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terça-feira, novembro 04, 2008

Discursos contra a crise

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Disposto a aplicar uma injeção de ânimo no País, o presidente Lula convocou para quinta-feira uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, com direito à presença da maioria do ministério, empresários aos montes, dirigentes de associações das classes produtoras e líderes sindicais.
Além de sua mensagem pessoal de otimismo, o presidente escalou para exposições sobre a solidez da economia os titulares da Fazenda, Guido Mantega, do Banco Central, Henrique Meirelles, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. A palavra será dada a representantes da indústria e da agricultura, bem como dos trabalhadores.
Trata-se de uma tentativa de neutralizar o que a ministra Dilma chama de negativismo das oposições. Uma ação para desvincular a crise do processo eleitoral de 2010. Muita gente, no fim de semana, rotulava a reunião do CDES de pirotecnia política, porque, afinal, ao contrário do que tem afirmado a equipe econômica, o País não está mais forte. Não superou e nem se esperava que superasse as dificuldades assim tão depressa. O problema é que otimismo demais acaba comendo o otimista, como comentava o líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio.
Afinal, não basta ao governo alegar que dispomos de 200 bilhões de dólares de reservas, lá fora, porque é de 600 bilhões de dólares o volume de aplicações estrangeiras a curto prazo, entre nós. Aliás, é bom mudar o tempo do verbo: o capital-motel ERA de 600 bilhões, uma parte já se escafedeu, por conta da crise. E nossas reservas diminuíram, porque de outra fonte não tem saído as dezenas de bilhões destinadas pelo Banco Central a alimentar o crédito e a permitir que Banco do Brasil e Caixa Econômica comprem ações de empresas em estado pré-falimentar.
Acresce que as exportações, beneficiadas com a alta do dólar, perderam as facilidades de crédito e diminuíram sensivelmente. Basta atentar para o corte de 30 milhões de toneladas de minério de ferro, adotado esta semana pela Vale. Sem falar nas férias coletivas impostas pelas montadoras aos seus operários, ante-sala do início de demissões em massa.
Em suma, se é positiva a intenção do presidente Lula de injetar otimismo no País, e se a ministra Dilma tem razão quando tenta desvincular a crise da próxima sucessão, no reverso da medalha fica claro que não será com discursos.
O impasse permanece
Não andou um centímetro o impasse verificado no Senado a respeito de sua próxima presidência. Porque se sedimenta cada vez mais uma perigosa aliança entre senadores do PMDB, DEM e PSDB para barrarem a candidatura de Tião Viana, do PT.
Mesmo com motivações distintas, os três partidos revelam um cenário capaz de gerar não apenas a derrota da pretensão petista de substituir Garibaldi Alves, mas em condições de atrapalhar a próxima sucessão presidencial. Porque o sonho de José Serra, alimentado por Orestes Quércia, é transformar São Paulo num laboratório de novas combinações partidárias.
Os tucanos estão dispostos a guardar uma das duas vagas de senador, em 2010, para o ex-governador e cacique do PMDB, recebendo como contrapartida seu apoio na corrida presidencial, no mínimo rachando o partido.
Para nós, é a mesma coisa
Barack Obama, mais provável. John McCain, menos cotado, mas ainda no páreo. Para nós, alguma diferença? Nem pensar. Em termos de mudanças nas relações entre Brasil e Estados Unidos, nada de novo. Com todo o respeito, devemos dar um pelo outro, sem querer volta.
Houve tempo em que os americanos pouco se incomodavam com nosso País, exceção de um tenente da Marinha, lá pelos idos do século dezenove, que depois de longa incursão pela Bacia do Amazonas sugeriu ao Departamento de Estado a divisão territorial brasileira.
Imaginando que num futuro longínquo daríamos trabalho, propôs que o Império do Brasil se limitasse às províncias do Sudeste, incentivando-se a ressurreição da República do Piratini, ao Sul, e da Confederação do Equador, no Nordeste. A Amazônia se tornaria um protetorado dos Estados Unidos e o Centro-Oeste, para ele, nem existia.
Dizem que d. Pedro II protestou, mas nem precisava. Logo os Estados Unidos mergulhariam na Guerra Civil e a experiência meio colonialista dos confederados, depois da derrota, redundou em sua absorção pelos caboclos da região de Americana, em São Paulo.
Quem precisaria protestar, mas fica de boca fechada, é o nosso novo imperador, Lula. Porque vencendo Obama ou McCain, a Amazônia continuará objeto da cobiça não de republicanos ou democratas, mas dos potentados econômicos responsáveis pela ação de centenas de ONGs fajutas atuando na Amazônia.
São elas, e eles, que incentivam a transformação de tribos indígenas brasileiras em nações independentes. Em regiões como a Cabeça do Cachorro e a Raposa-Serra do Sol, etnias diversas são estimuladas a proibir o ingresso de brasileiros nas áreas a eles entregues pelo poder público brasileiro.
Ainda há pouco registrou-se o caso de um ministro, no caso, ministro do Futuro, que aceitou o veto de ONGs ao ingresso de um comandante militar que o acompanhava e entrou sem ele. Coincidência ou não, Mangabeira Unger tem dupla nacionalidade, a nossa e a americana.
É preciso tomar cuidado. De olho na Amazônia estão outros interesses e outros conglomerados econômicos, em especial europeus. Antes, formavam missões evangélicas onde os pastores também eram geólogos, engenheiros e cientistas variados. Agora, caíram as máscaras. São representantes de multinacionais largamente financiados pelas empresas respectivas.
Nem Obama nem McCain saberão disso e, se souberem, darão de ombros. Não é problema envolver diretamente o estado americano. Só entrarão na questão caso provocados por um alerta brasileiro e, mesmo assim, de má vontade. Com a palavra, o presidente Lula.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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