída de Salles foi publicada em um edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Segundo o documento, a demissão foi a pedido próprio. Quem assume seu lugar no comando da pasta é Joaquim Álvaro Pereira Leite.
SALLES SE DEFENDE – Em coletiva no Palácio do Planalto, o ministro pontuou que, apesar de ter o trabalho contestado nos dois anos e meio que esteve no governo, jamais feriu os princípios constitucionais. “(É) Uma tentativa de dar a essas medidas um caráter de desrespeito à legislação, de desrespeito à Constituição, o que não é absolutamente verdade”, ressaltou Ricardo Salles, ao se referir às críticas.
O ex-ministro justificou que a proteção ao setor produtivo e à propriedade privada têm sido “vilipendiadas” ao longo de muitos anos no país. E afirmou que a agenda nacional precisa ter uma união forte de interesses, anseios e esforços.
Na terça-feira (22), Bolsonaro tinha parabenizado o então ministro publicamente pelo serviço que ele vinha prestando frente à pasta e, indiretamente, lamentou decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou que o então ministro fosse investigado. O mandatário chegou a sinalizar ainda que, às vezes, a herança de se comandar um ministério é uma “penca de processos”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Bolsonaro teve de demitir Salles, porque a situação estava se complicando e a pressão dos generais do Planalto era enorme e uníssona. O argumento final e definitivo foi de que as Forças Armadas estão contra Salles, e Bolsonaro não quer o menor atrito com os militares, muito pelo contrário. Então, o presidente sugeriu que o ministro se exonerasse, para não pegar mal, porque ele agora perde o foro especial no Supremo. Foi tudo combinado, porque no mesmo ato Bolsonaro nomeou logo o substituto, que é uma cópia de Salles, conforme já relatamos aqui na TI. Em tradução simultânea, ruralistas, madeireiros e garimpeiros continuam no poder. (C.N.)