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sexta-feira, outubro 05, 2007

Renan afasta Simon e Vasconcelos da CCJ




BRASÍLIA - O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), deu ontem mais uma manifestação de força, ao "expulsar" da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, dois dos maiores críticos da permanência dele no comando do Senado: os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS).

Concretizado por ofício do líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO), datado do dia 3 e lido ontem em plenário, a represália foi acertada na terça-feira, num jantar na casa dele e teve Renan como principal incentivador. Vasconcelos e Simon são representantes históricos do partido.

A vaga do senador do PMDB de Pernambuco será ocupada pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE), principal defensor do presidente do Congresso nos processos de quebra de decoro aos quais ele responde no Conselho de Ética.

No lugar do senador do PMDB do Rio Grande do Sul, com 55 anos de vida pública, ficará um senador sem representatividade, Paulo Duque (PMDB-RJ), que assumiu a vaga com a eleição do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB). A forma como foi lido o requerimento reforça a tese de que a ordem foi mesma de Renan.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) afirmou que estava prestes a encerrar a sessão quando a secretária-geral do Senado, Cláudia Lyra, surpreendeu-o, pedindo que apenas suspendesse os trabalhos por cinco minutos. Trouxe, em seguida, o requerimento, lido com o plenário vazio.

O presidente do Senado estava no gabinete. "Lamento ter sido testemunha deste episódio, é desapontador", afirmou Fortes. O presidente da CCJ, Marco Maciel (DEM-PE), manifestou o protesto com a saída dos "senadores ilustres e operosos", dizendo que nunca, em tempo algum, se viu nada parecido no Senado.

"Minha surpresa é tanto maior quando se sabe que tal procedimento não está em harmonia com as tradições da Casa, caracterizada pelo respeito as opiniões dos parlamentares". Minutos antes da leitura do ofício no plenário, Raupp negou que a idéia estivesse em andamento.

Desforra
Ele disse que estava "analisando, refletindo" sobre a medida "Eu nem ainda conversei com eles, estou fora de Brasília, só retorno amanhã (hoje) para examinar o que fazer", disse. Ainda assim, ele reforçou a idéia de que a desforra contra Simon e Vasconcelos estava em andamento, ao lembrar que eles "nunca votaram contra a bancada, nem nas comissões nem no plenário".

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a crise aumentou. "Ontem (quarta-feira), nos deram um tapa, hoje (ontem), nos deram um golpe, amanhã vão cuspir na gente", sintetizou, ao se referir à situação. Buarque propôs que a oposição abandone todos os cargos nas comissões para mostrar que o governo domina o Senado.

O procedimento dos dirigentes do principal partido da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se compara - ainda que com maior gravidades, uma vez que os senadores continuam no PMDB - ao que o PT fez em 2004, quando a atual presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, foi expulsa do partido.

Simultânea à decisão, o então líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), e a líder da bancada petista, Ideli Salvatti (SC), retomaram a vaga que a senadora ocupava na CCJ. Antes de concretizada os afastamentos, Vasconcelos e Simon achavam difícil a efetivação, apesar de reconhecerem que o Senado chegou a uma situação de degradação em que tudo se tornou possível.

Diante da situação, são unânimes em atribuir a Renan o patrocínio da idéia, como desforra à posição de ambos, diante da insistência em ficar no comando do Senado. "Passei pela ditadura sem ter sofrido uma violência como esta", reagiu Simon.

"Podridão"
Para Vasconcelos, a destituição da CCJ "só agrava a situação de podridão existente na Casa". "Tudo tem limite e isso rompe todos os limites", acrescentou. Simon deixou claro o desprezo por Valdir Raupp, ao admitir que o líder tem razão quando afirma que ele não segue suas ordens.

"Sou senador há 25 anos e ele está no primeiro mandato, votei a vida inteira com a bancada, menos na liderança dele e na do (ex-senador) Ney Suassuna (PB)". O líder do DEM, José Agripino (RN), anunciou que buscará uma saída com os colegas da oposição com relação à decisão da cúpula do PMDB.

"É uma atitude que desfigura o PMDB, é uma atitude pequena, muito pequena". O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) se recusou a acredita na represália até o último minuto. "Se aconteceu é porque está em marcha um processo de total desequilíbrio do PMDB", criticou.

O senador Valter Pereira (PMDB-MS) disse que chegou a aconselhar Raupp a desistir da medida. "São figuras emblemáticas e a decisão não ajudará o partido", constatou.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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