Kiev relata combates intensos na região de Kherson, enquanto Kremlin afirma que suas operações na região prosseguem como planejado.
A região ucraniana de Kherson, ocupada pela Rússia, foi palco de confrontos nesta terça-feira (30/08), após Kiev anunciar no dia anterior o início de uma contraofensiva no sul do país.
A maior parte dessa região, na costa do Mar Negro, assim como a capital de província de mesmo nome, foi tomada pelos russos no início da invasão do território ucraniano, há seis meses.
Tropas russas capturaram a cidade de Kherson, que tem 280 mil habitantes, no dia 3 de março, sendo a primeira das principais cidades ucranianas a cair nas mãos de Moscou.
O gabinete da presidência da Ucrânia afirmou pela manhã que combates intensos vinham ocorrendo em quase todo o território da região de Kherson.
"Explosões poderosas continuaram ao logo do dia e da noite", informou o órgão. "As Forças Armadas da Ucrânia lançaram ações ofensivas em várias direções."
Disputa por Kherson
Desde o início de agosto, o Ministério da Defesa do Reino Unido alerta que a Rússia vinha tentando reforçar suas tropas na margem oeste do rio Dnipro, que atravessa a cidade de Kherson.
A Defesa britânica afirma que "a maior parte das unidades [russas] em torno de Kherson estaria, provavelmente, com poucos homens, e dependente de frágeis linhas de abastecimento e pontes de barcas através do Dnipro". Segundo o órgão, ainda não é possível confirmar a extensão dos avanços ucranianos.
A presidência ucraniana alega que suas forças destruíram quase todas as pontes na região, deixando apenas as passagens de pedestres.
A porta-voz do comando sul do Exército ucraniano, Natalia Humeniuk, disse que Kiev é capaz de destruir qualquer ponte de barcas ou embarcação que possa atravessar o Dnipro. "Todas as áreas onde essas travessias possam ser realizadas estão ao alcance de nossas armas, e serão atingidas."
O comando sul diz que a situação permaneceu tensa. "O inimigo atacou cinco vezes as nossas posições, mas sem sucesso", informou, acrescentando que a cidade de Mykolaiv, a noroeste de Kherson, foi alvo de pesados bombardeios que deixaram 24 mortos.
Com o impasse no conflito na região do Donbass, analistas já previam que os combates se voltariam para o sul do país, em meio à tentativa ucraniana de quebrar linhas de defesa russas antes da chegada do inverno.
Moscou, por sua vez, afirma que as operações no sul da Ucrânia continuam como planejadas. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, insistiu que todos os objetivos russos na região serão atingidos.
O Ministério da Defesa da Rússia diz que a Ucrânia teria sofrido "perdas em larga escala" de mais de 1,2 mil soldados e dezenas de equipamentos militares no que chamou de "derrota" nos recentes ataques no sul do país.
Zelenski orienta soldados russos a fugir
O recrudescimento das hostilidades ocorre em um momento em que os estudantes ucranianos se preparam para o retorno às salas de aula, após as escolas fecharem em razão da invasão russa.
Somente as escolas que possuem abrigos antiaéreos poderão reabrir. As demais terão de recorrer ao ensino à distância.
Logo após o início da contraofensiva, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, instou os soldados russos a fugirem e salvarem suas vidas. "Se querem sobreviver, está na hora dos militares russos partirem. Vão para suas casas", disse.
Deutsche Welle