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segunda-feira, novembro 05, 2007

Tiros, pânico e morte em Placaford

Por Luiz Alberto Brito e Silvana Blesa
Numa operação que começou por volta das 8 horas, e terminou no início da tarde de ontem, no Bairro de Placaford, orla de Salvador, a polícia desbaratou uma quadrilha que vinha barbarizando e assustando a população de Itapuã, Placaford e Piatã. A ação resultou na morte de um bandido e em ferimentos graves em outro e nas prisões de quatro elementos. Um dos bandidos morreu ao dar entrada no Hospital Roberto Santos. O outro ferido foi socorrido por policiais, mas até o final da noite de ontem não tinha dado entrada em nenhum hospital. A tradicional tranqüilidade da manhã de domingo em Placaford, um bairro basicamente residencial, foi interrompida pela troca de tiros de escopetas e metralhadoras, no confronto entre a polícia e a quadrilha de assaltantes, que tinha se estabelecido, com o aluguel de um sobrado, número 34, na Rua Ozzi Miranda, há cerca de 20 dias, com ações estendidas à Rua Mandiguaçú. Logo cedo a polícia perseguiu dois suspeitos que estavam no Pálio vermelho, placa JQJ-4908. Depois de bater em três outros veículos o Pálio derrubou um muro, sendo os bandidos dominados. Interrogados, indicaram onde estava outro grupo que fazia parte do bando, no sobrado da Rua Ozzi Miranda. Na casa estavam apenas quatro homens, que receberam os policiais a tiro e tentaram fugir. Eles saltaram dois muros das casas vizinhas, deixando sacos de dinheiro pelo caminho, e acabaram invadindo uma residência, na Rua Mandiguaçú, onde dominaram duas mulheres, mantendo-as como reféns durante várias horas. Uma delas, dona Valdíria, de 80 anos que usa cadeira de rodas, passou mal com o susto e por ficar sob a mira de uma arma em sua cabeça e presenciar a morte de um bandido em sua residência e ver o outro sendo ferido. As mulheres foram depois amparadas por familiares que a levaram a uma clínica particular. Depois de muitas horas de negociação, policiais conseguiram chegar ao telhado da residência e viram que as reféns haviam sido colocadas num dos banheiros, enquanto os quatro bandidos estavam em outro cômodo. Foi dada então a ordem de invasão, seguindo-se intensa troca de tiros. No final, mais dois bandidos acabaram presos e os outros dois foram metralhados. Um morreu ao chegar ao hospital e o outro desapareceu depois de socorrido por policiais. A polícia diz que ele fugiu em direção à invasão de Malvinas, ou Bairro da Paz. No casarão alugado pelos bandidos a polícia apreendeu muita munição, dinheiro em cédulas de R$ 100 e R$ 50, num montante não revelado, e várias armas de grosso calibre, além de maconha. Durante a operação foram recuperados quatro carros e uma moto, tomados de assalto pelo bando. De acordo com a polícia, ainda existem outros homens e duas mulheres integrantes da quadrilha, que já estão identificados e estão sendo procurados. A Praça Dias Gomes do bairro de Placaford se transformou numa área de “guerra”, com a presença de dezenas de carros e policiais, do DCCP – Departamento de Crimes contra o Patrimônio; do COE – Companhia de Operações Policiais; da 12ª Delegacia de polícia Civil, e Polícia Militar. Durante as negociações, a polícia invadiu a residência e um bandido foi morto com seis tiros, um outro foi baleado e socorrido pela polícia para um Hospital. A operação começou nas primeiras horas da manhã de domingo, com a localização do Gol azul, tomado de assalto, estacionado na Rua Ozzi Miranda. Policiais fizeram campana na Mercearia Favorito, na mesma rua, na expectativa da chegada dos assaltantes para efetuarem a prisão. Só que enquanto parte da quadrilha estava no sobrado de número 34, a outra vinha agindo na região com assaltos e seqüestros, mas já tinha sido identificada por um policial da 12ª Delegacia, que mora em Placaford, que pediu apoio do DCCP. No exato momento em que a quadrilha tentava assaltar o condomínio Santa Bárbara, e foi repelida à bala pelo segurança, chegava à primeira guarnição da DCCP, sob o comando do policial Saulo Paim, que perseguiu dois assaltantes no Palio JQL 4908. na perseguição e troca de tiros, o carro conduzido pelos bandidos chocou-se contra outros três automóveis até bater contra um muro. Os dois assaltantes foram presos. Estava apenas começando a manhã de terror no Bairro de Placaford. “Nada seria possível para a polícia se não fosse à colaboração e até mesmo a ação direta da comunidade de Placaford nesta ação”. As palavras do policial Saulo Paim, do DCCP, que comandou toda a operação, resume a participação da comunidade na ação da polícia. Em função da fuga, da invasão de residências, da troca de tiros na perseguição e a suspeita da presença de outros bandidos, escondidos nas casas, os moradores do quarteirão entre as ruas Ozzi Miranda e Mandiguaçú, literalmente abandonaram suas residências e correram para a Praça Dias Gomes, com medo de serem tomados como reféns, ou vitimas de balas perdidas. Quando o corpo do bandido que tinha tomado duas mulheres como reféns, saiu da casa crivado de balas e carregado pelos policiais da COE, houve uma histeria na Rua Mandiguaçú, com os moradores vibrando, gritando, aplaudindo. “Estamos fartos, revoltados com o nível de bandidagem, de criminalidade em nosso bairro. Difícil é saber quem já não foi assaltado, seu carro roubado, aqui em Placaford”, desabafou o morador da Rua Ozzi Miranda, René Costa.
Fuga, invasão, tensão e muitos tiros
; O que a polícia não sabia, é que a prisão de dois assaltantes do Condomínio, estava diretamente ligada à campana de um outro grupo de policiais, para a prisão dos assaltantes do automóvel tipo gol, estacionado na porta do sobrado número 34. No interrogatório sobre as ações no bairro, eles “entregaram” o endereço da casa que tinham alugado como ponto de ações da quadrilha, concentrando as ações da polícia na casa 34 da Rua Ozzi Miranda. Na chegada, a polícia arrombou a porta do sobrado e conseguiu deter dois bandidos, mas dois escaparam pelos fundos, levando armas pesadas e uma mochila de dinheiro, cheia de notas de R$ 50,00 e R$ 100,00, fruto dos assaltos na região, dando início a uma ação cinematográfica, com a troca de tiros, pelas casas que formam um quarteirão no Bairro de Placaford. Na fuga, um dos bandidos, baleado com tiro de fuzil, deixou cair à mochila, espalhando o dinheiro no quintal de uma das casas invadidas, e o outro fez duas reféns num sobrado da Rua Mandiguaçú. As negociações com um dos bandidos levaram cerca de 50 minutos, até a polícia descobrir que as duas mulheres, entre elas, uma senhora de 80 anos, numa cadeira de rodas, tinham se trancado no banheiro, e que o assaltante estava isolado no quarto. Depois da troca de tiros – “eu contei 19”, afirma um dos moradores – o bandido, branco, cabeça raspada, sarado (muito forte), com os braços cheio de tatuagens, foi mortalmente ferido e saiu da casa carregado pelos braços e pelas pernas por policiais do COE (fardamento todo preto e armados com metralhadoras, semelhante ao uniforme do BOPE, do filme Tropa de Elite) com o corpo crivado de balas e jogado numa caminhonete. A caminhonete saiu em disparada, mas a ação da polícia não tinha acabado. A informação é de que a quadrilha é bem maior, inclusive com a participação de mulheres, e houve uma “varredura” da tropa em todas as casas da região. Mas os policiais do DCCP conseguiram resgatar o contrato de aluguel do sobrado da Rua Ozzi Miranda, com nomes do fiador e até de uma empresa que deu referências para os bandidos, e muitas prisões ainda devem acontecer nas próximas horas. Um dos bandidos baleados pela polícia durante a ação e socorrido para algum Hospital da cidade, não foi localizado. Policias informam que o baleado foi encaminhado para o Hospital Roberto Santos, mas o posto da Polícia Civil instalado dentro da unidade, disse que não chegou nenhum baleado no local. E explicou que um rapaz praticamente morto deu entrada ontem pela manhã, vindo de Placaford carregado por policiais, mas já chegou em óbito. Há uma outra versão de alguns policiais que o baleado fugiu pelos fundos, sentido Bairro da Paz. Sendo que o Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), que está a frente das investigações, não sabia informar se o baleado fugiu ou se foi socorrido. E negou em passar qualquer tipo de informação sobre o caso para a imprensa. Testemunhas que aglomeravam no local onde aconteceu o crime, informou ter visto um dos assaltantes baleado sendo levado pala polícia, sendo que o bandido até o fechamento desta edição não tinha sido localizado em nenhum Hospital.
Fonte: Tribuna da Bahia

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