Por MEDEIROS, Kelton
A presente película é das que fazem críticas gerais que ao mesmo tempo possuem alcance específico. Críticas da amplidão de Dogvill
Entre impunidade e autoritarismo: força e honra ? Tropa de Elite (BOPE) A presente película é das que fazem críticas gerais que ao mesmo tempo possuem alcance específico. Críticas da amplidão de Dogvill (a trilogia ?antiamericana? como todo etc.). Ou seja, que colocam em cheque valores fundadores da nossa sociedade, no entanto, diferentemente do filme mencionado onde uma identificação com os personagens é feita apenas de início, já que ao longo da história o caráter de todos vai se desconstruindo, em Tropa de Elite até o final o telespectador é levado a se afeiçoar por um dos grupos retratados. * (Isso sem levar em consideração analises de microhistória onde poderíamos analisar os acontecimentos pela ótica de uma das mães ou esposas dos personagens). De tal maneira, que a interpretação desta grandiosa obra (que transcende as particularidades nacionais e a partir delas, ganha alcance universal tornando-se ? ao menos quanto ao conteúdo ? uma obra ?clássica universal? de maneira semelhante a Redentor.). Propicia grande complexidade semântica. Um jovem rapidamente poderia se identificar com o grupo de universitários que o que fazem de ilegal é comercializar drogas (ou seja, diretamente, não prejudicam ninguém.) além de atuarem na favela como agentes sociais. Porém, o próprio filme critica abertamente este grupo e dois valores dos quais eles seriam defensores: fraternidade e liberdade. Pois, o dinheiro que estes universitários (e por extensão as classes média e alta.) utilizam para usar drogas é um dos alicerces do narcotráfico. Outra crítica a esse grupo, esta implícita, desrespeito a esteriotipação e autoritarismos intelectuais, visíveis quando o policial (acadêmico de direito, sendo que os colegas de faculdade não sabiam que era policial.) Matias discorda em sala de aula do consenso da turma de que todo policial era autoritário. Outros grupos que são retratados (de maneira focalizada.) pelo narrador (capitão da tropa de elite.) são os traficantes, tidos como alvos que devem ter seus julgamentos feitos à bala; e os policiais (fala-se de policiais convencionais, ou seja, que não são de grupos especiais e dentro destes os corruptos.) corruptos, cúmplices dos primeiros. Mas, novamente, o narrador faz ressalvas, quanto ao chefe de um dos morros diz que não sabe como a história deste começara, deveria ter tido uma infância fudida, não deve ter tido escolhas. Ou seja, fica clara a postura de consciência pela qual sabe-se que os próprios traficantes são vítimas. (o que, no entanto não justifica impunidades, tanto que são tratados com exemplar rigor.) Mas, pior ainda são os indivíduos que, mesmo tendo escolhas, se envolvem em tais crimes. Como os usuários universitários. Quanto aos policiais corruptos, como é defendido enfaticamente, são cúmplices, e, portanto, criminosos que devem ser presos. E obviamente outro grupo retratado é a própria tropa de elite que à época do narrador, em mil novecentos e noventa e sete, contava com um contingente de cem homens. Este grupo é treinado pra agir de maneira extrema em momentos extremos. Gerando uma circunstância perigosa, o abuso de poder. O fato é que são muitos culpados, muitas vítimas, variadas causas, gerando uma conseqüência: violência. Quanto aos policiais convencionais é realmente honrado de mais acreditar que alguém que tenha filhos irá arriscar a vida constantemente por um salário de quinhentos reais (como um dos personagens afirma, Capitão Fabio.) em um país onde o presidente do senado é envolvido em escândalos e o presidente da república ?não sabe de nada?. A necessidade de uma progressão salarial é evidente, além de uma reforma na própria instituição (e são muitas as propostas técnicas, como unificação das forças civil e militar.) juntamente com uma reforma na legislação que priorize penas sociais. Aliado a um investimento maciço no sistema carcerário. (Ou seja, colocar na ordem do dia discussões que os técnico em segurança pública fazem a décadas.). Quanto aos universitários, talvez devessem ser usados como exemplo paradigmático à construção de uma discussão, que no Brasil é praticamente inexistente, a saber: a legalização da maconha e / ou de outras drogas. Mas, também, este grupo de indivíduos pode ser utilizado para pensarmos em leis restritivas mas específicas e eficazes. (como a lei seca que está sendo proposta em Fortaleza ? CE, onde se proíbe comercialização de álcool a determinada distancia de estabelecimentos de ensino.). Pois, da maneira que está é fato que os usuários da classe média acabam colaborando para o narcotráfico, que poderia ser transformado em forma de comercio legal e, portanto menos danosa a sociedade. Falar dos traficantes é igualmente complexo. Trata-se de ?cidadãos de outra cidade? que coexiste com uma ?cidade oficial?, no caso Rio de Janeiro. Que desde nascidos convivem com estruturas mentais próprias como o expurgo à delatores. (basta ouvir Bezerra da Silva.). * Aqui caberia perfeitamente a abordagem que Clint Eastowood utilizou em A conquista da Honra e cartas a Iwo Jima, 2007.
Email:: keltonmedeiros@ig.com.br
Fonte: CMI Brasil
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