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quinta-feira, novembro 06, 2008

Economia mundial acredita em Obama vencendo a crise

Embora a apuração dos votos os EUA seja bem mais lenta do que no Brasil, todas as pesquisas indicavam ontem a vitória de Barack Obama, que virá a ser, assim, o primeiro negro a ocupar a Casa Branca. Em se tornando o homem mais poderoso do mundo, Obama, com apenas 47 anos, chega ao clímax de uma trajetória político/eleitoral que emocionou os Estados Unidos e boa parte do mundo. E gerou um recorde: o maior número de eleitores que já foram às urnas nos Estados Unidos, onde o voto é realmente um direito e não uma obrigação: cerca de 130milhões. Obama marcou altos pontos também na preferência dos jovens, ganhando cerca de72% dos votos dos estreantes. No Brasil, onde vivem cerca de 60 mil norte-americanos, especula-se que a grande maioria votou em Obama, enquanto os evangélicos, nos EUA, optaram em massa por McCain. As pesquisas mostraram também que a maior preocupação de 62% dos que foram às urnas ontem nos EUA era com a crise financeira mundial. Se as pesquisas não estiverem inteiramente erradas, não apenas Barack Obama se elege presidente, como seu partido, Democrata, conquista sólida maioria na Câmara e no Senado. Ou seja, recebe um amplo mandato – e isso está exercendo uma influência positiva no ambiente econômico. Resumo da ópera: termina a desastrosa presidência Bush – na qual o capitalismo fixou associado à crise financeira – e entra um novo presidente, com a possibilidade de restabelecer a liderança política e econômica dos EUA.
Rua fechada em Chicago para a festa da vitória
Prefeito de Chicago, democrata Richard Daley, prevendo a vitória de Obama nas eleições e de Chicago para sediar Jogos Olímpicos de 2016 determinou o fechamento de uma rua iteira para o grande show comemorativo da vitória. Daley falou com o jornal “Chicago Tribune” logo depois de votar, no final da manhã ontem. Para ele, Obama como presidente vai aumentar as chances de Chicago sediar as Olimpíadas de 2016. Segundo ele, Obama vai ser o primeiro presidente saído de uma grande cidade desde John F. Kennedy, o que vai melhorar as perspectivas de políticas voltadas a centros urbanos como Chicago. “Ele vai ajudar todas as cidades”, disse. A previsão de uma grande festa em toda a cidade pela empolgação pela possibilidade de ver um conterrâneo se tornar presidente dos Estados Unidos fez as empresas de entretenimento da maior cidade de Illinois apelarem à promoção. A maioria dos espetáculos musicais da cidade está oferecendo ingressos pela metade do preço para a noite desta terça-feira (4). A oferta do grupo Broadway in Chicago, vinculada ao código “vote”, oferece ingressos por US$ 44 em homenagem ao 44º presidente do país. A promoção vale para shows como “Jersey Boys”, “Dirty Dancing” e “Wicked”. O site dos espetáculos avisa, entretanto, que os resultados da eleição também vão ser divulgados nos intervalos das apresentações.
Recorde de eleitores, sem o voto obrigatório
O comparecimento de americanos às urnas na eleição deste ano deverá bater recorde. Na eleição de 2004, 125,7 milhões votaram, 63,8% dos eleitores registrados. Desta vez, 153,1 milhões de pessoas se registraram para votar —número mais alto desde que foi permitido o voto feminino nos EUA, em 1920— e a expectativa é a de que 130 milhões compareçam. “Às 7h30 de hoje(ontem) tínhamos tantos votos quanto às 12h de 2004”, disse o mesário John Ritch, que trabalha em Chappaqua, rico subúrbio de Nova York. Em uma das seções eleitorais de Springfield, em Ohio, cerca da 200 pessoas votaram em menos de duas horas. “Estamos à frente do que costumamos ver”, afirmou Margaret MacGillivary, mesária na região há quase 20 anos, ao jornal “Springfield News-Sun”. Conforme o jornal, o diretor da comissão eleitoral do condado de Clark, Mark Oster, disse que o movimento nas seções eleitorais foi muito grande pela manhã, diminuiu no horário do almoço e deve voltar a explodir, no final da tarde. “Será o movimento das pessoas que estão saindo do trabalho”, disse à publicação local. Na Pensilvânia, o governador Edward G. Rendell pediu aos eleitores que tenham paciência. Quando as urnas na Primeira Igreja Presbiteriana de Allentown foram abertas, já havia mais de 160 pessoas em fila.
Chávez acredita em Obama
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, que mantém relações tensas com o presidente George W. Bush, disse ontem que Barack Obama,por quem demonstrou simpatia, “esteja à altura do que o mundo espera” e comece “relações bilaterais marcadas pelo respeito”. “Eu também acredito que Obama vai ganhar. Espero que [...] convença os poderosos dos EUA e as suas instituições de que é impossível que eles dominem o mundo”, afirmou Chávez, em ato público. O presidente disse ainda que espera que a relação com o novo presidente seja de “respeito, como irmãos e amigos”. “Queremos ser amigos do mundo e que o mundo seja nosso amigo”, disse Chávez, que expulsou recentemente o embaixador dos EUA de Caracas, em setembro, para demonstrar solidariedade à Bolívia, que teve seu representante diplomático expulso de Washington. A maioria dos hispânicos residentes em Nova York declarou ontem, na saída dos locais de votação, a preferência pelo candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama. Ao todo, 859 eleitores latinos vivem em uma comunidade na cidade. Ao serem perguntados sobre seu voto, a maioria dos latinos coincidiu em apontar o senador por Illinois como a melhor alternativa a atual administração, à qual atribuíram a crise financeira e o aumento do desemprego. A comunidade latina também baseou a escolha por Obama pela proposta de acabar com as deportações de imigrantes ilegais, pelo fim do conflito no Iraque e na melhoria das relações com a América Latina e dos serviços de saúde e educação.
Ricúpero: racismo ainda atrapalha
Em meio a um emaranhando de números que dá como certa a vitória de Barack Obama, o ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Rubens Ricupero, chama a atenção para a vantagem relativamente baixa do senador por Illinois. Explica: "A prova de que (o racismo) tem um certo peso é o seguinte: em condições normais, um candidato democrata agora deveria ter uma vantagem imensa, quinze, vinte pontos percentuais à frente. Por que não está? Isso não se explica pela qualidade do candidato adversário. A explicação só pode estar por aí. O Obama ainda luta contra essa desvantagem". Em entrevista a Terra Magazine, Ricupero, que foi embaixador em Washington entre 1991 e 1993 e ministro da Fazenda no governo Itamar Franco (1994), comenta as eleições norte-americanas. Para ele, o Brasil não tem nenhum “interesse específico” na eleição de nenhum dos dois postulantes à Casa Branca.
Bifurcação
Kathleen Parker Não seria exagero dizer que os americanos estão com os nervos à flor da pele. Esta temporada eleitoral interminável cobrou seu preço de amizades, casamentos e relações com colegas de trabalho. Nossos nervos estão no limite. Está. Quase. No. Fim. Um novo presidente será eleito, finalmente, e ... bom, e aí? Por mais que nós, americanos, gostemos de reclamar da política, também gostamos das discussões, das brigas internas, dos bate-bocas com os adversários externos, do debate belo e hediondo sobre o papel que o governo deve exercer em nossas vidas. É tudo uma grande confusão, mas é nossa confusão. Mesmo assim, esta era particular na história americana testou para valer nosso bom humor habitual. Desde o 11 de Setembro nosso país vive em estados alternados de choque, negação, histeria e mal-estar. A Guerra do Iraque nos dividiu, colocando vizinho contra vizinho. A crise econômica levou os americanos de classe média a voltar-se contra aqueles cuja cobiça nos levou à beira do colapso. Raiva e ansiedade são as emoções que nos dominam. Como todo o mundo já observou, ou vamos eleger o primeiro presidente afro-descendente, ou a primeira vice-presidente mulher. Bravo. Mas os desafios que este presidente vai enfrentar acabarão logo com nossos aplausos autocongratulatórios. A Guerra no Iraque pode mudar de rumo, dependendo de quem vencer a eleição. A ameaça do terrorismo persiste. A maioria dos americanos compreende, em algum nível, que em algum momento nos próximos anos seremos obrigados a defender nosso país. O fato de estarmos aguardando a próxima catástrofe -uma bomba escondida numa mala ou uma explosão no sistema de transporte de massas- faz a Guerra Fria parecer algo de um passado até pitoresco. Naquela época, pelo menos, sabíamos quem era o inimigo; sabíamos que ele era suficientemente lúcido para não querer morrer conosco. Nosso novo inimigo não se importa com isso. Esta eleição também tem o potencial de assinalar uma mudança de gerações. A chapa McCain-Palin representa não apenas o velho, mas o tradicional. Personifica a memória institucional da América. Obama representa o novo, o progressista, o que ainda não foi testado. Mas ele ingressa na luta com uma legião de jovens cheios de esperança e sedentos por mudanças. Os jovens sempre são assim. Finalmente, esta eleição opôs o chamado “americano comum” (Joe, o encanador, ou Joe Six-Pack, aquele que compra um engradado de seis cervejas) às elites, vistas como tal. McCain e Palin alimentaram esse fogo com ferocidade indecorosa, cavando fissuras profundas num momento em que não podemos nos dar ao luxo de ter nenhuma. Assim, o desafio maior do próximo presidente será lançar uma ponte sobre o abismo que nos separa e tentar alisar o gramado do campo comum onde jogamos. Nada fácil. Se Obama perder a eleição, os afro-descendentes provavelmente sentirão que ficaram de escanteio. De novo. McCain terá dificuldade em convencê-los de que não é o caso, graças à eficácia de Palin em levantar suspeitas de que Obama não é exatamente um de nós. Talvez o discurso de “eles e nós” não tivesse a intenção de alimentar o mal-estar racial, mas foi apreendido assim. Se McCain vencer, os efeitos sobre a harmonia racial serão sentidos por muito, muito tempo. O que virá a seguir, então? Esperança e mudança, a julgar pelas pesquisas. A esperança pode ser uma curva que não permite divisar o que vem a seguir, e a mudança pode não passar de uma promessa vazia, na qual só os inexperientes acreditam, mas elas não podem nos prejudicar, neste momento em que os americanos tentam lembrar quem são. Para melhor ou para pior, estamos nisto juntos. E as coisas vão se agravar. Precisamos de uma mão calma e firme no leme.
Fonte: Tribuna da Bahia

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