Dimitrius Dantas
O Globo
O presidente Jair Bolsonaro atacou na noite desta quinta-feira o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), parlamentar que revelou nesta quarta-feira que avisou o presidente sobre um possível suposto esquema de corrupção na aquisição da vacina indiana Covaxin. O presidente, em transmissão feita nas suas redes socias, negou as acusações, sugeriu que o deputado teria um “prontuário extenso” e que aqueles que estariam armando contra ele iriam “se dar mal”.
Apesar dos alertas feitos por Luís Miranda e por um servidor do Ministério da Saúde, o Palácio do Planalto determinou a instauraçao de um inquérito sobre as atividades do servidor e do parlamentar. Durante a transmissão, Bolsonaro alertou o deputado sobre possíveis consequências de sua revelação.
PRONTUÁRIO EXTENSO — “Vamos tomar as providências, como determinei que a Polícia Federal investigue esse caso, desse deputado aí, que tem um prontuário bastante extenso. Isso aconteceu em março, quatro meses ele resolve falar para desgastar o governo. Andou de moto comigo, esteve aqui conversando comigo. De repente, do nada. Vai ser apurado e, com toda certeza, quem buscou armar vai se dar mal.
Na quarta, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni afirmou que seria aberta uma investigação sobre as declarações de Luís MIranda e do servidor.
Onyx também disse que o governo pedirà à CGU a realização de um procedimento administrativo disciplinar (PAD) para investigar o servidor.
DISSE LORENZONI — “Iremos solicitar um procedimento administrativo disciplinar junto à CGU, um PAD, para investigar a conduta do servidor, já que o documento, que vou apresentar a seguir, existem indícios de adulteração do documento. Vamos solicitar uma perícia do documento à Polícia Federal”, afirmou o ministro.
Na transmissão da live, Bolsonaro reforçou que a empresa indiana afirmou que o preço cobrado do Brasil foi o mesmo de outros 13 países interessados. O presidente voltou a falar que não há nenhuma denúncia de corrupção do governo, embora tenha admitido que, “na ponta da linha”, é possível que algum esquema possa existir. Bolsonaro afirmou que determinou à Polícia Federal a investigação desse caso e disse que Luís Miranda tem um “prontuário extenso”.
“Agora, corrupção, pessoal? Não gastamos um centavo, não recebemos uma dose. Que corrupção é essa? Assim como o Luis Miranda esteve aqui, podia ligar pra mim. Agora não atendo mais, poderia perguntar o que está acontecendo e eu ia falar para ele” — disse o presidente.
A MAIS CARA – A Covaxin foi a vacina mais cara comprada pelo governo brasileiro, com preço unitário de R$ 80,70. As negociações apresentam diversas movimentações atípicas quando comparadas às que Planalto teve com outras farmacêuticas.
A aquisição do imunizante foi a única a contar com uma empresa intermediadora, a Precisa Medicamentos, que participou de diversas comitivas à Índia para tratar da importação do produto junto da embaixada brasileira em Nova Déli.