Por Pedro Oliveira
Conceição do Coité (Da Sucursal Regional do Sisal) – A seca mostra mais uma vez seu poder devastador, provocando pesados prejuízos para a já combalida economia da região sisaleira com a dizimação de rebanhos, campos de sisal e pastagens, deixando milhares de moradores em absoluta situação de desespero, já que este ano não houve safra agrícola. Em conseqüência disso, cresce também o número de desempregados que começam a migrar para a zona urbana na expectativa de melhor sorte, mas os reflexos da seca também atingem as cidades. A grande maioria das pessoas de baixa renda tem o programa Bolsa Família do governo federal, como principal fonte de renda para a sobrevivência. O agravamento da estiagem que assola o semi-árido baiano e a falta de condições para atender a demanda da população que enfrenta momentos de extrema dificuldade, levaram os prefeitos dos municípios de Tanquinho, Candeal, Ichu, Barrocas, Nordestina, Quijingue, Santa Luz, Conceição do Coité, Serrinha, Teofilândia e Itiúba, a decretarem Estado de Emergência. Em situação idêntica estão,Retirolândia, Valente, Queimadas,Cansanção, Euclides da Cunha, Araci, Riachão do Jacuípe, Pé de Serra, Nova Fátima, Capela do Alto Alegre, São Domingos, Gavião entre outros. O fenômeno climático tem sido responsável também, pela expulsão de milhares de pessoas de seu habitat natural, o que tem contribuído para o aumento no índice do êxodo rural, em conseqüência da falta de alternativa de trabalho no campo. Em Conceição do Coité – Começa a faltar água e alimentos para os animais o mais importante da região sisaleira, repetindo um quadro cíclico que se registra todos os anos, com a aproximação do verão. Em muitos lugares da zona rural a água está escassa. A chegada do período do sol também tem reflexos na cultura do sisal, um dos principais sustentáculos econômico da comunidade. Em Nordestina – Cravado no alto sertão baiano, região de poucas chuvas, a 340 Km de Salvador, com cerca de 13 mil habitantes, não diverge dos demais e enfrenta uma das piores secas dos últimos 10 anos. Sem receber ajuda do governo do estado, desde que assumiu a prefeitura em 2005, o prefeito Geraldo Guimarães Alves, que há cerca de 60 dias decretou no município Estado de Emergência, disse que apesar das dificuldades que a prefeitura atravessa, tem feito de tudo para atender os inúmeros pedidos da população. Em Teofilândia – Mesmo com o seqüestro de cerca de R$ 2 milhões, feito pelo INSS nos últimos 10 meses para amortizar débitos deixados junto à instituição por ex-gestores, o prefeito, Jackson Moura, não deixa de trabalhar por sua terra. Apesar da crise financeira e da seca que castiga a comunidade, ele vem realizando a limpeza de aguadas, doando cestas básicas, medicamentos e distribuindo água potável em cinco carros-pipa contratados pela prefeitura para atender as famílias menos favorecidas. Nesses quase três anos de mandato Jackson Moura construiu duas barragens de médio a grande porte, recuperou outras seis, perfurou poços artesianos e beneficiou 14 povoados com sistema de água encanada feito em parceria com a Embasa. Em Barrocas – Com o município em Estado de Emergência desde o mês de julho, devido à falta de chuvas na região, o prefeito Edílson Lima, disse que além de arar as terras da população teve o cuidado de aderir ao programa Seguro Safra, que acabou contemplando 730 famílias, das 900 cadastradas com R$ 550,00 cada, durante 5 meses. Nesses 7 anos de governo, foram construídas 30 aguadas de médio e grande porte e por isso a situação não está pior. Mas, mesmo assim, a prefeitura vem mantendo quatro carros-pipa e três tratores de pneus no abastecimento de água para atender a população. O sisal que é tido como uma das principais fontes de trabalho e renda do homem do campo, hoje custa R$ 0,80 kg, e mesmo assim não pode ser desfibrado por causa da seca. A pecuária, principal atividade econômica da bacia leiteira formada pelos municípios de Tanquinho, Candeal e Ichu, na época áurea já chegou a produzir cerca de 60 mil litros de leite dia, hoje, com a seca, não chega a 15 mil litros, uma queda vertiginosa de 75% da produção. Sem pastagens e água, o gado definha rapidamente, perdendo peso e deixando de produzir leite e a saída é dar ração, o que encarece muito a manutenção do rebanho, atingindo de uma só vez fazendeiros e trabalhadores rurais. Até o mandacaru que é uma planta nativa e serve bem nessa época, está em vias de extinção. O mandacaru a cada dia que passa vai desaparecendo na região já que ninguém planta, só faz colher para dar ao gado e os criadores continuam com a mesma mentalidade de 50 anos atrás, já que ninguém se prepara para a época da seca como se não estivesse no semi-árido sujeito a enfrentar anualmente as longas estiagens. Em Tanquinho – “Nós estamos vivendo os mesmos problemas e as mesmas dificuldades de outros municípios. Já decretamos Estado de Emergência em Tanquinho e estamos trabalhando no sentido de atendermos a população da zona rural levando água de qualidade com hipoclorito para que as pessoas possam consumir. Noventinha, Jurema, Cristinópolis, Boa Vista e Sitio Velho, são as localidades em pior situação. Frente de serviço, cestas básica e água para o consumo humano e animal, são os pedidos feitos pelo homem do campo, já que eles não tiveram safra agrícola. No momento a prefeitura está investindo R$ 13.400,00 com a aquisição de quatro carros-pipa”, explica o prefeito Moacir Brandão Pinto. Em Candeal – Sem safra agrícola de milho e feijão, sem água e comida para os animais, a seca vem gerando enormes prejuízos para a já combalida economia do município de Candeal, que nos velhos tempos já chegou a produzir 30 mil litros de leite/dia e hoje não consegue três mil. O rebanho bovino que era de 20 mil cabeças, atualmente está restrito a menos de oito mil. As localidades de Quatro Estradas, Chapada, Alto do Alecrim, Pau D’arco, Jenipapo, Serra Lisa, São João e Macaco, são as áreas mais atingidas pelo fenômeno climático. A distribuição de água em carros-pipa e a doação de cestas básicas as famílias necessitadas são algumas das ações que o governo do prefeito Ribeiro Tavares vem fazendo para atender a população.
Barragem fechada agrava seca
Quatro municípios do Sudoeste baiano – Rio do Antônio, Guajeru, Malhada de Pedras e Brumado – estão vivendo uma das secas mais rigorosas dos últimos anos, embora haja condição de amenizá-la, segundo denúncia feita na Assembléia Legislativa pelo deputado João Bonfim (DEM). O parlamentar vai solicitar ao governador Jaques Wagner uma interferência junto ao Dnocs, que administra a Barragem do Truvisco e vem mantendo fechadas as comportas, prejudicando a agricultura, a pecuária e mesmo a população de uma extensa região, que depende de carros-pipa para matar a sede. Bonfim chama a atenção para uma distorção: o Rio do Antônio, onde fica a barragem, nasce em Licínio de Almeida e desemboca no Rio das Contas, já em Brumado, após percurso de 180 quilômetros, por uma região com 200 mil habitantes. “Trata-se de um rio genuinamente baiano, mas a barragem do Truvisco é administrada por um órgão federal, que tem sua sede no Ceará. É preciso o governo da Bahia avocar para si esse controle, porque suas águas só servem para abastecer agricultores que ficam nas proximidades, a montante” (antes da barragem). O Rio do Antônio é temporário, isto é, fica seco em certos períodos. A abertura controlada das comportas da barragem permitiria que tivesse ao menos um fio d’água, suficiente para atenuar os problemas causados pela estiagem prolongada. Mas, disse o deputado Bonfim, “a burocracia não deixa”. Sempre que se solicita a abertura ao Dnocs, o órgão envia técnicos à região, são feitas consultas aos agricultores a montante da barragem, a medida não é tomada e, “enquanto isso, as pessoas passam sede”. Os efeitos da seca no Sudoeste não estão sendo sentidos apenas nos municípios citados. Este ano, as últimas chuvas na região ocorreram em março, e no ano de 2006, segundo o parlamentar, “choveu abaixo da média, tão pouco que não deu para encher os reservatórios, tanto as barragens quanto os tanques destinados ao consumo humano”. Com isso, sofrem também as populações de Iuiú, Caculé, Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Boquira e outros. “Perdem-se as plantações, os animais estão sendo dizimados a as pessoas ficam doentes porque são obrigadas a beber água imprópria”, afirma Bonfim. O deputado Gilberto Brito (PR), ex-prefeito de Paramirim, disse que em toda sua “vida de sertanejo” jamais viu uma “estiagem tão cruel” no semi-árido baiano, onde só é menor a angústia para os que dispõem da aposentadoria rural”. Entendendo que esse problema histórico deverá agora ser combatido com novos métodos, ele indicou ao governador Jaques Wagner a criação do Instituto da Seca, definido como uma estrutura enxuta para reunir e difundir experiências utilizadas no combate aos efeitos da seca e na convivência com ela. O parlamentar defende o envolvimento das prefeituras, associações e sindicatos no trabalho educacional e citou o exemplo do México, que produz 400 toneladas de palma, planta fundamental na alimentação do gado por hectare, enquanto no Brasil esse índice é de 70 toneladas. Brito propõe ainda uma otimização no aproveitamento da água, a exemplo das barragens subterrâneas e outros tipos de reservatório.
Fonte: Tribuna da Bahia
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