Emerson Quaresma
A 28 dias de encerrar o prazo para a Justiça Eleitoral diplomar os eleitos em outubro, pelo menos quatro dos prefeitos eleitos do interior do Estado podem ter seus registros de candidatura cassados em primeira instância.
Ontem, em Nova Olinda do Norte (a 138 quilômetros de Manaus), ocorreu a primeira audiência contra o prefeito eleito Adenilson Lima Reis (PMDB), acusado de compra de votos. O juiz Alexandre Lopes Lasmar ouviu 26 testemunhas arroladas pelos representantes e pelo representado.
Uma das representações contra o prefeito eleito foi movida pela coligação adversária "Nova Olinda do Norte para Todos" (PTB, PSDB, PSL, PHS, DEM), por compra de votos. Segundo Edson Julho, candidato a vereador não eleito, estão anexados ao processo vídeos que mostram o Adenilson distribuindo telhas, tanques, botijas de gás e dinheiro. "Está tudo filmado", afirmou.
Os depoimentos levaram todo o dia de ontem. O promotor Lauro Tavares da Silva informou que, em não surgindo nenhum fato novo, será aberto prazo para as alegações finais. "O objetivo da Justiça é julgar todos os processos antes da diplomação. Mas se houver necessidade de diligências, faremos, e se comprovadas as acusações, ele (Adenilson) perderá o mandato mesmo diplomado", afirmou.
Barcelos e Tapauá integram a lista
O prefeito reeleito de Barcelos (a 396 quilômetros de Manaus), Ribamar Beleza (PMDB), tem pelo menos cinco processos contra ele tramitando em primeira instância. Segundo o chefe do Cartório Eleitoral do município, Ferdinan Simeão dos Santos, o prefeito eleito terá a primeira audiência sobre compra de votos na próxima terça-feira. Beleza foi reeleito, em disputa acirrada, pela diferença de 24 votos contra Valdecir Raposo (PTB). O peemedebista obteve 3.005 votos, e Raposo 2.981.
Contra o prefeito eleito, segundo Ferdinan, tramitam em primeira instância pelo menos cinco processos. Beleza precisa apresentar defesa, até domingo, sobre o processo movido pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) no município, por meio do qual é acusado de capitação ilícita de recurso. Três dias antes da eleição, o prefeito eleito foi detido, em Manaus, pela Polícia Federal, quando tentava embarcar rumo a Barcelos levando R$ 134,5 mil em espécie.
No Município de Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus), o juiz Luiz Cláudio Chaves, reiniciará, na próxima semana, o processo que pede a cassação do registro de candidatura do prefeito eleito Edson Bessa (PMDB). Ele é acusado pela coligação do candidato não eleito deputado estadual Ângelus Figueira (PV), por abuso do poder econômico e político.
Bessa conseguiu retardar o andamento do processo ao colocar em suspeição o magistrado, com ação junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Há dois dias a Corte rejeitou o pedido, que tinha como base uma carta enviada por Luiz Cláudio, ao TRE, que denunciava a parcialidade da Polícia Militar, às vésperas das eleições municipais. Procurado por A CRÍTICA por meio do telefone 81XX-22XX, Bessa não foi encontrado.
Outro prefeito eleito que poderá ter seu registro de candidatura cassado é Cláudio Gomes dias (PR). Eleito pelo município de Tapauá (a 450 quilômetros de Manaus), Gomes é condenado por contrabando, mas conseguiu o registro de candidatura. O promotor de Justiça Álvaro Granja Pereira, disse, em entrevista recente a A CRÍTICA, que o prefeito eleito poderá perder o mandato.
O advogado Paulo Henrique Cestaro, que representa o candidato derrotado, sustenta que Gomes nem poderia ter sido candidato com uma sentença criminal transitada em julgado pela Justiça Estadual. Gomes cumpre pena em regime aberto. O processo aguarda defesa das partes.
Fonte: A Crítica (AM)
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