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quarta-feira, junho 04, 2008

Opinião - A lição dos vereadores de Campos

Villas-Bôas Corrêa
Por uma deleitável coincidência, a iniciativa do Ministério Público Federal de pedir à Justiça, em ação de improbidade administrativa, o afastamento e o seqüestro dos bens de todos os 17 vereadores da Câmara Municipal de Campos, atropela, na reta de chegada, a aprovação pela alvoroçada maioria na Câmara dos Deputados, por 419 votos da virtual unanimidade, contra oito gatos pingados que ousaram votar contra, da emenda constitucional que cria mais 7.500 vagas de vereador em todo o país.
O acidente aconteceu no trecho inicial do primeiro turno do percurso. Falta o bis do segundo turno e os dois turnos no Senado. E agora, como salta aos olhos da indignação nacional, ficou muito mais complicada a farra para agradar os prefeitos e vereadores que compõem a base eleitoral para a eleição e a reeleição de senadores e deputados federais.
De um puxão, caiu a máscara da impostura para exibir a face de uma jogada marota, escorada em argumentos que não resistem a um peteleco. Dá para desconfiar de saída que a promessa da drástica redução dos gastos das prefeituras com as câmaras é um jogo de cartas marcadas. Para começo do papo, se os vereadores estavam esbanjando o dinheiro da viúva com despesas indefensáveis, a solução natural e correta seria reduzir os repasses para o ajuste às efetivas necessidades dos ilustres representantes de cada município. A economia anunciada de R$ 1,2 bilhão é uma conversa para enganar os trouxas. Pois é claro que 59.514 vereadores do inchaço programado acabariam custando muito mais do que os atuais 51.748.
Além da multiplicação do numero de assessores, servidores, motoristas, gabinetes, cadeiras no plenário, a trampa finge ignorar a lição da experiência, dolorosa e inquestionável, que quanto maior o número de vereadores, como de deputados estaduais e federais e senadores, pior o nível da casa legislativa.
Uma cruzada para valer, com a seriedade do espírito público de que foi exemplo o saudoso senador Jefferson Péres (PDT-AM), não apenas sustentaria a redução de três para dois senadores por Estado, de 513 para não mais de três centenas de deputados federais e a poda de deputados estaduais e de vereadores seguindo os mesmos percentuais da campanha de reabilitação ética do Poder Legislativo. Na crista da onda, o Executivo da obesidade doentia dos 37 ministros e secretários do maior ministério de todos os tempos e com pior média de desempenho e o Judiciário, apesar da boa fase de excelentes decisões.
Esta cultura desleixada de compadrio, de levar vantagem, de enriquecer a qualquer preço é o fundo do cenário da corrupção da série de escândalos, quase sempre impunes, do segundo mandato do presidente Lula. Do mensalão para a compra de aliados, do caixa 2 para o financiamento de campanhas, das ambulâncias superfaturadas e demais jóias das falcatruas até o descalabro que nos expõe ao vexame internacional dos novos recordes do desmatamento da Amazônia. Em abril, foram desmatados 1.123 km², quase a área de todo o município do Rio de Janeiro.
E, para o nosso opróbrio, o desfile cínico das desculpas dos envolvidos nas culpas e lucros da degradação da floresta. O senador Mozarildo Cavalcanti, do glorioso PTB de Roraima, finge-se surpreso com o alarido em torno dos índices de desmatamento. Debocha: "O que é área de uma cidade como o Rio de Janeiro em relação à Amazônia? Isso é um número ínfimo". E rebate no mesmo falsete trocista: "O que querem impedir é o desenvolvimento da Amazônia".
Que tal este outro dado do monitoramento da Amazônia: a cada 10 segundos, desmata-se o equivalente a um campo de futebol?
Fonte: JB Online

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