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domingo, junho 15, 2008

João baiano movimenta milhões no interior

Em ano eleitoral, prefeituras investem pesado nos festejos para garantir retorno financeiro aos municípios


Jorge Velloso
Por trás daquele forrozinho gostoso e do calor da fogueira de São João, muitos milhões de reais irão aquecer, mais uma vez, as festas juninas nos municípios baianos. As prefeituras estão se esforçando, montando megaestruturas e trazendo atrações nacionais de peso, afinal, 2008 é ano de tentativa de reeleição ou mesmo de despedida para muitos prefeitos, que querem encerrar a gestão com chave de ouro. O lado positivo é que, quanto maior a festa, maior é o movimento econômico, que deve beirar os R$500 milhões, segundo estimativas do governo estadual.
Não são apenas as cidades que tradicionalmente realizam a festa que receberão grandes atrações. Em Piritiba, distante 320 quilômetros de Salvador, por exemplo, o público vai poder conferir gratuitamente o show da dupla Zezé di Camargo e Luciano – que cobra cachê de aproximadamente R$300 mil. Em São Francisco do Conde, além dos irmãos famosos, participarão também dos festejos o sertanejo Daniel, o deputado federal por São Paulo e cantor Frank Aguiar e bandas que arrastam grandes públicos, como Calcinha Preta e Calypso.
A tranqüila Mucugê não vai ficar atrás e, apesar de ter sido castigada pelas queimadas e decretado estado de emergência há apenas sete meses, vai esquecer os problemas durante a folia junina e terá 18 bandas – de pequeno e médio porte.
Em cidades com maior tradição, a exemplo de Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Cachoeira e Santo Antônio de Jesus, a previsão é que o comércio mais uma vez tenha forte incremento e muitas casas sejam alugadas. Em alguns deles, o movimento em negócios se aproxima dos R$10 milhões durante os dias de festa.
Capital - Salvador também promete ter um São João “arretado”, com shows de estrelas como Alceu Valença e as pratas da casa Daniela Mercury e Margareth Menezes. E a festança já começou, principalmente no Centro Histórico. A capital nunca teve fama de reduto junino, mas o governo do estado está tentando mudar esse perfil em 2008, assim como pretende aquecer o mercado hoteleiro de cidades como Ilhéus e Porto Seguro.
De acordo com o secretário de turismo, Domingos Leonelli, o investimento para este ano é de R$10 milhões (R$4 milhões só em mídia), um aumento de quase 79% com relação ao ano passado, quando R$5,6 milhões foram destinados à folia junina da Bahia. Leonelli admite que as eleições de outubro influenciam os prefeitos a fazerem festas ainda mais bonitas, mas considera que a valorização do São João no estado é a grande beneficiada com isso.
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Investimento chega a R$1 milhão em cada festa
O clima hoje frio na praça do Bosque, em Amargosa, promete esquentar no próximo final de semana. A cidade do Vale do Jiquiriçá espera 90 mil pessoas diariamente, forrozeiros que movimentarão a economia da cidade com a compra de bebida, comida e o aluguel de pelo menos 1,2 mil casas, já que a capacidade hoteleira no município não garante a demanda do período. Segundo o prefeito, Valmir Sampaio, o investimento feito este ano será de R$980 mil, sendo que boa parte dos recursos é garantida através de anunciantes como Coca-Cola, cerveja Sol, Petrobras, entre outros patrocinadores. O prefeito afirma que, nos sete dias do São João, Amargosa movimenta cerca de R$9 milhões. “ Fazemos uma festa bonita e muito boa tanto para a população quanto para os visitantes”, diz Sampaio, que contratou, entre as atrações, a dupla Bruno e Marrone.
Na mesma animação estão o secretário de Cultura de Santo Antônio de Jesus, José Ernani, e o organizador da festa, Paulo Leal. “Este ano, vamos ter o melhor São João de todos os tempos, mas tenho certeza absoluta que o prefeito (Euvaldo Rosa) não está fazendo isso só porque é ano de eleição”, garante Leal. De acordo com os organizadores, o investimento na festa é de aproximadamente R$900 mil e estima-se que o evento na cidade chegue a movimentar R$12 milhões.
Em São Francisco do Conde, Amarildo Guedes, ex-secretário de cultura e turismo, confirmou a presença de várias estrelas do forró. Guedes afirma que as contratações, feitas antecipadamente, possibilitaram o pagamento dividido em três parcelas. Segundo ele, o investimento na festa é estimado em R$1 milhão e teve incremento de 10% a 15%, em relação aos anos anteriores. “É importante ressaltar que não deixamos de lado importantes setores, como saúde e educação, para destinar verbas para a festa”, salienta.
Nas pequenas cidades, o mercado não chegar a ficar tão aquecido, mas também conta com um incremento considerável. Em Mucugê, distante 447 quilômetros da capital, a prefeitura destina pouco mais de R$300 mil às bandas de forró pé-de-serra. De acordo com o secretário do Turismo e Meio Ambiente, Orenildes Oliveira, o município movimenta R$1 milhão. “Sem dúvida, as queimadas em 2007, quando o governador Jaques Wagner decretou estado de emergência, prejudicaram nossa cidade, mas não fizemos altos gastos para a festa, e priorizamos a cultura local”, destaca o secretário.
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Presidente da UPB chama atenção para os gastos
“Não posso falar em exagero por problemas éticos, porém acho os valores extraordinários”. Esta é a opinião do presidente da União dos Municípios da Bahia(UPB) e prefeito da cidade de Santo Estêvão, Orlando Santiago. Segundo ele, durante os festejos juninos, alguns prefeitos acabam sacrificando outros segmentos importantes do município para realizar megaeventos. “Mas a UPB não entra nessa questão. Apenas aconselhamos os prefeitos a serem bons exemplos e a agirem da melhor forma possível”, disse Santiago.
O advogado da entidade, Marcelo Neves, explica que nenhuma lei proíbe ou limita o uso de dinheiro público para a festa de São João. Segundo Neves, os prefeitos só não podem realizar shows sem qualquer motivação ou pedir votos abertamente antes e durante as apresentações.
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Festejos geram trabalho e renda
O economista Carlos Augusto Franco Magalhães acredita que o São João seja de tanta importância para as cidades do interior como é o Carnaval em Salvador. “Com o mínimo de investimento, as prefeituras conseguem gerar grandes valores. Possibilita mais impostos, assim como trabalho e renda”, destaca o economista.
Para Magalhães, cidades como Amargosa, Senhor do Bonfim e Cruz das Almas poderiam competir com Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, para movimentar valores ainda maiores. “Sergipe já descobriu isso há alguns anos e a Bahia só começou a investir agora. Não concordo que a maioria do dinheiro do governo seja voltada mais para a capital e cidades litorâneas. São João é festa para o interior”, citou Magalhães.
Fonte: Correio da Bahia

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