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quinta-feira, novembro 15, 2007

"Essas propostas não valem dois mil réis", ataca Pedro Simon

Karla Correia
BRASÍLIA Apontado como personagem ativo da manobra que permitiu ao governo a aprovação da CPMF na CCJ, na última terça-feira, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) - um dos dois congressistas substituídos na comissão para garantir um placar favorável à PEC que prorroga o tributo até 2011 - acredita que apenas derrubando o chamado imposto do cheque o Congresso terá a chance de discutir uma proposta de reforma tributária ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Simon nega ter ajudado o governo na CCJ. Afirma que a CPMF é o último projeto da atual administração capaz de fazer o Planalto se esforçar na negociação com o Parlamento e que, por isso, o Senado terá de saber aproveitar o momento para fazer valer sua força. Desacredita as ofertas feitas pelo governo em troca da manutenção da CPMF e se diz "livre de pressões" para votar a favor da proposta.
O senhor ajudou o governo na votação da CCJ?- Não, nunca. Na semana passada, eu estava no cafezinho do Senado e a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) veio me perguntar como eu iria votar na CCJ. Eu disse: "Voto contra". Ela veio argumentando, mas eu mantive meu voto contra. Ela avisou que o governo iria me substituir na comissão. Ok, mas aí foi a minha vez de deixar claro que meu voto vai continuar sendo contra a CPMF no plenário. Não sei de onde o líder do PMDB tirou que eu não teria condições de votar, eu sou contra. A bancada tomou sua posição, eu mantive a minha.
Mas não houve nenhuma pressão, nem do governo de seu Estado, que tem uma situação fiscal complicada?- Ninguém me procurou. Ninguém do Palácio do Planalto, nem a governadora veio me procurar.
O senhor ficou magoado por conta da manobra do governo, que lhe substituiu na CCJ pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO)?- Não, não teve nenhum problema. Eu mesmo disse para a Roseana: podem me tirar. Eu não vou ficar chorando por conta de uma manobra política. Não dá é para ficarem falando que eu orientei o governo a me trocar pelo Raupp.
Por que o senhor vota contra?- Na verdade, eu vejo com simpatia o imposto do cheque. Até como um tributo permanente mesmo. É uma boa idéia, é um bom imposto, mas só em um contexto de reforma tributária, onde uma montanha de impostos é substituída por cinco, seis tributos, sendo que um deles é do cheque. Mas o governo não vai fazer esse trabalho tendo na mão toda a arrecadação da CPMF. Se essa proposta cair, aí o governo vai ter um fator de pressão para fazer a reforma tributária. Que é o que o país precisa de fato.
Com a CPMF, então, não haverá reforma tributária?- Com certeza não. O governo não quer fazer isso, ele está feliz da vida com o monte de dinheiro que a Receita arrecada. Ficou apavorado agora com a perspectiva de perder R$ 40 bilhões de um tapa só. Se der esse dinheiro para o governo agora, nunca mais na vida ele vai falar em reforma. Se não der, o Planalto vai enlouquecer. E vai negociar.
O Palácio do Planalto agora está voltado para sua própria base, a fim de virar os votos aliados contrários à CPMF. Existe algum argumento que possa convencer o senhor a votar pela prorrogação do imposto?- Nada. Essa é a última vez que o governo Lula vem bater na porta do Senado. Aprovou a CPMF, é tchau. Não vai precisar de mais nada na Casa, até o fim do mandato. Agora, aparecem várias promessas. Inclusive de reforma tributária, mas eu tenho certeza que é só aprovar a CPMF e a reforma ir parar na gaveta.
Então as propostas que o governo está fazendo agora para reduzir os tributos são falsas?- Essas propostas não valem dois mil réis.
Fonte: JB Online

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