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sexta-feira, maio 19, 2023

A arte de fraudar a lei

 

A arte de fraudar a lei

A cassação de Deltan Dallagnol pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tirou os holofotes do escárnio do Congresso diante da mesma Justiça Eleitoral  e sobretudo de todas nós  com a admissibilidade da PEC que a proíbe de punir os delitos cometidos pelos partidos durante a campanha eleitoral: do cumprimento de cotas para candidaturas de mulheres, negros e indígenas a irregularidades na prestação de contas. Aquela que o jornalista Ricardo Kotscho chamou apropriadamente de “PEC da bandalha”.

Se puniu com justiça a fraude à lei cometida pelo ex-procurador da Lava Jato, que tentou se valer da antecipação de sua aposentadoria para escapulir da Lei da Ficha Limpa, agora a Justiça Eleitoral está sob forte ameaça de ver sua regras ignoradas em assuntos primordiais, como a diversidade de gênero e raça no Congresso, que está longe de espelhar a sociedade brasileira. 

Aliás, a fraude à lei é examinada diariamente pelo TSE no caso das candidaturas femininas, como contou o advogado Henrique Neves, ex-ministro do TSE, no Assunto de ontem, comentando o delito praticado por Dallagnol. 

“Quando você lança uma candidata, é um direito seu. Você está lançando uma candidata mulher para poder lançar dois homens. Só que isso é fraude à lei a partir do momento que você verifica que, apesar de ser um direito, ele não é um direito que visa à candidatura, mas ao preenchimento de uma vaga para poder lançar os dois homens. Aquela pessoa às vezes nem sabe que é candidata, não faz campanha. É um faz de conta”, explicou. 

O que escancara o cinismo dos partidos  da oposição ao governo  ao golpear o TSE apoiando uma PEC que, além de perdoar irregularidades financeiras, busca contornar o direito de negros, mulheres e indígenas de participar efetivamente da vida pública, como prevê a Constituição. Dá pra desconfiar de quem fala tanto em democracia sustentando uma atitude dessas.

Em uma semana que começou com a vitória do governo com a aprovação de urgência na Câmara das novas regras fiscais  que soa como um “finalmente o ano vai começar” , e que a cassação de Dallagnol teve o sabor da justiça para todos os que acompanharam suas peripécias para burlar lei  muitas delas reveladas pela Agência Pública , é melancólico constatar o quanto a nossa democracia está longe de se completar.



Marina Amaral
Diretora executiva da Agência Pública

marina@apublica.org
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Da Redação

A indicação desta semana é da nossa editora, Mariama Correia:

"Paixão simples", da vencedora do Nobel de Literatura Annie Ernaux, me pegou na primeira frase: "Desde setembro do ano passado, não fiz outra coisa além de esperar por um homem: que ele me telefonasse e viesse à minha casa." Afinal, quem nunca viveu a tormenta de uma paixão intensa assim? O livro é um relato pessoal, à flor da pele, mas também o li como um manifesto à intensidade dos sentimentos, nesses tempos em que a liquidez dos afetos me deixa mareada. Esse foi o segundo livro de Ernaux que li de uma tacada só. Antes, "O Acontecimento", onde ela narra a experiência de um aborto clandestino na juventude, me deixou perplexa tanto com a história quanto com a forma que a autora deu à narrativa. Li algumas reportagens que tentam explicar por que os livros de Ernaux conquistaram uma legião de leitoras mulheres, inclusive muitas jovens. Talvez a chamada "Ernauxmania", da qual aparentemente estou me tornando parte, possa ser explicada nas próprias palavras da autora, que classifica sua narrativa como a de uma "jovem mulher, confrontada com o desprezo social e a dominação masculina.”
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