Por: Carlos Chagas (Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - Apesar da Copa do Mundo, acirra-se a luta política. O Superior Tribunal Eleitoral mandou pedir ao presidente Lula informações sobre os gastos do governo com publicidade, considerados abusivos pelas oposições. O prazo de resposta foi de cinco dias e termina segunda-feira. Também corre na Justiça Eleitoral pedido de providências do PSDB a respeito de estar o presidente fazendo campanha com a ajuda da máquina administrativa, coisa que contraria a lei e, na teoria, pode levar à cassação do futuro registro de sua candidatura.
Claro que só por milagre o TSE chegaria a uma decisão dessas, mas a simples existência do processo eleva a temperatura. Dá a medida das batalhas que serão travadas até outubro. Dificilmente o candidato da oposição colherá benefícios imediatos dessa tertúlia judicial, mas a campanha de Lula poderá sofrer percalços. O programa do PFL, quinta-feira, demonstrou como será a propaganda gratuita, nos sessenta dias anteriores à eleição. Vai valer tudo, a começar pela exibição de cenas externas e imagens ligadas à corrupção atribuída ao PT e ao próprio governo. A recíproca será verdadeira. O governo reagirá à altura. O melhor, para a candidatura Lula seria, por enquanto, a Seleção ir vencendo.
Por quem os foguetes explodem
Ontem não foi feriado. Na teoria, dia de trabalho normal. Na prática, uma sexta-feira comprimida entre as celebrações de Corpus Christi e o fim de semana. Em Brasília, um dia sem maiores atividades no Congresso, no Judiciário e até no Executivo, apesar de o presidente Lula não ter descansado.
Pelo menos de manhã e de tarde, porque, de noite, ninguém é de ferro. A festa de São João, na Granja do Torto, reuniu familiares, amigos, alguns ministros e líderes partidários aliados ao governo. Não terá sido uma festa de arromba, mas uma ocasião para se comemorar as pesquisas e a evidência de que o presidente sairá vitorioso na eleição. Na terça-feira a corte já se reuniu para assistir, no Palácio da Alvorada, à primeira partida do Brasil na Copa. Amanhã, com certeza, acontecerá o mesmo.
Para as oposições e seu candidato, Geraldo Alckmin, o prolongado feriado terá servido para uma análise mais profunda do quadro eleitoral. Do jeito que as coisas andam, não vai dar. É preciso mudar, antes mesmo que comece o período de propaganda eleitoral gratuita, em agosto, quando a munição mais pesada começará a explodir. Preencher essa segunda quinzena de junho e todo o mês de julho, porém, representa um problema. O "alto tucanato" e os "cardeais liberais" continuam pensando...
Resistência
Depois de dias de hesitação, o ex-governador de Brasília, Joaquim Roriz, decidiu-se pela candidatura do ex-ministro Maurício Correia ao governo local, pelo PMDB. Roriz é, inequivocamente, a maior liderança política do Distrito Federal, mas foi surpreendido pelo lançamento de seu antigo parceiro do PFL, deputado José Roberto Arruda, que até apresentou uma chapa fechada, com o senador Paulo Octávio de vice. Arruda lidera as pesquisas, mas tem um flanco exposto.
Anos atrás precisou renunciar ao mandato de senador para não ser cassado, junto com Antônio Carlos Magalhães, envolvidos na violação do painel de votações secretas do Senado. Ficou pior porque, de início, Arruda discursou negando tudo. Até chorou, na tribuna. Essas imagens não deixarão de ganhar as telinhas, quando começar a propaganda eleitoral gratuita.
Correia começa do zero. É respeitado como antigo presidente do Supremo Tribunal Federal, ex-ministro da Justiça no governo Itamar Franco, senador e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Não pode ser subestimado, em especial contando com apoio de Roriz, que se candidata ao Senado.
O PT lançou a deputada distrital Arlete Sampaio, e o PC do B o ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz. A campanha promete, na corte, apesar da decisão do presidente Lula de não se intrometer e nem subir nos palanques locais. Afinal, é hóspede da cidade, qualquer que venha a ser seu governador.
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