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quarta-feira, julho 20, 2022

Novo supertelescópio Webb fotografa Moraes baixando o AI-13, que proíbe discurso do óbvio

Publicado em 20 de julho de 2022 por Tribuna da Internet

Seri/DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra

Charge do Seri (Diário do Grande ABC)

Paulo Polzonoff Jr.
Gazeta do Povo

Queria falar da foto do telescópio espacial James Webb. Queria elaborar algo que rascunhei num comentário ao belo texto do Marcio Campos: o argumento de que, a despeito de todas as tentativas de ciência de provar o contrário, ainda somos especiais. E continuaremos sendo.

Queria, por fim, dizer que vejo nas reações à fotografia uma contradição intrigante: em se tratando de espaço, nos sentimos insignificantes; agora, em se tratando do tempo, toda geração se acha a última bolacha do pacote universal. Queria falar tudo isso. Mas Alexandre de Moraes não deixa.

MORAES SE ACHANDO – Se bem que, pensando bem, até deixa. Porque, admirando o Universo que a razão não compreende, dá para dizer, até com um punhado de poesia, que Alexandre de Moraes personifica a existência circunstancial que infla para além da racionalidade sua importância nessa semirreta melancólica a que damos o nome de “tempo”.

Em outras palavras, isto é, sem poesia, Alexandre de Moraes é o nada tão autocentrado que se considera capaz de deixar uma marca mais longeva do que o Sol neste mundão de meu Deus. Em outras palavras ainda mais simples, Alexandre de Moraes se acha o tal. E talvez até o Tao.

Alexandre de Moraes, que não aparece na fotografia de 4,6 bilhões de anos-luz (dizem) do telescópio, tem um ego com gravidade própria, a ponto de deformar conceitos que os ingênuos achavam que eram estáveis e perenes, como os de liberdade e democracia.

BAIXOU O AI-13 – Alexandre de Moraes acaba de baixar o AI-13 (Alexandrismo Institucional Número 13), de acordo com o qual pessoas que se identificam como “bolsonaristas”, entre elas o filho do presidente Jair Bolsonaro, estão impedidas de divulgarem a notícia de que a facção PT e a facção PCC mantêm uma relação de, digamos, amizade com benefícios. E de que no angu de Celso Daniel ainda tem muito caroço.

Não pode. Está proibido. Tem até multa. Claro que a proibição é incapaz de apagar o conhecimento que já circula pelo éter há boas duas décadas.

A ineficiência da decisão, portanto, é reflexo da bolha intelectualoide-positivista habitada pelos ministros do Supremo, que se consideram poderosos o bastante para, com uma caneta certeira, moldar o que se pensa, apagando o que é conveniente e exaltando o que é útil a seu projeto político. Sim, projeto político.

DELAÇÃO DE VALÉRIO – As notícias, que têm por base – veja só! – a delação premiada do mensaleiro Marcos Valério, delação essa homologada pelo – surpresa! – STF, foram consideradas sabidamente inverídicas por – não me diga! – Alexandre de Moraes.

Mas, se perguntarem, ele jamais reconhecerá que está agindo em prol de um candidato (e que fique bem claro: este candidato é Lula). E virá com meia dúzia de platitudes sobre a democracia estar ameaçada pelas fake news & outros contos que só encontrarão aplausos entre os que estão cegos pela aversão ao outro candidato (e que fique bem claro: este candidato é Jair Bolsonaro).

(Ah, me cutucam aqui para avisar que não se pode falar em “candidato” ainda porque a campanha eleitoral não começou. O certo é “pré-candidato”. Como se, a partir do dia 16 de agosto, quando os pré-candidatos perderem o prefixo do cinismo, alguma mágica fosse acontecer.

PLANETA MORAES – No inalcançável universo próprio do TSE, há planetas onde chovem privilégios e que são habitados por alienígenas de desenho animado, regidos por uma lógica melancolicamente incompreensível).

Voltemos, porém, à foto que causou fascínio nos que acreditam e confirmou a descrença nos ateus.

Mais do que as galáxias dispersas pelo caos, a imagem que me devolve à insignificância, tanto no espaço quanto no tempo, é a dos 11 sujeitos e sujeitas que governam uma porção (ridícula, mas ruidosa) da minha vida. Entre eles, Alexandre de Moraes. Que, se um dia se deparar com o tamanho real da sua pequenez, talvez seja capaz de vislumbrar o mal que causa. Mas quem ousa colocar diante dele um espelho honestíssimo?!

DISSIMULAÇÃO TOGADA – Esse fel que nos irmana num estado permanente de indignação é culpa da dissimulação togada. É culpa do ministro.

É de sua responsabilidade, poeira-cósmica-com-autoestima-hipertrofiada. Que, no afã de “salvar a democracia” e “proteger as instituições”, transformou o Supremo Tribunal Federal e adjacências nisso que a prudência e a pudícia me impedem de dizer o que é.

Mas que digo mesmo assim: um partido de oposição a um governo democraticamente eleito, uma agremiação de semideuses que decerto não conhecem a história de Ícaro, um antro que vendeu a alma na esperança ridícula de se ver reconhecido pelo Universo – este mesmo que não está nem aí para gestos grandiloquentemente estúpidos.

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