Publicado em 6 de maio de 2023 por Tribuna da Internet
Gilberto Clementino
É preciso coerência. Não importa se o autor produz matéria ou comentário com viés ideológico de esquerda ou de direita, de centro disso ou daquilo, mas combinemos que é preciso ser coerente e não oportunista ou um conveniente de ocasião.
Muitos analistas podem e cometem equívocos ao analisar determinado conteúdo, abraçando posições e fazendo ardorosas defesas de argumentos ou ações políticas e governamentais, de situação ou oposição, que mais tarde se revelam opções desastrosas onde o efusivo comentário com “faca na boca” e “sangue nos olhos” o torna figura caricata diante de posição pretérita.
JORNALISTAS AMESTRADOS – Tem jornalista que “morre pela boca” ou aceita o que o patrão lhe coloque “goela abaixo” argumentos que devem, obrigatoriamente, ser verbalizados ou escritos (digitados), abrindo mão de sua honestidade intelectual e credibilidade.
Em 2018, uma das mais conhecidas jornalistas da Rede Globo subiu ao pódio quando se trata de abrir mão de sua história profissional e integridade intelectual. Fui submetida a uma situação vergonhosa diante do então candidato Jair Bolsonaro em sabatina na GloboNews, ao ser obrigada a repetir o que lhe era transmitido por meio de ponto eletrônico, em relação ao comportamento da Organização Globo na ditadura militar.
“A fala da jornalista, repleta de pausas e com a voz trêmula em alguns momentos, virou assunto nas redes sociais”, revelaria mais tarde a revista eletrônica Pragmatismo Político.
OPINIÕES DIVERGENTES – Outro famoso jornalista, que hoje está na Band News, fez a seguinte afirmação: “O Paulo Freire, educador Paulo Freire, que tem um método de alfabetização de adultos, que não tinha nada a ver com alfabetização de criança, entende, já como método de alfabetização de adultos já era uma porcaria…Pura ideologia…E não adianta os loucos por Paulo Freire virem encher o meu saco (…) que eu tô cantando e andando…É uma merda aquilo…E aí passaram aquilo para educar criança” (…) “Já que mesmo o instruído analfabeto comunista é um analfabeto moral”.
Em outra ocasião, disse o festejado jornalista: “O Rei da Espanha, citando aquele que é um dos pensadores e escritores e intelectuais brasileiros mais citados do mundo todo, Paulo Freire…que às vezes os golpistas gostam de xingar nas manifestações…sem nem saber quem é(…) esgotos que vinculam seu pensamento também atacam Paulo Freire sem saber quem é…”.
UMA NOVA REALIDADE – Hoje, essas contradições tornam-se do conhecimento de muitas pessoas, que as repassam adiante pelo celular. Na verdade, as redes sociais mudaram as relações nas comunicações, porque hoje há menos espaço para o engodo, com incoerências sendo detectadas instantaneamente e dissimulações condenadas “online”, até que falsas credibilidades sejam “varridas do mapa”. Envergonhadas de seu triste papel.
“Para nossa alegria”, como cantam os irmãos Jefferson e Suellen Barbosa em “Galhos Secos”, com 34 milhões de visualizações, ainda existem jornalistas que atuam dentro da ética e honestidade profissional. São poucos, mas têm enorme influência entre os demais jornalistas e o público em geral.