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sexta-feira, junho 02, 2006

A justiça que não é sega!!

Por: Marli Nogueira

"Até quando, ingênuos, amareis a ingenuidade, e vós, zombadores, vos empenhareis na zombaria; e vós, insensatos, odiareis o conhecimento?" (Provérbios, 1:22)
UMA BAITA CRETINICE Um dos mais fabulosos mecanismos da mente humana é a capacidade de acreditar. É com esse mecanismo que aprendemos todas as coisas, desde contar, ler e escrever, adquirir bom senso, até formar uma família e escolher os amigos. Isso é possível porque, ao mesmo tempo em que acreditamos, vamos comprovando que os dados fornecidos coincidem com a verdade: 2 e 2 são realmente 4, b+a é igual a ba, o fogo queima, o escorpião é perigoso, a água se evapora, a pessoa de quem gostamos revela-se digna de amor, os amigos, de plena confiança, e assim por diante. Ocorre que, como todo mecanismo, a capacidade de acreditar também pode servir tanto para o bem quanto para o mal. Servirá para o bem quando os dados fornecidos provierem de pessoas bem intencionadas, autoridades com A maiúsculo (como os bons professores de outrora), que os transmitem com veracidade; e servirá para o mal quando os dados forem repassados de forma errônea, equivocada, com a única intenção de prejudicar o interlocutor enquanto beneficia o emissor em sua vaidade e em seu desejo de ocupar espaço e levar vantagem. Não haverá, nele, a mínima preocupação com a veracidade das afirmações, mas tão-somente com a emissão de palavras bonitas e bem arranjadas, com mera aparência de realidade. Não será, portanto, uma verdadeira autoridade. As verdadeiras autoridades eram, até certo tempo atrás, facilmente reconhecíveis, seja pela logicidade de seus argumentos, seja pelo exemplo que sempre haviam dado ao longo da vida. Ficava fácil, assim, separar o joio do trigo. Seguir os bons ou os maus era, apenas, uma questão de opção. Opção essa, diga-se de passagem, que beneficiava ou prejudicava apenas o optante. Mas o que se percebe, agora, é o fornecimento maciço de dados mentirosos, por meio de um linguajar ilógico, surreal, desvirtuado, que, longe de prejudicar apenas os que "optam" por acreditar neles, acaba por atingir toda a sociedade, tamanha é a falta de autoridades (com A maiúsculo) e, pois, de compromisso com a verdade. Ainda que a História demonstre que a humanidade sempre passou por períodos de graves agitações sociais, causadas por homens em quem não se deveria confiar, continuou havendo, entretanto, uma maioria de pessoas que sabiam perfeitamente bem em quem poderiam confiar, e uma minoria que não conseguia distinguir os bons dos maus. Mas, sendo os homens bons e os homens maus ainda plenamente identificáveis, continuava sendo fácil optar entre o certo e o errado. E essa opção era tanto mais fácil quanto maior fosse o nível de instrução do interlocutor. Percebendo a maravilha desse mecanismo, os homens mal intencionados passaram a utilizá-lo como forma de corromper a mente humana, para, em benefício próprio, inculcar-lhe idéias completamente distorcidas da realidade, à medida que iam, propositadamente, diminuindo-lhe a capacidade intelectiva através de um processo educacional muito aquém do desejável. Criou-se, assim, uma enorme massa de incautos, prontos a acreditar naqueles que, bem vestidos e engravatados, investidos de uma autoridade meramente ocasional e interesseira, falassem mansamente, com ares de certeza. E quando a capacidade de acreditar é corrompida, o juízo se dissolve, o discernimento se anula, a razão se turva. Fica-se, ipso factum, impedido de reconhecer onde está a verdade. À força de tanto ser enganada, a sociedade passou a ser formada de uma imensa maioria de pessoas totalmente ignorantes, prontas para acreditar em quem lhes fale as maiores mentiras do mundo, sejam elas conselhinhos de auto-ajuda ou doutrinas socialistas "milagrosas", desde que ditas de forma pomposa, típica dos demagogos, ou com entonação melíflua, própria dos beatos. Como não se pode mais acreditar no conteúdo - cuja veracidade se tornou cada vez menos comprovável -, a opção se dá, agora, pela forma. Daí a preferência tão obstinada pelo "politicamente correto" e por aqueles que emitem opiniões de forma "democrática", aberta ao "diálogo". E, como cordeirinhos, esses incautos (que se multiplicam em proporção geométrica), crentes de que são, eles próprios, detentores da verdade, passam a repetir, como papagaios bem treinados, as mentiras que lhes vão sendo ditas. É exatamente assim que agem não apenas os atuais políticos (entre eles o nosso presidente), como muitos jornalistas, professores de todos os níveis de ensino, analistas políticos e outros "formadores de opinião". Confiantes na ignorância popular, não se cansam de afirmar que tudo a que vimos assistindo de um ano para cá é pura invenção, que o governo Lula é "o melhor do mundo", que Lula redescobriu o Brasil, que Lula reinventou a roda (como ele próprio, aliás, vive apregoando). E o povo, coitado, crente que está sendo beneficiado por um presidente que, no fundo, não se preocupa minimamente com o seu bem-estar (do povo), mas apenas com o dele próprio (e com o da patuléia que o rodeia), parece mostrar-se disposto a dar-lhe, uma vez mais, o seu voto nas próximas eleições. Não bastasse termos de engolir os misticismos falaciosos em torno do desempenho da nossa economia, da retrógrada política externa brasileira, das reais intenções do MST, das "apurações" e "investigações" de crimes de corrupção praticados diuturnamente em todos os níveis de governo, dos inconfessáveis objetivos do Foro de São Paulo e tudo o mais, agora ainda querem nos enfiar goela adentro a idéia de que o presidente Lula tem, a seu favor, cerca de 45% do eleitorado nas eleições de outubro, colocando-se disparadamente à frente de qualquer opositor. Uma vez mais, a realidade não corrobora o discurso. Em todas as conversas, o que se percebe é exatamente o contrário: pessoas das mais variadas camadas sociais que não toleram a possibilidade de ver Lula reeleito. São taxistas, comerciantes, donas de casa, lixeiros, funcionários públicos, garçons, bancários, faxineiros, corretores de seguros, balconistas, jornaleiros, cabeleireiros e manicures, todos, enfim, visceralmente contra a reeleição do atual presidente. É de se perguntar: onde são feitas as pesquisas? Pelo jeito, dentro dos acampamentos do MST ou entre os integrantes da CUT e da UNE, notórios redutos petistas, que, de forma alguma, representam a maioria dos eleitores brasileiros. Mas vamos e venhamos! Mentir, enganar, camuflar a verdade, dissimulá-la, escamoteá-la, corromper a capacidade humana de acreditar, com o escopo claro e evidente de manter-se no poder eternamente, para tanto utilizando-se do aparato estatal e de sua enorme pressão sobre a imprensa e sobre todas as instituições, é um crime de hediondez horripilante. Sem falar no objetivo - até agora irrevelável - de usar esse poder para fazer do Continente uma nova União Soviética, com a inevitável opressão de nosso povo, que certamente virá depois. Valer-se, para isso, da ingenuidade dos humildes e de todos aqueles a quem, há anos, não se dá uma boa educação, é pior ainda: é, em bom português, uma imensa desonestidade, uma BAITA CRETINICE! *A autora é Juíza do Trabalho em Brasília
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