BELO HORIZONTE - A Polícia Federal (PF) desmantelou ontem uma organização criminosa que explorava máquinas caça-níqueis e jogos de videobingo em três estados, nas cidades de Juiz de Fora e Belo Horizonte, em Minas, Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Até ontem, haviam sido cumpridos 20 dos 22 mandados de prisão temporária expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Juiz de Fora a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Dezesseis pessoas foram presas em Juiz de Fora; três na capital paulista e uma no Rio de Janeiro.
Durante a Operação Corvina foram cumpridos também 110 mandados de busca e apreensão, a grande maioria no município da Zona da Mata mineira. A PF estima que a quadrilha lucrava com a atividade ilegal cerca de R$ 15 milhões por ano. Além dos crimes envolvendo a exploração irregular do jogo, há indícios, de acordo com o MPF, de enriquecimento ilícito, contrabando e descaminho. Os nomes dos suspeitos presos não foram divulgados.
Segundo os procuradores responsáveis pela investigação, alguns integrantes da quadrilha ostentam patrimônio incompatível com sua situação financeira, como automóveis de luxo e até aviões. A PF apreendeu mais de 70 veículos, dinheiro (euro, dólar e real) em espécie, máquinas caça-níqueis, além de armas e munições.
De acordo com a Polícia Federal, pelo menos três prédios que teriam sido adquiridos com dinheiro de atividades criminosas foram seqüestrados e ficarão à disposição da Justiça até que a origem dos bens seja definida.
Turcão
Embora a atividade principal fosse o jogo ilegal, os investigadores acreditam que a quadrilha fomentava outros crimes. "Por trás disso, tinha uma série de coisas: tráfico de drogas, prostituição...", disse um agente. A PF acredita que a organização contava com a conivência de comerciantes. Durante as investigações, surgiu uma suspeita de vínculo entre a quadrilha e o banqueiro do jogo do bicho no Rio, Antonio Petrus Kalil, o Turcão.
Punição
Os procuradores que atuam em Juiz de Fora cobraram mais agilidade da Justiça na punição dos responsáveis pela exploração de máquinas caça-níqueis. "Lamentam os procuradores que, após a realização de tantas buscas e apreensões, desde o ano 2000, a mais recente delas, inclusive, realizada pela Polícia Civil no mês passado, ninguém, até agora, tenha sido efetivamente punido e as máquinas continuem multiplicando-se, ilicitamente, em estabelecimentos comerciais", afirma um comunicado divulgado pelo MPF.
Além da Polícia Federal e do MPF, participaram das investigações setores do Banco Central, da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Cerca de 350 policiais participaram da operação, que recebeu o nome "Corvina" em alusão a uma espécie de peixe que habita tanto o mar quanto o rio - uma referência à conexão Minas Gerais -Rio de Janeiro, segundo a PF.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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