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quarta-feira, junho 18, 2008

Gingko biloba não é eficiente, diz estudo

Cientistas britânicos contestam a eficácia do extrato
Um extrato vegetal usado por até 10% dos pacientes com mal de Alzheimer pode ser ineficaz no tratamento da doença, sugere um estudo do Imperial College de Londres, feito a pedido da Alzheimer's Society, entidade britânica que lida com a doença.
O extrato das folhas da árvore de Ginkgo biloba, empregado há séculos na medicina tradicional chinesa, costuma ser vendido como produto para melhorar a memória. Mas seis meses de testes com 176 voluntários com demência – de leve a moderada – revelaram que não houve diferença entre os que tomaram 120 miligramas diárias e os que tomaram placebo.
Foram avaliadas a atividade cerebral, inclusive testes de memória, e a qualidade de vida. Os resultados foram publicados no International Journal of Geriatric Psychiatry.
– Pesquisas anteriores sugeriram que a terapia alternativa teria um efeito pequeno, porém significativo. Mas os resultados que obtivemos oferecem as evidências mais sólidas até agora de que, infelizmente, o uso de Ginkgo biloba não é um tratamento eficaz para demência – afirma Robert McCarney, um dos chefes da pesquisa britânica.
O novo estudo é um dos mais longos e rigorosos a respeito da suposta eficácia da Gingko biloba e também não mostra progresso em relação à melhora do sistema cognitivo, nem à qualidade de vida. O experimento foi o primeiro a testar os efeitos da Gingko biloba em pessoas com demência em uma comunidade de portadores da doença no Reino Unido. Nenhum benefício significativo foi apresentado em um período de seis meses às 176 pessoas que sofrem de demência moderada
– Pesquisas demonstram que um em cada 10 doentes de Alzheimer usa Gingko biloba – atesta Robert McCarney. – Nossas pesquisas trazem evidências robustas de que o extrato não é um tratamento efetivo para demência.
Decepção
O professor Clive Ballard, diretor de pesquisas da Alzheimer's Society, lamenta o resultado da pesquisa. Mas mesmo assim, ressalta a sua importância.
– É decepcionante sabermos que a Ginkgo biloba não traz benefícios para pessoas com demência. No entanto, é uma descoberta importantíssima. Milhares de pessoas com demência, que buscam desesperadamente uma solução, costumam correr para comprar Ginkgo biloba, na esperança de que conseguirão melhorar a memória – diz Ballard. – Nosso país gasta mais de US$ 685 milhões por ano em remédios naturais. É importante sabermos o quanto realmente estas terapias são efetivas. Isto só é possível por meio de experimentos científicos rigorosos. Por isso, a Alzheimer's Society financiou este estudo.
Todos são afetados
Outro membro da Alzheimer's Society, a médica Daphne Wallis – ela própria portadora de demência – diz que pessoas em estágio inicial da doença entendem com mais clareza as implicações que um tratamento deveria ter na qualidade de vida. Segundo a médica, a notícia sobre a falta de efetividade da Gingko bliloba "afeta a todos nós diretamente".
– Pessoas com demência vão continuar buscando tudo o que elas puderem para ajudá-las a encontrar um tratamento eficiente e todos os caminhos têm de ser percorridos – afirma Daphne. – Gingko biloba sempre foi visto como um produto para o tratamento de pessoas com demência e precisávamos saber se realmente era eficiente.
Dados a respeito da doença dão conta de que uma em cada três pessoas consideradas idosas vai chegar ao fim da vida com alguma forma de demência. No Reino Unido, cerca de 700 mil pessoas já se encontram nesse quadro e metade delas sofre de Alzheimer. Em menos de 20 anos, as previsões são de que cerca de 1 milhão de pessoas desenvolverão a demência. Estimativas para 2051 dão conta que em torno de 1,7 milhão de britânicos irão sofrer de demência e que uma em cada seis pessoas na faixa dos 80 anos apresentarão sintomas da doença.
Instituição
A Alzheimer's Society, que financiou as pesquisas, é uma entidade beneficente que atua na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. A instituição vive de doações e á apoiada também por médicos, cientistas e parentes de vítimas do Alzheimer.
Fonte: JB Online

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