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sábado, outubro 27, 2007

Corrupção - Jucá nega ser padrinho de diretor da Funasa

Vasconcelo Quadros
Brasília. No dia seguinte à prisão de seu afilhado político em Roraima, na Operação Metástase da Polícia Federal, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, tratou de se defender. Avisou que apenas referendou a indicação de Ramiro José Teixeira e Silva para a coordenação geral da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) em seu Estado. A estatal foi alvo da operação por causa de uma fraude milionária.
Depois da prisão de Ramiro, Jucá telefonou para o presidente da Funasa, Danilo Forte, retirando a indicação de Teixeira. O senador explicou, através de sua assessoria, que não poderia ser responsabilizado por eventuais deslizes praticados por um detentor de cargo público que ele indicou seguindo as regras políticas. Segundo Jucá, o coordenador preso foi indicado por grupos políticos do PMDB de Roraima. Jucá diz que analisou o currículo e confirmou a indicação.
A Polícia Federal libertou ontem um dos 32 preso, José Gilvan de Oliveira, funcionário da Funasa, que aceitou colaborar com as investigações sobre os desvios de R$ 32 milhões do programa de saúde indígena. O delegado Alexandre Ramagem informou ao juiz Helder Barreto, da 1ª Vara da Justiça Federal de Roraima, que Oliveira já havia auxiliado a polícia e que, até ontem à tarde, era o único dos presos que aceitou a prestar declarações. A maioria dos detidos preferiu se calar.
Entre os 35 alvos da Operação Metástase há uma outra pessoa ligada ao grupo político de Jucá, que não havia sido presa até ontem. É o secretário de Saúde de Boa Vista, Nanis Levino, que se encontrava em Brasília e só ontem retornou a Roraima. Nanis é homem de confiança do atual prefeito da capital, Eradilson Sampaio, que era vice-prefeito e assumiu o cargo com a renúncia da mulher de Romero Jucá, Tereza Jucá, para se candidatar, sem sucesso, a uma vaga no Senado ano passado.
Trata-se do mesmo grupo político. Acusado no inquérito e alvo de um mandado de prisão temporária, a situação de Nanis Levino gerou um fato inusitado: ele queria se entregar o mais rápido possível, mas a polícia estava retardando a rendição.
- É preciso harmonizar o ato de apresentação com a agenda do delegado. Estou aguardando a polícia me telefonar para fazer a entrega do meu cliente - disse o advogado Jean Pierre Micheatti, que defende o secretário de saúde.
O advogado afirma que Levino trabalhou só 12 dias na Funasa de Roraima, em 2005, e que desconhece o teor das acusações.
A operação da PF foi desencadeada anteontem investigava há meses o esquema de fraudes em licitações sobre fornecimento de remédios, construção de obras de saneamento e serviços de táxi aéreo às comunidades indígenas de Roraima. A Polícia Federal investigou o caso durante um ano e meio e descobriu que o mesmo grupo de empresários envolvido com os desvios era também suspeito de operar um esquema de transporte para o tráfico de drogas.
Fonte: JB Online

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