Publicado em 31 de agosto de 2022 por Tribuna da Internet
Augusto Tomazini
Já faz quase três meses do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari. Apesar da brutalidade do crime, as vítimas foram alvo de fake news e, inclusive, tratados como culpados pelo próprio presidente da Funai, Marcelo Xavier, que nessas fases (ou fezes) nebulosas não se omite em ajudar servidores corruptos.
Não obstante as prisões realizadas pela Polícia Federal, a situação sistemática de omissão do setor público perante quadrilhas transnacionais permanece inalterada. A Polícia Federal se foi, está tudo como antes.
CONSÓRCIO DE QUADRILHAS – Segundo as investigações realizadas, o indigenista brasileiro e o jornalista inglês foram mortos por um consórcio de quadrilhas de criminosos ambientais e traficantes de drogas.
Pelas apurações da Polícia Federal, eles trabalhavam para ajudar a coibir a pesca ilegal na região e Dom Phillips teria fotografado alguns dos membros da quadrilha para documentar provas.
Assim, cutucaram um vespeiro de ilegalidades, pois, um dos suspeitos de ser o mandante era um estrangeiro conhecido como “Colômbia”, e comprava o pescado ilegal para vender a outros países, assim lavaria o dinheiro ganho com o tráfico de cocaína.
CORREDOR DO TRÁFICO – É importante ressaltar a omissão do poder público em uma região que é um importante corredor do tráfico de drogas para o resto do mundo há várias décadas.
A reação inicial foi morosa. E pessoas importantes, como o dirigente da Funai e o presidente da República, manifestaram-se de forma hostil contra as vítimas, uma postura lastimável e que não atende aos interesses nacionais. Afinal, as terras destinadas ao usufruto dos indígenas são terras da União, e defendê-las contra invasores estrangeiros ou nacionais é defender o Brasil.
MURALHAS VIVAS – Portanto, constata-se que são os bravos indígenas que permanecem como “muralhas vivas” contra os ataques de criminosos ambientais, narcotraficantes e ladrões de terras públicas (eufemisticamente chamados de grileiros).
Hoje temos cerca de 13% das terras brasileiras destinadas à sobrevivência de povos autóctones e são as mais bem preservadas ambientalmente do país.
É sempre importante reiterar que estas terras são de propriedade da União e que a verdadeira injustiça está em apenas dez pessoas concentrarem a propriedade de mais da metade da riqueza do restante do país. É pena que este assunto não seja discutido nem mesmo na campanha eleitoral.