“Esse grupo não nos representa”, diz presidente da Amab sobre desembargadores alvos de operações policiais
Por Camila São José
À frente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) desde fevereiro deste ano, o desembargador Julio Travessa afirma que o objetivo da entidade é recuperar o prestígio da categoria e aproximá-los da sociedade. Em conversa com o Bahia Notícias, durante o Congresso Direito e Sustentabilidade, em Salvador, Travessa criticou a imagem generalizada dos magistrados baianos diante de escândalos criminais, como a Operação Faroeste.
O desembargador reforçou que “a maioria esmagadora dos magistrados e magistradas da Bahia” exerce o trabalho com “respeito e honestidade”.
“Muita coisa é divulgada aí nas redes sociais, nos veículos de imprensa, que eu acho que tem que divulgar, sobre a atuação de alguns magistrados envolvidos em crimes, amealhados por operações aí. Esse grupo não nos representa. Quem nos representa, a Amab, são as magistradas e magistrados da Bahia que agem com honestidade, que é um dever do funcionário público. Ser honesto sendo funcionário público não é uma virtude, é uma obrigação, mas hoje em tempos em que se coloca em dúvida a idoneidade das pessoas, a gente sempre reafirma”, defendeu.
Sem citar especificamente a Faroeste, Julio Travessa falou que o posicionamento da Amab não é uma crítica direta a nenhum desembargador ou juiz.
“A Amab não está julgando, criticando nenhum colega, nenhum magistrado que está respondendo a processo criminal. Eles são associados. Nós temos uma estrutura jurídica, em que o associado tem direito, mas o nosso propósito hoje é outro. A nova Amab hoje tem outro viés. O nosso viés hoje é justamente aproximar as magistradas e magistrados da Bahia da sociedade, mostrar que nós não temos receio de nada, que não estamos escondendo nada. Nós estamos querendo aprender com a sociedade para que a gente possa julgar com mais acerto e com mais agilidade, esse é o nosso objetivo”, ressaltou.
Travessa enfatizou que mesmo com condições ruins de trabalho, os magistrados baianos se esforçam nas suas funções. “Estamos aqui representando esses magistrados e essas magistrados que trabalham diariamente, que têm dificuldades de exercer a judicatura em razão às vezes da falta de estrutura, falta de aparelhamento, mas o presidente do Tribunal hoje, o desembargador Nilson Castelo Branco, está sensível a isso, vem nos ajudando muito para que a gente possa transformar o poder judiciário da Bahia, voltar a ganhar aqueles prêmios que nós ganhávamos há oito, nove anos atrás”.
Fundada em 24 de fevereiro de 1965, a Amab hoje representa cerca de 800 magistrados da ativa e aposentados. No âmbito da Operação Faroeste, ao menos cinco desembargadores são investigados, além de juízes. Na Justiça do Trabalho, apurações da Operação Injusta Causa resultaram na aposentadoria compulsória de três desembargadores.