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segunda-feira, junho 28, 2021

CPI vai apurar também a pressão de Ricardo Barros na compra de vacinas russa e chinesa

Publicado em 28 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Ricardo Barros

Barros, líder do governo, mostra ser um corrupto insaciável

Daniel Weterman e Fabrício de Castro
Estadão

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid quer investigar a ligação do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), com a compra de outras vacinas pelo Ministério da Saúde, além da Covaxin. Nos três casos, o quadro é parecido: vacinas mais caras compradas de laboratórios internacionais por meio de intermediários no Brasil, com elos com o líder do governo.

A nova linha de apuração é discutida após os depoimentos do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do servidor Luis Ricardo Miranda, irmão do parlamentar, na última sexta-feira, 25. Luis Miranda disse ter ouvido do presidente Jair Bolsonaro o nome de Ricardo Barros quando o alertou sobre um suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin. Barros nega irregularidades.

PRORROGAÇÃO – Diante dos indícios, os senadores querem a prorrogação do prazo de funcionamento da comissão, que inicialmente termina no dia 27 de julho. Para parlamentares ouvidos pelo Broadcast/Estadão, os últimos movimentos da CPI fecham ainda mais o cerco contra o presidente Jair Bolsonaro.

Em depoimento na sexta-feira, 25, Luis Miranda afirmou que Bolsonaro atribuiu a Barros o “rolo” na compra da vacina indiana Covaxin. Agora, outros dois contratos entraram na mira da CPI: o da russa Sputinik V e o da chinesa Convidecia. As suspeitas podem reforçar um pedido de convocação do deputado. A avaliação de senadores é de que o governo priorizou a aquisição de doses mais caras e de laboratórios representados por “atravessadores” no Brasil.

O governo brasileiro se dispôs a comprar 60 milhões de doses, ao preço de US$ 17,00 por dose, da Convidecia, produzida pelo laboratório chinês CanSino. A vacina é representada no Brasil pela Belcher Farmacêutica.

PREÇO ALTÍSSIMO – Uma intenção de compra foi assinada pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, no dia 4 de junho deste ano. O preço da dose equivale a R$ 83,94, considerando o dólar comercial da última sexta-feira, dia 25.

O valor total da compra, se efetivada, será de US$ 1,020 bilhão, equivalente a cerca de R$ 5,036 bilhões na moeda nacional. Se fosse considerado o câmbio do dia em que a carta de intenções foi assinada, o custo total seria ainda maior, de R$ 5,137 bilhões.

As cifras chamam a atenção, em especial porque o custo da Convidecia, usada em dose única, ultrapassa o valor de outras vacinas negociadas pelo Brasil, inclusive o da Janssen, orçada a US$ 10 por unidade e também administrada por meio de dose única.

NO REDUTO ELEITORAL – A Belcher Farmacêutica é sediada em Maringá, reduto eleitoral de Ricardo Barros. A comissão quer investigar um possível elo dos representantes da companhia com o articulador de Bolsonaro na Câmara dos Deputados. “É preciso abrir um espaço para essa investigação. Pode ser que ele esteja envolvido em mais coisas relativas a vacinas e medicamentos. E não deve ser só ele”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

Em 18 de maio, a Anvisa recebeu pedido de autorização temporária para uso emergencial, em caráter emergencial, da Convidecia. Atualmente, o pedido está em análise e a agência aguarda informações complementares sobre a vacina.

Intermediária do fabricante chinês, a Belcher Farmacêutica já esteve envolvida em outras polêmicas durante a pandemia. No ano passado, a empresa foi citada pelo Ministério Público como uma das participantes de esquema de superfaturamento alvo da operação Falso Negativo. A operação investigava a compra de testes de covid-19 no Distrito Federal, que teria gerado prejuízos estimados de R$ 18 milhões aos cofres públicos.

VACINA RUSSA – Outro contrato no foco da CPI é o da compra de 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, a US$ 12,60 por dose. O contrato foi assinado com a União Química, sediada no Brasil. O dono da empresa, Fernando de Castro Marques, é próximo a Barros e aparece em fotos com o parlamentar nas redes sociais. Marques tentou uma vaga no Senado pelo Distrito Federal em 2018 e doou recursos para a campanha de 137 candidatos naquela eleição.

O Consórcio do Nordeste, que reúne governadores da região e iniciou a negociação no ano passado, informou ter comprado a Sputnik V a um preço mais baixo, de US$ 9,95 dólares a unidade. Além disso, a aquisição pelos governadores do Nordeste foi assinada diretamente com o Fundo Soberano Russo, sem intermediários. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – As provas contra Barros são abundantes. Pode parecer incrível que Bolsonaro tenha se ligado a esse tipo de político, mas era com eles que ele convivia quando estava na Câmara, e seu partido preferido era justamente o PP, na época comandado por Paulo Maluf. Dize-me com quem andas e… (C.N.)


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