Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, dezembro 04, 2007

Três conclusões e uma contradição

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Sobre pesquisas de opinião, já se disse o diabo: elas provam tudo; elas não provam nada. Umas são sérias; outras, fajutas. Estas tentam esboçar as tendências populares. Aquelas são pagas, numa relação de causa e efeito onde o freguês tem sempre razão. A pesquisa do Datafolha, divulgada no fim de semana, é séria. Não foi faturada em favor de governos, partidos ou candidatos. Mas não prova tudo.
Três conclusões podem ser tiradas dos números colhidos: José Serra é o candidato tucano e teria grandes chances, se as eleições fossem hoje. O PT não tem candidato. Ciro Gomes parece a alternativa do presidente Lula, se conseguir convencer o PT da obrigação de buscar um não-companheiro para tentar não perder a eleição.
Agora, a contradição: 50% dos entrevistados julgam o governo Lula ótimo ou bom; para 35%, o governo Lula é regular, coisa que, somando, vai a um recorde de 85%, só igualado no final da administração de Itamar Franco. No entanto, 65% rejeitam o terceiro mandato.
Não apenas para o PT, mas para os partidos da base oficial, para o governo e para os grupos econômicos e sociais que se desenvolvem à sombra do Palácio do Planalto, a preservação do poder passa por uma única avenida, a do terceiro mandato. Porque Ciro Gomes, com todo o respeito, é inconfiável. Transita em faixa própria, independente e, além de tudo, tem pavio curto. Dispõe de todos os predicados para botar o PT para correr.
Sendo assim, o problema dos companheiros para evitar José Serra e a transmissão do governo para os tradicionais adversários é uma só: conciliar os 85% que se mostram mais do que satisfeitos com Lula e os 65% contrários não ao presidente, mas à tese da mudança das regras do jogo visando o terceiro mandato.
A frio, essa equação não se resolve. Só poderá ser aprovada no bojo de uma crise, natural ou fabricada. Como faltam três anos para as eleições, e como estamos no Brasil, impossível não será esse passe de prestidigitação. Basta esperar para ver. Sem esquecer o coro na convenção petista de domingo, em torno do nome do presidente Lula...
Sem bola de cristal
Em política, não funciona a bola de cristal. Prever o que vai acontecer daqui a quinze minutos é prematuro e perigoso. Apesar disso, tudo indica que Renan Calheiros escapará da cassação, hoje, no plenário do Senado. A sessão será aberta, televisionada para o País inteiro, apesar da votação secreta. É possível que nem todos os oradores previstos para se pronunciarem pela perda de mandato do representante das Alagoas votem contra ele.
Muitos fatores levam a essa hipótese. Para começar, a fragilidade da acusação de que Renan adquiriu duas emissoras de rádio e um jornal através de laranjas, em seu estado. O relator do processo concluiu pela existência de indícios, ou seja, sem provas. Pelo menos metade dos 81 senadores dedica-se à mesma prática, ou seja, controla veículos de comunicação, parte deles em proporção muito superior. A moda da punição pode pegar.
Acresce que o já agora ex-presidente do Senado tornou-se credor de muitos colegas, nos anos em que exerceu a função. Fez favores, ajudou gregos e troianos. Outro argumento: o governo manobrou para que as bancadas sob sua direção poupem o antigo aliado. Dificilmente algum senador do PT condenará Renan, apesar de alguns poderem simplesmente abster-se.
Por último: mesmo nas oposições, haverá quem se recuse a condenar o companheiro, numa espécie de corporativismo cautelar. A cassação deixaria a imagem do Senado pior do que a absolvição. De qualquer forma, não custa aguardar.
A revanche
Cada voto contra a prorrogação da CPMF que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, conseguir garantir na bancada do partido, no Senado, estará carimbado de revanche. Contra o presidente Lula? Talvez não. O alvo continua sendo o deputado também cassado, José Dirceu.
Jefferson não perdoa o ex-companheiro, ironicamente seu parceiro de infortúnio na relação dos quarenta mensaleiros transformados em réus no processo que corre no Supremo Tribunal Federal. Derrotar o governo, para ele, será continuar lembrando que toda a lambança nasceu por conta e risco do ex-chefe da Casa Civil.
Teste final
O governo estará atento para o funcionamento dos aeroportos no período de festas e de férias escolares que agora se inicia. Caso as empresas aéreas agüentem o tranco e mantenham o tráfego em condições normais, 2008 poderá ser o ano de sua expansão e afirmação. Na hipótese inversa, de caos generalizado, atrasos, cancelamentos de vôos e confusão, ganhará espaço a tese da abertura a empresas estrangeiras do transporte aéreo entre nossas capitais.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Em destaque

Em seu primeiro ano de vigência, arcabouço fiscal evidencia fragilidades

Publicado em 18 de maio de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do J. Bosco (oliberal.com) Pedro do Coutto Re...

Mais visitadas