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domingo, junho 15, 2008

Grupo de 31 turistas assaltado em restaurante de Itaparica

Três homens armados levaram dinheiro e pertences dos visitantes


Alexandre Lyrio
O que deveria ser uma tranqüila e aprazível tarde de sol na Baía de Todos os Santos terminou em momentos de pânico para 31 turistas, entre eles, nove estrangeiros. O grupo foi saqueado ontem, por três homens armados, enquanto almoçavam em um restaurante na localidade de Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica. Usando de violência, armados com dois revólveres e uma faca, os bandidos levaram dinheiro, celulares, filmadoras, câmeras fotográficas, cartões de crédito e até objetos pessoais como correntes e alianças. O caso está sendo investigado pela Delegacia do Turista (Deltur), em Salvador, mas a polícia ainda não tem pistas dos assaltantes.
Depois de um passeio pela baía, os turistas tinham acabado de desembarcar da escuna Maria Morena para almoçar no Restaurante e Pousada Recanto da Praia. Por volta das 14h, os bandidos entraram no estabelecimento e anunciaram o assalto. Segundo depoimento das vítimas, enquanto dois assaltantes fizeram reféns o dono do restaurante e mais uma pessoa não identificada, o terceiro saqueava as mesas com a faca em punho. Ainda não se sabe o valor total do que foi levado, mas alguns turistas declararam à polícia prejuízos que chegam a R$5 mil.
No grupo, havia turistas ingleses, belgas e americanos. Durante o assalto, parte deles foi obrigada a deitar no chão. Alguns chegaram a ser agredidos. “Eles foram muito violentos. Não havia necessidade disso. Tem 28 anos que faço esse mesmo passeio e nunca vi nada parecido na Ilha de Itaparica”, atesta o guia responsável pelo grupo, Ciro Leal. Somente os funcionários do restaurante teriam sido poupados pelos bandidos. “Disseram que só queriam os barões”, conta o gerente, que preferiu não se identificar. Do caixa do estabelecimento levaram somente R$70. “Eram os nossos primeiros clientes do dia”.
De acordo com um turista alagoano, o único segurança do restaurante fugiu durante a ação. Uma viatura da polícia só chegou ao local meia hora depois. “Eles foram omissos. Disseram que a responsabilidade pela nossa segurança era da Pousada. Isso aqui é terra de ninguém”, reclamou o visitante de Maceió. O grupo foi orientado a prestar queixa na capital. Os policiais que atenderam a ocorrência teriam informado que a unidade da Ilha estava sem delegado.
Ainda tensos, os turistas foram trazidos de volta para Salvador na mesma embarcação. Depois de chegar ao Terminal Náutico da Bahia, na cidade baixa, seguiram direto para a Deltur, no Pelourinho. A maioria dizia estar revoltada com a facilidade com que os bandidos agiram. Prometiam nunca mais retornar à Bahia. “Eles não tiveram pressa para nada. Pareciam ter certeza de que não seriam pegos. Aqui eu não volto mais, não”, disse o casal de mineiros Cláudia Queiroz e Marcos Borges.
Ainda com roupas de banho, os turistas prestaram depoimento à delegada plantonista, Maria Aparecida Guedes Martins. Ela disse que não são comuns os casos de assaltos a grupos de visitantes na Ilha de Itaparica. “Foi um caso isolado. Estamos fazendo uma lista dos pertences roubados e amanhã mesmo daremos início às investigações”, garantiu. Numa tarde que deveria ser de sombra e água fresca, sobraram recordações de violência para levar pra casa. “As pessoas vêm gastar dinheiro na Bahia e são recebidas dessa forma. As autoridades não vão fazer nada?”, questiona o guia responsável pelo grupo.
***
Ameaças e agressões dos bandidos
“Eu quero ir embora desse lugar hoje mesmo. Não quero ficar mais um minuto nessa cidade”. O depoimento é de um casal de turistas paulistas, agredido pelos assaltantes. Nilton e Yêda Melo planejavam ficar em Salvador até a próxima terça-feira, mas resolveram abortar a viagem. Ambos narram momentos de verdadeiro terror. Mesmo sem esboçar qualquer reação, Yêda levou um soco nas costas. O marido chegou a sentir a lâmina de uma faca na garganta. “Eles ameaçavam nos matar a todo o instante. Foi o momento mais terrível de minha vida”, conta Yêda, que, além dos danos emocionais, calcula um prejuízo financeiro de R$4 mil, entre dinheiro, câmera fotográfica e celulares. Uma outra turista também teve a faca apontada para o seu pescoço. A terapeuta Ângela Maria Santos Masuco mora em Londres, na Inglaterra, e veio para a Bahia acompanhada do marido, o inglês Michael Wesh. “Vim aqui mostrar a ele as maravilhas do meu país. Infelizmente, não vamos levar boas recordações”, lamentou.
Fonte: Correio da Bahia

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