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terça-feira, outubro 30, 2007

Nova droga contra câncer é aprovada

Cristine Gerk
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem um medicamento oral que pode ajudar as pacientes com câncer de mama em estágio avançado, segundo informações divulgadas pela GlaxoSmithKline (GSK), que comercializará o produto. O remédio aumenta o tempo livre da progressão da doença, oferecendo melhor qualidade de vida para quem não teve sucesso com outros tratamentos.
O ditosilato de lapatinibe (comercializado com o nome Tykerb), deve chegar ao mercado brasileiro no primeiro semestre do ano que vem. A terapia alvo-dirigida, que ataca diretamente as células cancerosas, será usada em combinação com um tipo de quimioterápico também oral, o capecitabina (ou Xeloda), nas pacientes que não tiveram sucesso com o uso de outro medicamento, o trastuzumabe (Herceptin).
- O remédio será usado no Brasil para ajudar quem já tentou praticamente todas as medicações sem sucesso. A paciente precisa estar em estágio avançado e apresentar a proteína HER2, que faz com que o câncer de mama entre num processo de proliferação rápida e potencialmente fatal - conta Císio Brandão, médico oncologista e gerente médico da GSK Oncologia. - A medicação bloqueia a produção desta proteína e de outra envolvida no crescimento do tumor, adiando a progressão da doença. De 20% a 30% das pacientes com câncer de mama são positivas com esse tipo de proteína.
Pesquisas realizadas com o ditosilato de lapatinibe mostraram que, em combinação com a capecitabina, a substância interferiu no tempo para a doença progredir em oito meses e meio, em média, ou seja, o dobro do tempo se comparado ao tratamento que usava apenas a capecitabina sem a combinação com o novo medicamento. Até hoje, depois do uso do trastuzumabe combinado a um quimioterápico, a única solução era variar as combinações e aguardar o resultado.
- A terapia diminui os custos globais do tratamento, já que o paciente não precisa se internar para receber a medicação - diz Brandão.
O médico conta que os efeitos colaterais do remédio são controláveis. O principal é diarréia. Segundo Brandão, o preço ainda está sendo negociado com a Anvisa.
Sabrina Rossi, médica da clínica Oncotrat e residente da UFRJ, estuda a ação do medicamento e acredita ser importante a aprovação no Brasil para que os profissionais tenham mais uma alternativa para ajudar quem já estava desacreditado.
- Não há muitos estudos com o remédio finalizados e já disponíveis. Só é indicado para quem já fez mais de uma linha de quimioterapia, porque o resultado ainda não é totalmente comprovado. A droga aumenta o tempo sem o retorno da doença, mas ainda vai ser estudado para aumentar a sobrevida ou para quem operou e não tem a doença em atividade - conta Sabrina.
A médica pondera que, no Brasil, é mais importante que a população tenha acesso a medicações mais baratas e básicas que esta, para tratar a doença em estágio inicial e com cura possível.
- Poucos terão acesso a esse novo remédio. O principal é investir em prevenção, para evitar que a doença avance - completa.
Há alguns estudos em curso no Brasil com o ditosilato de lapatinibe, lançado nos EUA em março deste ano. Uns sugerem que é o primeiro medicamento capaz de tratar metástases cerebrais. Cerca de 10% a 30% dos tumores de mama causam esta complicação. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, cerca de 48 mil mulheres desenvolvem câncer de mama a cada ano.
Fonte: JB Online

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