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sexta-feira, outubro 26, 2007

Senador deve se manter afastado até 2008

BRASÍLIA - O PT do senador Tião Viana (AC) deve passar o Natal e virar o ano à frente da presidência do Senado. Trabalham para isso tanto o Palácio do Planalto quanto os governistas do PMDB ligados ao presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador José Sarney (PMDB-AP). Mas isso não significa que a cúpula peemedebista do Senado abriu mão da cadeira de presidente.
A idéia de adiar a sucessão para 2008 é parte da estratégia de resguardar o PMDB de uma investida petista para tomar-lhe o comando do Congresso. O governo quer, na prática, evitar qualquer tumulto político que ponha em risco a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), empreitada que só termina, na melhor das hipóteses, no fim deste ano. Esse “acordo de procedimentos” foi adotado diante da movimentação de Tião Viana e de setores do PT para efetivá-lo no cargo.
Ficou decidido que Renan não renunciará à presidência do Senado, mesmo sabendo que não voltará a se sentar na cadeira de presidente – não haverá renúncia à presidência para deixar claro ao PT que o cargo é da bancada peemedebista. Assim, Renan ganha força política para negociar a manutenção de seu mandato com os aliados do governo e da oposição (PSDB e DEM) até o fim do ano, enquanto os senadores examinam as representações contra ele no Conselho de Ética. Traduzindo: o governo ganha tempo e tranqüilidade política para decidir a CPMF e Renan dá tempo ao colegiado para arrumar um jeito de preservar seu mandato.
Para escapar dos quatro processos que responde no Conselho de Ética, Renan poderá renovar seu pedido de licença, que termina no dia 25 de novembro. Segundo um aliado do senador, ele está buscando uma saída para deixar definitivamente o cargo. Embora a força de Renan resida na ameaça clara de voltar à presidência do Senado a qualquer instante, a idéia de ter o vice Tião Viana na cadeira de titular comandando a votação da CPMF agrada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele só veio a público dizer que o cargo de presidente do Senado é do PMDB para dar um recado direto ao PT: o Planalto não aceita nenhuma movimentação de petistas que possa tumultuar o ambiente político e dificultar a aprovação da CPMF.
Ganhar tempo para eleger o sucessor de Renan também tem serventia para a bancada do PMDB do Senado, uma vez que não há um candidato natural ao posto. O líder do PMDB na Casa, senador Valdir Raupp (RO), admitiu ontem que a sucessão de Renan está deflagrada dentro da sigla. Reafirmou também que não há mesmo um nome de consenso, mas citou os principais cotados: Neuto de Conto (SC), João Maranhão (PB) e Garibaldi Alves (RN).
Sobre a possível saída de Hélio Costa do Ministério das Comunicações para retornar ao Senado e tentar assumir a presidência da Casa, Raupp afirmou que a movimentação pode ocorrer. “Mas isso não garantiria que o Hélio seria o futuro presidente”, advertiu. “Seria despir um santo (o ministério) para vestir outro”. Quanto à vaga de presidente do Senado, Raupp foi taxativo: “Se abrirmos mão da vaga para um mandato tampão, depois vão querer que a gente abra mão totalmente”.
Fonte: Correio da Bahia

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