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quarta-feira, maio 17, 2023

Quantos morreram por causa de vacina da AstraZeneca contra a Covid?




O número de processos abertos na justiça na Grã-Bretanha dá um retrato: são dezenove por morte e 364 por sequelas graves. 

Por Vilma Gryzinski

A questão é tão politicamente explosiva que todas as respostas podem induzir a erro. A turma que ficou contra a vacina fala, nos Estados Unidos, em muitos milhares e até milhões de mortes. Do lado oposto, um site médico sustenta que, com 270 milhões de americanos vacinados, houve apenas três mortes – uma hipótese improvável que tornaria as vacinas contra a Covid-19 as mais seguras da história.

Talvez um dos indicadores esteja na Grã-Bretanha, onde foi maciça a vacinação com a fórmula desenvolvida pioneiramente pela universidade de Oxford em colaboração com o laboratório anglo-sueco AstraZeneca: o número de processos de famílias que pedem indenização por parentes que morreram ou sofreram sequelas graves e cujos casos foram admitidos pela justiça. São dezenove no primeiro caso e 364 no segundo.

É um número muito baixo, considerando-se que a vacinação cortou radicalmente os índices de letalidade e permitiu a reabertura do país, diminuindo assim as terríveis consequências para outros tratamentos de saúde e os prejuízos materiais e emocionais sofridos por famílias sem contato, crianças sem aula, empresas sem atividade e enorme distribuição de dinheiro feita pelo governo para evitar a derrocada geral, mas que agora se reflete em inflação e endividamento, um fenômeno generalizado.

Quando se sai da frieza dos números para sua face humana, como fez o jornal Daily Mail, é de cortar o coração. A “face” mais conhecida é a de Lisa Shaw, apresentadora da rádio BBC em Newcastle. Ela morreu em maio de 2021, deixando um filhinho hoje com oito anos. Seu marido, Gareth Eve, diz que não é contra vacinas, mas também não quer deixar a história da mulher passar em branco.

Eve tem o atestado de internação do hospital onde Lisa deu entrada com “trombocitopenia trombótica induzida por vacina”. Lisa passou por uma cirurgia no cérebro para aliviar a pressão provocada pelos coágulos sanguíneos, mas acabou morrendo aos 44 anos. O atestado de óbito cita especificamente a vacina da AstraZeneca.

Coágulos sanguíneos de consequências letais também causaram a morte de Tom Dudley, de 31 anos. Ele teve múltiplos trombos e morreu três dias depois de ser internado. Os coágulos cerebrais sofridos por Jack Hurn, de 26 anos, foram qualificados de “catastróficos”. Kelly Deunley, de 38 anos, sofreu trombose venal profunda. Oli Akram Hoque estava com dores de cabeça alucinantes e vomitando sangue quando foi internado. Morreu um mês antes de completar 27 anos. Alpa Taylor tinha 35 anos quando morreu, também de AVC.

A juventude das vítimas mostra como pessoas jovens foram desproporcionalmente afetadas pelos coágulos, o que acabou levando as autoridades sanitárias a não recomendar a AstraZeneca numa faixa etária mais baixa.

A “vacina de Oxford”, como era conhecida no começo, é um imunizante “clássico”, sem interferir nos mecanismos do DNA, feita com vírus de resfriado extraído de chimpanzés e modificado em laboratório para “parecer” com as proteínas do coronavírus causador da covid-19, induzindo uma resposta imunológica que fica guardada na memória celular caso a doença real seja contraída.

O que pode dar errado? O vírus modificado atrai uma proteína chamada fator plaquetário 4 e, em um em dez mil casos, o sistema imunológico confunde-o com o vírus real, atacando-o. Os anticorpos se aglutinam anormalmente no fator plaquetário, desencadeando os trombos.

Outra sequela: a síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica grave que começa com a paralisação dos membros inferiores e vai subindo, chegando em alguns casos a interferir no processo respiratório. E mais uma, a paralisia de Bell, que afeta um lado da musculatura facial.

Atestar a causa da morte relacionada com a vacina é um primeiro passo para entrar com processo por indenização. Os eventuais pagamentos serão de responsabilidade do governo britânico por causa do acordo feito com os laboratórios, da mesma forma que nos Estados Unidos: por causa da extrema emergência e da corrida que abreviou o tradicional processo de testes, eles foram eximidos de responsabilidade indenizatória.

Esse acordo, obviamente, não cobre a atual briga de produtores de vacina: a Moderna está processando a americana Pfizer e sua parceira alemã BioNTech, sob a acusação de que copiaram uma tecnologia que lhe pertencia e havia sido desenvolvida em anos de pesquisas, a do mRNA.

A emergência ainda está viva em nossa memória – embora os seres humanos tendam a apagar mais rapidamente experiências ruins. Não só nós, o público comum, não sabíamos exatamente o que estávamos enfrentando, como também os governos e até as autoridades médicas. Foram cometidos erros tanto na parte dos pró como dos antivacinas.

Pecar por excesso foi uma reação normal, mas Marty Makary, cirurgião e professor da Johns Hopkins, defendeu recentemente, perante uma subcomissão da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, que o governo americano foi “o maior perpetrador de desinformação durante a pandemia”.

“Desinformação dizendo que a Covid se propagava através de superfícies contaminadas, que a imunidade dos vacinados era muito maior do que a natural, que as máscaras funcionavam, que a miocardite era mais comum depois da infecção do que da vacina, que pessoas jovens se beneficiam da dose de reforço”.

“Isso nunca foi fundamentado, é por isso que o Centro de Controle de Doenças nunca revelou os índices de hospitalização de pessoas abaixo dos 50 anos que receberam a dose de reforço”.

Obviamente, Makary não faz o raciocínio oposto: onde estaríamos se não fosse pela vacinação em massa?

Analisar de maneira objetiva todos os dados é obrigação de quem quer – e precisa – aprender com as experiências tão extremas que a Covid-19 desencadeou. Os respectivos exageros foram tão grandes que a Califórnia chegou a aprovar uma lei que previa reprimendas a médicos como Marty Makary, que discordam das posições dominantes do “consenso científico”.

Felizmente, um juiz suspendeu o atentado à liberdade de discordar e de propor teorias alternativas, sem a qual a ciência se afunda.

Em todos os países onde a vacinação foi disponibilizada, as populações escolheram, em massa, ser imunizadas. Mesmo quem tinha consciência de que estava correndo algum risco concluiu que a doença era um perigo muito maior.

Só não vale esquecer as que fizeram o mesmo cálculo e, mesmo em pequeno número, pagaram o preço máximo.

Revista Veja

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