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quarta-feira, novembro 19, 2008

O governo dos trabalhadores rejeita os próprios

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Quem te viu, quem te vê... Antes da primeira eleição de Lula, tanto ele quanto o PT arvoravam-se em defensores máximos dos aposentados. Baixavam o porrete no governo Fernando Henrique por conta das tentativas de destroçar e privatizar a Previdência Social. Clamavam por reajustes honestos aos aposentados.
Pois é. Ontem, José Pimentel, ministro da Previdência Social, foi à Câmara pedir e até exigir das bancadas governistas a rejeição do projeto aprovado no Senado, de autoria de Paulo Paim, concedendo aos aposentados que recebem mais do que o salário mínimo o mesmo reajuste de 16% dado a esses.
O argumento foi de que já tiveram aumento superior à inflação, dito aumento real, e que a Previdência Social irá à falência se tiver que pagar 76 bilhões a mais, todos os anos. O inusitado nessa história de horror é que o PT concorda com o ministro em gênero, número e grau. Nem mesmo o fato de Paulo Paim pertencer ao partido altera o comportamento da bancada. Até porque, o senador gaúcho é tido como a ovelha negra dos companheiros, discriminado pelo próprio presidente Lula.
O governo já criou o tal fator previdenciário, que anualmente vem diminuindo as aposentadorias acima do salário mínimo. O objetivo parece nivelar todo mundo por baixo, para que dentro de poucos anos nenhum aposentado, fora os privilegiados, receba mais do que essa merreca. É bom não esquecer a Constituição, dispondo o salário mínimo como bastante para o trabalhador e sua família enfrentarem despesas de habitação, alimentação, vestuário, educação, saúde, transporte e até lazer. Vá alguém tentar sobreviver, ainda mais acompanhado de mulher e filhos, com 415 reais por mês...
O que salta aos olhos é a indiferença do governo dos trabalhadores para com os próprios. Nem mesmo trata-se do governo dos metalúrgicos, melhor aquinhoados salarialmente, porque de nenhuma iniciativa oficial se tem notícia diante das demissões em massa já iniciadas no setor automobilístico, por conta da crise econômica.
Aguarda-se a palavra da Câmara, por certo deixada para as calendas, mas o grave é verificar como mudaram Lula e o PT, apesar da farta propaganda oficial. E quanto a prever a falência da Previdência Social, é a mesma cantilena dos tempos do sociólogo e até anteriores. Waldir Pires, quando ministro de José Sarney, e Antônio Brito, nos tempos de Itamar Franco, demonstraram que dava lucro.
Basta de intermediários
Certas coisas, só no Brasil. Foi afastado o delegado que apurou as falcatruas de Daniel Dantas, investigando lavagem de dinheiro e remessas ilegais para o exterior. Aconteceu mais com Protógenes Queirós: teve sua casa invadida por colegas da Polícia Federal, investigado e humilhado que vem sendo.
O mesmo acontece com o juiz federal que determinou a prisão temporária e depois preventiva do banqueiro e megaespeculador. Responde a processo de suspeição no Tribunal Regional Federal de São Paulo e é objeto de investigação no Conselho Nacional de Justiça. Fausto de Sanctis passou de juiz a réu por também haver cumprido a lei e o seu dever.
Enquanto isso, Daniel Dantas esfrega as mãos de satisfação, imune a quaisquer sanções e abrigado à sombra dos tribunais. Nesses dias em que se fala na substituição do ministro da Justiça, Tarso Genro, melhor seria lançar de uma vez o nome do banqueiro para ocupar o cargo: "Basta de intermediários! Daniel Dantas para ministro da Justiça!"
O que é bom para os Estados Unidos...
Coube ao lendário Juracy Magalhães, então ministro das Relações Exteriores do governo do marechal Castello Branco, a frase mais significativa daqueles idos: "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil!"
Referia-se a uma das atitudes do governo de Washington diante da Cuba de Fidel Castro, com a qual o primeiro presidente militar havia rompido relações diplomáticas. Passados mais de quarenta anos, o presidente Lula busca inverter a equação. Para ele, o que é bom para o Brasil deve ser bom para os Estados Unidos, conforme se depreende de sua mais recente mensagem radiofônica ao povo brasileiro.
Por ingenuidade ou muita esperteza, o presidente exige todo o poder ao G-20, quer o retorno da rodada de Doha, pretende uma nova ordem econômica internacional e a defesa do preço de nossos produtos no mercado externo. Se os americanos aceitarem as sugestões, o Brasil nem se incomodará com o desmonte ou a manutenção da prisão de Guantánamo, sequer com o rápido retorno dos soldados do Iraque. Quem sabe a roda da História vai girar ao contrário?
Revoada de tucanos?
A partir dos esforços do ex-presidente Fernando Henrique para compor no PSDB uma chapa pura, com José Serra para presidente e Aécio Neves para vice, um bando de tucanos levantou vôo pretendendo cercar São Paulo, com bicos afiados e penas eriçadas.
Os sociais-democratas do Nordeste, Norte e Sul estão rejeitando a dobradinha café-com-leite. De Tasso Jereissati e Sérgio Guerra, de Artur Virgílio a Gustavo Fruet, alertam para o fato de que o partido não pode limitar-se aos interesses paulistas, mesmo se acolitados pelos mineiros.
Existem outros Brasis, sem os quais voltaríamos em definitivo aos tempos da República Velha. Melhor seria, na reforma política, restabelecer os partidos regionais, se tudo se decide na paulicéia, pretensamente apoiada pelas Gerais.
O governador Aécio Neves não se definiu diante da proposta do sociólogo, nem é provável que o faça tão cedo. Primeiro, porque é candidato à presidência, no âmbito do PSDB ou fora, no PMDB. Depois, porque poderia muito bem capitalizar os tucanos descontentes para sua própria candidatura presidencial. Por último, porque, conforme a tradição, as coisas de Minas resolvem-se em Minas...
Por: Tribuna da Imprensa

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