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sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Novo mistério! Por que foi demitido o delegado bolsonarista que dirigia a Polícia Federal?

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet

Imagem analisada visualmente

Paulo Maiurino não conseguiu domesticar totalmente a PF

Breno Pires e Daniel Weterman
Estadão

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Maiurino, foi exonerado do cargo, em uma decisão que pegou de surpresa os delegados da corporação. Quarto dirigente da PF no mandato do presidente Jair Bolsonaro em meio a uma sucessão de crises, o delegado havia assumido o cargo em abril de 2021. Em seu lugar, entrará um homem de confiança do atual ministro da Justiça, Anderson Torres, que também é delegado federal.

O novo diretor da PF será o delegado Marcio Nunes de Oliveira, que é amigo do ministro, ingressou na Polícia Federal na mesma geração e ocupava atualmente o cargo de secretário-executivo do Ministério da Justiça. Com o apoio de Bolsonaro, o ministro Anderson Torres deve deixar o posto para disputar eleição ao Senado pelo Distrito Federal.

EDIÇÃO EXTRA – As mudanças foram tornadas públicas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) publicada na tarde desta sexta-feira, 25. A portaria foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, baluarte do Centrão e presidente nacional do Progressistas.

Ainda sem motivo informado, a troca tornará o comando da Polícia Federal mais próximo do ministro da Justiça, Anderson Torres, que, apesar de ser delegado, é bastante político e transita bem no Congresso e é amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro.

Delegados ouvidos reservadamente pelo Estadão disseram que a troca foi inesperada, pois não havia rumores de mudança no cargo. Maiurino ficou apenas dez meses no cargo. Seu antecessor, Rolando Souza, por sua vez, durou onze meses. Agora ex-diretor da Polícia Federal, Maiurino recebeu como “prêmio de consolação” a Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad).

DIZ O MINISTRO – Após as mudanças saírem no Diário Oficial, o ministro da Justiça, Anderson Torres, foi ao Twitter informar que “convidou” Paulo Maiurino para assumir a “relevante função de secretário da Senad”. Na mesma mensagem, disse que o novo diretor-geral da PF, Márcio Nunes, deixa um “grande legado” como secretário-executivo do Ministério da Justiça.

Nos bastidores da Polícia Federal, delegados comentam que a ida de Paulo Maiurino para a Direção-Geral da Polícia Federal foi por uma indicação interna, que o ministro Anderson Torres aceitou. Mas há relatos divergentes sobre o relacionamento entre os dois: parte dos delegados diz que eles eram bem alinhados, outra parte diz que não tinham uma relação próxima.

O novo diretor-geral, porém, é afinadíssimo com Anderson Torres. Márcio Nunes de Oliveira foi superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal e é respeitado dentro da instituição.

A gestão de Paulo Maiurino na Polícia Federal ficará marcada por desentendimentos com delegados. Ele demitiu, por exemplo, o delegado Hugo de Barros Correia da superintendência da corporação em Brasília um dia após ficar sabendo de última hora da realização de uma operação que envolvia aliados bolsonaristas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em tradução simultânea, o que houve foi o seguinte. O Planalto entendeu que o delegado Paulo Maiurino não era servil o suficiente para evitar investigações sobre a família e amigos do presidente da República, conforme o próprio Jair Bolsonaro admitiu na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Aliás, a demissão de Maiurino ocorre exatamente após a divulgação do inquérito contra o chefe do tráfico Isaac Alcolumbre, que vem a ser ex-deputado e primo-irmão do senador Davi Alcolumbre, homem de confiança do Planalto. Mas é claro que se trata de coincidência, porque não há aquela interferência na Polícia Federal que o então ministro Sérgio Moro denunciou depois da reunião ministerial, não é mesmo? (C.N.)

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