Publicado em 28 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Bruna Lima (Correio Braziliense)
Após ser denunciado como provável responsável pelo suposto esquema ilícito envolvendo as negociações da vacina indiana Covaxin, o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), teve o nome incluído no rol de requerimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou, nesta segunda-feira (28/6), pedido de convocação do parlamentar.
O objetivo da convocação, como justifica Vieira, é obter mais informações sobre as denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que “declinou o nome do senhor Ricardo Barros, na condição de participante mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”.
PRESSÕES ANORMAIS – Segundo depoimento de Miranda, na última sexta-feira (25/6), Barros teria sido o articulador por trás do contrato com a Covaxin. O irmão do parlamentar e servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, relatou ao Ministério Público Federal (MPF) ter sofrido “pressões anormais” para assinar a licença de importação, mesmo com elementos que sugeriam ilicitudes, como pagamento adiantado a uma empresa que não estava no rol do contrato.
“Com essa pressão e a forma com que a gente recebeu os documentos, toda a equipe do setor não se sentiu confortável com essa pressão e com a falta de documento. E aí, como os meus dois superiores internos no ministério estavam pressionando, eu acionei, conversei com meu irmão, que aí passou ao presidente”, relatou o servidor à CPI.
DISSE BOLSONARO – Na conversa com o presidente Jair Bolsonaro, o deputado Miranda diz ter relatado os indícios de corrupção, tendo o mandatário apontado o nome de Barros como o responsável pelo “rolo” da vacina. Segundo Miranda, o mandatário teria dito: “Você sabe que ali é foda e tal. Se eu mexo nisso aí, você já viu a m* que vai dar, não é?”, narrou o deputado, na CPI, acrescentando que Bolsonaro chegou a mencionar Barros e questioná-lo se ele sabia que era o líder do governo o envolvido.
No entanto, Miranda se referia a Barros como “fulano” durante toda a sessão, só revelando o nome do deputado no fim do dia, após muita pressão dos senadores. Lamentou, ainda, o fato de Bolsonaro ter prometido levar o caso à Polícia Federal, mas não ter se movimentado para isso. “Que presidente é esse que tem medo da pressão de alguém que está fazendo algo errado, que desvia dinheiro público das pessoas que morreram com a p* dessa covid”, desabafou.
BARROS NEGA TUDO – Pelas redes sociais, logo após ter tido o nome mencionado, na sexta, Barros afirmou: Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso”.
Já há consenso do G7, grupo de sete senadores independentes ou de oposição ao governo na CPI, sobre a aprovação do requerimento, que deve ser votado nesta quarta-feira (30).
Barros promete não faltar com a presença. “Reafirmo minha disposição de prestar os esclarecimentos à CPI da Covid e demonstrar que não há qualquer envolvimento meu no contrato de aquisição da Covaxin”, escreveu o deputado, no domingo (27).
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Até o dia do depoimento, que deve ser sexta-feira ou na semana que vem, a CPI já terá mais informações sobre as pressões de Barros para o Ministério da Saúde comprar outras duas vacinas – a russa Sputnik V e a chinesa Convidecia. Será um depoimento sensacional, tipo “Bomba! Bomba!”, como dizia Ibrahim Sued. (C.N.)